No mês de janeiro, a multinacional de e-commerce VTEX anunciou a contratação de Fernanda Weiden, executiva com carreira em grandes empresas de tecnologia, para ocupar o cargo de CTO – um dos mais importantes da empresa. Nada de diferente até aí, com o detalhe que Fernanda está esperando bebê para o próximo mês de abril. “Estava analisando a proposta quando descobri a gravidez e tinha certeza que seria impeditivo, mas não foi”, diz Fernanda, sobre o convite que recebeu do CEO e fundador da companhia.
Trazer grávidas para o quadro de funcionários ainda não é comum, mas já não é tão raro e as empresas começam a se preparar para incluir de fato essas mulheres em seus quadros e evitar situações ainda comuns. De acordo com a pesquisa Maternidade e Mercado de Trabalho, realizada em 2019 pelo portal Vagas.com, 52% das 837 profissionais consultadas afirmaram ter vivido alguma situação constrangedora na empresa em que trabalham ao relatar que estavam grávidas ou ao saírem de licença-maternidade. Entre as principais reclamações estão comentários desagradáveis, demissão e falta de empatia, apesar de a legislação brasileira proteger as gestantes e proibir esse tipo de discriminação.
De acordo com a consultora organizacional e fundadora da Marcon Leadership Consulting, Caroline Marcon, a falta de preparo das organizações para apoiar as gestantes no trabalho pode impactar a saúde emocional e física tanto da profissional grávida quanto do bebê. “O líder não deve assumir que as profissionais gestantes querem carga de trabalho reduzida ou projetos menos desafiadores”, diz Marcon.
Nesse sentido, medidas simples podem melhorar o clima entre a equipe e fazer com que a gestante se sinta incluída e tenha uma boa experiência no trabalho. Confira as dicas de Caroline Marcon para criar um ambiente mais empático, inclusivo e produtivo a essas profissionais.
Oferecer um modelo de trabalho flexível
A consultora afirma que “as gestantes querem manter a performance no trabalho, mas precisam de algumas adaptações” – de horários, por exemplo. Jornadas de trabalho mais flexíveis são ideais para mulheres grávidas, que precisam, entre outros compromissos, ir a consultas médicas com frequência. É importante que os líderes ofereçam às funcionárias a possibilidade de trabalhar remotamente e de forma assíncrona, a fim de reduzir o estresse emocional e manter a produtividade.
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Criar uma rede de apoio às grávidas no trabalho
Uma rede de apoio entre colegas de trabalho e gestores pode impactar – e muito – a saúde emocional da gestante, com a redução no estresse pré-natal e a diminuição da chance de depressão pós-parto. Além disso, pode contribuir para além da saúde mental, auxiliando na recuperação física da mulher. Por isso, facilitar as interações entre os funcionários com atitudes simples, como estabelecer intervalos para um café e conversa, é essencial para manter a conexão entre a mulher grávida e seus colegas, tanto antes do parto quanto após o afastamento.
Preparar a transição para a licença-maternidade
Marcon sugere que a mulher seja incluída nos processos de transição que antecedem a sua licença-maternidade. Para ela, é importante que a própria profissional proponha como será a divisão de atividades e clientes com o seu afastamento, a comunicação sobre as mudanças e escolha uma eventual pessoa para substituí-la temporariamente. “Tudo isso faz com que ela se sinta envolvida e deixa claro que é por um período temporário”, explica a consultora.
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