Como analisar criptomoedas para investir? Veja 3 fatores essenciais

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Elmar Gubisch/Reuters

Criptomoedas costumam contar com propósitos específicos, como a criação de aplicativos ou mundos virtuais, por exemplo

O mercado de criptomoedas está em expansão, e para começar a explorar opções além do bitcoin e do ether, é necessário aprender alguns princípios básicos de análise de criptomoedas. Verificar os fundamentos e métricas desses ativos é uma das maneiras de aumentar as chances de sucesso e evitar cair em golpes.

“A máxima no universo cripto é ‘Do Your Own Research’, ou faça a sua própria pesquisa. Todas as informações estão ao seu alcance, mas você não irá encontrá-las todas compiladas em um único lugar. É preciso ir a fundo”, diz Fabricio Tota, diretor da exchange Mercado Bitcoin

Fundamentos do projeto

Criptomoedas, de maneira geral, são sustentadas por projetos que possuem objetivos para o uso da tecnologia blockchain. O Solana (SOL), por exemplo, foi criado para facilitar a criação de aplicativos descentralizados, enquanto o Decentraland (MANA) visa a construção de um mundo virtual compartilhado.

Segundo analistas consultados pela Forbes, conferir esses projetos e avaliar se eles fazem sentido é o primeiro passo para analisar uma criptomoeda.

“Muitas pessoas possuem a impressão de que o mercado de cripto se resume em moedas, mas, na verdade, ele tem inúmeros modelos de negócios distintos, que podem e devem ser analisados como uma empresa ou um negócio”, diz Orlando Telles, sócio e diretor de research da casa de análise Mercurius Crypto.

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Esses ativos podem apresentar soluções diferentes para um mesmo problema, o que cria um ambiente de concorrência. Para verificar quais são os concorrentes de determinada criptomoeda, a exemplo do bitcoin, uma pesquisa no Google com os termos “bitcoin vs.” irá mostrar algumas opções.

Também existem criptomoedas que não são sustentadas por projetos. Esse é o caso dos ativos baseados em memes, como o dogecoin, que geralmente são mais voláteis e menos promissores do que os demais ativos.

O dogecoin, no entanto, é um caso à parte: no último ano, ele subiu mais de 300%, graças ao apoio do bilionário Elon Musk.

Para aprender mais sobre a proposta de uma criptomoeda, é recomendável analisar o seu whitepaper, um documento público que dá detalhes do projeto e seus objetivos. Telles afirma que o investidor comum consegue interpretar o whitepaper, apesar de existirem algumas versões mais técnicos.

Mas o analista oferece uma dica: “Sugiro que pegue conteúdos voltados para iniciantes para entender a lógica e o funcionamento da estrutura, e só depois evoluir para o whitepaper. Existem inúmeros conteúdos gratuitos de analistas em inglês e português no YouTube que facilitam o entendimento.”

Mesmo com a interpretação correta do whitepaper, é preciso ter cautela: em projetos fraudulentos, muitas vezes o whitepaper é apenas uma cópia do documento de outras criptomoedas. Tota ressalta, porém, que se a criptomoeda está sendo oferecida em uma exchange, isso já é indício de que ela possui algum fundamento.

Governança

Em segundo lugar, é importante analisar quem são as pessoas por trás da criptomoeda, e considerar os seguintes aspectos: alguma delas já trabalhou em um projeto bem-sucedido no passado? Elas são nomes de peso no ecossistema de criptomoedas? Quais são as suas qualificações?

Criptomoedas costumam disponibilizar informações básicas sobre os seus fundadores em seus websites, por exemplo. É isso que faz o Polkadot (DOT), que apresenta o nome de seus três fundadores, junto com um breve resumo sobre as suas experiências e qualificações.

A ausência dessas informações é motivo de cautela para o investidor.

Da mesma forma, vale observar quais são os membros do conselho do projeto e verificar se aquela criptomoeda possui alguma parceria com uma empresa relevante.

Nesse contexto, Tota reforça a cautela necessária para não basear os investimentos em notícias falsas: “O erro mais comum é acreditar em algum tipo de boato, como ‘Disseram que essa vai ser a tecnologia que o Facebook vai adotar’, ou ‘O Google vai usar essa moeda’. É muito comum ouvir coisas assim.”

Nessa hora, é importante buscar fontes confiáveis, como veículos de mídia e sites amplamente conhecidos por observar os princípios do jornalismo profissional.

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O diretor também argumenta que é importante não supervalorizar a capacidade de entrega dos times. Os projetos baseados em blockchain costumam ser bastante complexos, diz ele, e um time comum de desenvolvedores e profissionais de tecnologia talvez não seja capacitado o suficiente para entregar o que promete.

Por isso, as qualificações das pessoas por trás dos projetos também são importantes. Gavin Wood, um dos cofundadores do Polkadot, também foi o cofundador e CTO do Ethereum e atualmente é presidente da Web3 Foundation, por exemplo.

Métricas

Por fim, também é necessário ficar de olho nas métricas quantitativas da criptomoeda. Para Telles, o conceito de “tokenomics” é um dos principais a ser analisado. Segundo o diretor, essa métrica permite que o investidor avalie se um determinado ativo está sendo valorizado na mesma proporção em que ele cria valor. É esse equilíbrio que permite que o ativo seja financeiramente viável.

“Muitos investidores acabam confundindo o tamanho do projeto com a capacidade do token de capturar valor. Por exemplo, vamos ter ecossistemas crescendo, mas o token naquele momento não está capturando valor. Depende muito da estrutura econômica do ativo”, explica Telles.

A capitalização de mercado também não deve ser ignorada. Essa métrica é calculada pela multiplicação do preço do ativo pelo seu volume, e indica se há um grande número de pessoas transacionando a moeda no mercado. Se o índice for baixo, pode ser um sinal de alerta.

De maneira geral, um grande número de transações indica que o ativo possui alta liquidez, o que é algo positivo ao reduzir o spread — ou seja, a diferença do preço entre a compra e a venda — do ativo, bem como a sua volatilidade.

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Mesmo apresentando bons fundamentos e indicadores, porém, as criptomoedas podem não se mostrar bem-sucedidas a longo prazo. “Pode ter um atraso nas entregas, o projeto pode frustrar, pode chegar uma concorrente melhor… É a mesma coisa que ocorre em empresas”, diz Tota.

Por isso, vale a máxima cautela: ao investir em criptomoedas, aporte apenas a quantidade que você está disposto a perder. E se uma proposta parece boa demais para ser verdade, ela provavelmente é.

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