Desde fevereiro de 2021 no comando da Pfizer no Brasil, assumindo um mês depois do início da vacinação no país, a executiva Marta Díez é enfática ao afirmar, em entrevista à Forbes Brasil, o papel da tecnologia e a inovação no desenvolvimento de ferramentas de combate à Covid-19. Para Marta, com outros elementos além da vacina, como os antivirais, por exemplo, o curso natural da pandemia será perder força.
“Os dois últimos anos resgataram o papel da inovação e da saúde. Muitas vezes, não nos damos conta, por exemplo, do quanto o aumento de expectativa de vida se deve aos avanços da tecnologia que obtivemos na área da saúde e que seguiremos conquistando nos próximos anos. Ao enfrentarmos a Covid-19, também ficou claro o papel da ciência para vencer essa batalha. Temos que aproveitar esse momento e manter esse tema em evidência”, destaca.
Forbes: Em entrevista ao O Globo, você comentou sobre a pandemia caminhar para ser cada vez mais leve, quais fatores fazem com que esse cenário seja possível?
Marta Díez: O grande diferencial de hoje na comparação com um ano atrás, sem dúvida, é a vacina. Já é possível observar que as taxas de mortalidade e de casos graves vêm caindo ao redor do mundo, ao mesmo tempo que também podemos notar, em alguns países, os impactos negativos da baixa adesão à vacinação. No Brasil, onde temos uma cultura forte e seguimos com um bom ritmo da imunização contra a Covid-19, fica ainda mais nítida a importância dessa prevenção, inclusive no enfrentamento da Ômicron. Além disso, com as novas ferramentas disponíveis para o combate à pandemia, como os antivirais, o curso natural da pandemia será perder força, mas isso não quer dizer que a doença sumirá completamente, ainda teremos o vírus circulando, porém, aprenderemos a conviver com ele.
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F: A Pfizer esteve globalmente no foco nos últimos anos em função da vacina, como que a empresa estava preparada do ponto de vista de inovação e tecnologia para responder a esse tipo de visibilidade e demanda?
MD: Investimos todos os anos mais de US$ 8 bilhões em pesquisa e desenvolvimento, direcionando nossos recursos para seis áreas terapêuticas: vacinas; inflamação e imunologia, oncologia, doenças raras, hospitalar e medicina interna. De fato, no ano passado e neste ano, por conta da pesquisa da vacina e do antiviral, esse número é bem maior. Com mais de 100 moléculas em estudo, nosso objetivo é levar aos pacientes grandes avanços que mudem suas vidas, focando em necessidades médicas não atendidas. No caso da vacina contra a Covid-19, é importante destacar o benefício da tecnologia que usa RNA mensageiro sintético para auxiliar o organismo a gerar anticorpos contra o vírus, capaz de conferir rapidez para a fabricação do imunizante, quando comparamos às vacinas tradicionais. Já estávamos trabalhando nesta tecnologia com a BioNTech desde 2018 no estudo de uma vacina contra o vírus da influenza, e com a chegada da pandemia, conseguimos redirecionar rapidamente nossos estudos para que essa tecnologia pudesse ajudar no combate ao SARS-COV-2.
F: O que uma empresa como a Pfizer, na linha de frente de uma pandemia, aprende do ponto de vista de gestão e inovação, sobretudo na liderança para com os colaboradores?
MD: Uma grande conquista deste período é a de demonstrar que podemos mudar a vida dos nossos pacientes por meio da ciência. Fazer o impossível se tornar possível é uma tarefa árdua. Motivamos nossos colaboradores a atuar pautados pelo propósito de mudar a vida dos pacientes e de praticar valores sempre com coragem, excelência, equidade e alegria. Além disso, por meio de nosso valor de equidade, queremos atuar para que todos tenham direito à saúde no país. Um exemplo poderoso de nossa capacidade e cultura foi visto na resposta da empresa à pandemia do Covid-19. Investimos mais de US$ 2 bilhões a risco, inspiramos colegas a entregar uma vacina segura e eficaz em apenas oito meses – um processo que normalmente leva de 8 a 10 anos – sem comprometer a qualidade ou a integridade. E um ano depois, continuamos a nos mover na velocidade da ciência, desenvolvendo o primeiro tratamento antiviral oral autorizado pelo FDA para tratar a Covid-19, implementando o mesmo senso de urgência e novas formas de trabalho que tornaram o programa de vacinas tão bem-sucedido. Estamos aplicando muitos desses princípios de “velocidade da luz” a projetos em uma ampla gama de áreas terapêuticas, incluindo câncer, doenças cardiovasculares e condições inflamatórias.
