Milionários brasileiros aderem ao compartilhamento de aeronaves

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Aeronaves da Avantto, que tem mais de 450 usuários ativos

O compartilhamento de aeronaves é a nova tendência entre milionários brasileiros e tem registrado aumento, segundo empresas de aviação executiva. No modelo, o cliente compra uma participação em um helicóptero ou jato executivo, paga uma porcentagem do valor total, divide os custos com os outros proprietários e tem a possibilidade de fazer voos privados em um determinado número de horas por mês.

Entre os motivos para o aumento da procura, estão a possibilidade de diminuição dos gastos, o maior interesse pelo uso e não pela posse dos bens, a regulamentação do setor aprovada pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), que entra em vigor em agosto deste ano e o aquecimento do mercado de capitais em 2021. Mas o gatilho para o crescimento nos últimos anos foi a pandemia, que levou à queda intensa na oferta de voos comerciais.

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As viagens estão mais frequentes para destinos de lazer que costumam atrair o público de alta renda, como o litoral norte e cidades do interior, em São Paulo; Angra dos Reis, Búzios e Paraty, no Rio de Janeiro; cidades do Nordeste, como Trancoso e Salvador, na Bahia; Jericoacoara, no Ceará, e Maceió, em Alagoas, além de Foz doe Iguaçu, no Paraná, e a agitada cidade uruguaia de Punta del Leste.

As empresas de aviação veem uma mudança de comportamento dos clientes em relação ao tempo que passam nestes locais. “Antes, os destinos de lazer eram concorridos nos finais de semana e feriados. Agora, destinos de helicóptero que partem de São Paulo para os condomínios de luxo do interior e do litoral norte se tornaram rotineiros por quem precisa estar nas capitais apenas algumas vezes na semana”, explica Rogerio Andrade, CEO da Avantto.

Entre os mais de 450 usuários ativos, que voam regularmente com a empresa, estão profissionais liberais, grandes empresários, executivos de grandes empresas, celebridades, artistas e esportistas. O público variado tem idade média a partir de 45 anos e patrimônio superior a R$ 30 milhões. Cerca de 35% dos clientes estão listados na Forbes. “Tivemos um aumento de 58% no total de horas voadas no ano de 2021 se comparado com 2020”, afirma Andrade.

O investimento inteligente é uma das principais vantagens. “Tem uma redução de até 95% na aquisição de uma aeronave e de até 90% nos custos fixos. O cliente utiliza a aeronave e reembolsa apenas o custo do voo, compra uma fração e leva toda a frota. Além da eficiência financeira e tributária para os membros do programa de compartilhamento.” A propriedade é compartilhada, mas o uso é exclusivo. “Alguns clientes por opção própria compartilham voos entre si usufruindo ao máximo do conceito de compartilhamento”, afirma o CEO da Avantto.

Os proprietários decidem como será feita a utilização das aeronaves, de acordo com Francisco Lyra, CEO da Amaro Aviation. “Os donos definem entre si a melhor maneira para o uso, conforme as necessidades e a agenda de cada um, arbitrados pela empresa de gestão de programa de compartilhamento, que rateia todos os custos, responde pelo controle operacional da aeronave, controle de manutenção, recrutamento, seleção e treinamento de tripulações, controle de pagamentos de despesas e, naturalmente, o combate a despesas evitáveis.”

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Jato da Amaro Aviation; a companhia tem 3 aeronaves disponíveis para compartilhamento

As viagens a trabalho seguem em alta na Amaro, de acordo com Lyra, para destinos que incluem polos de agronegócio, centros financeiros, centros políticos e de negócios. Cidades do litoral de São Paulo, do Rio de Janeiro e do Nordeste se destacam entre os destinos turísticos, onde os clientes permanecem por mais tempo atualmente. “Graças às novas tecnologias de videoconferência, alguns clientes conseguiram estender suas viagens de lazer incorporando reuniões virtuais sem ter que voltar a seus domicílios