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F: O que os últimos dois anos ensinaram para a indústria e como avançaremos em relação à inovação e tecnologia orientada à saúde?
MD: Esse período resgatou o papel da inovação e da saúde. Muitas vezes, não nos damos conta, por exemplo, do quanto o aumento de expectativa de vida se deve aos avanços da tecnologia que obtivemos na área da saúde e que seguiremos conquistando nos próximos anos. Ao enfrentarmos a Covid-19, também ficou claro o papel da ciência para vencer essa batalha. Temos que aproveitar esse momento e manter esse tema em evidência, valorizando tudo que é feito por médicos, pesquisadores, cientistas e indústrias farmacêuticas para que possamos ter vidas mais felizes e saudáveis. Ao longo de 2020 e 2021, vimos empresas como a nossa ganhar destaque, porque todos se deram conta de que sem saúde não há emprego, não há economia, não há lazer, nem encontros com a família. E, se hoje estamos enfrentando uma pandemia com rapidez e agilidade, isso se deve à ciência de ponta. Importante reforçar que o investimento em saúde é essencial e precisa permanecer nos pós pandemia. Prevenção é chave, não só contra a Covid-19 mas contra outras tantas doenças para as quais temos vacinas e tratamentos seguros e eficazes.
F: O que representa o desafio de liderar uma companhia que exerceu tamanha importância no combate à pandemia?
MD: Acredito que mais do que desafios, tenho grandes oportunidades e a oportunidade única de entender as peculiaridades de um país continental como o Brasil e de contribuir com a saúde de uma população diversa. São muitos “Brasis” dentro de um mesmo país e isso é muito enriquecedor. Tenho também a grande oportunidade de atuar ao lado dos colegas e de diversos públicos – sociedade em geral, governo, médicos, associações de pacientes, entre outros, que estão dedicados a melhorar a saúde dos brasileiros. Como mulher, tenho também a oportunidade de motivar que mais e mais mulheres cheguem a altos postos dentro das corporações, tornando, assim, o ambiente empresarial mais diverso, e de inspirar meninas e mulheres jovens que precisam de referências femininas para motivá-las a alcançar o que elas sonham. Acredito que, todos os dias, tenho a oportunidade de mudar a vida de alguém. Uma pessoa que hoje foi imunizada com nossa vacina contra a Covid-19, por exemplo, teve sua vida impactada pelo trabalho de milhares de pessoas. Ter a chance de fazer parte dessa jornada é um grande privilégio.
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F: A Pfizer protagonizou um case muito interessante utilizando um game para educar sobre a vacina, o quanto essas novas tecnologias são importantes na conscientização do ato de vacinar?
MD: A pandemia acelerou ainda mais a transformação digital, impactou o comportamento dos consumidores e consequentemente a forma como empresas de diferentes setores se relacionam com seus clientes. Esse cenário de mudanças abriu novos caminhos e oportunidades também para o setor farmacêutico. Estamos mudando a maneira com que engajamos os clientes, buscando entregar uma experiência diferenciada. Esta foi a ideia do game: por meio de uma experiência personalizada, lembrar que a vacinação é um pacto coletivo, mas de decisão individual, reforçando a importância do cumprimento do calendário vacinal contra a Covid-19 na vida real e de incentivar a para a retomada das nossas vidas. Acreditamos que instrumentos lúdicos como esse e outros a que a Pfizer recorre em suas ações e campanhas de responsabilidade social ajudam a disseminar, de forma didática e leve, informações importantes que podem ajudar o público na tomada de decisão sobre cuidados com a saúde, como é o caso de se vacinar
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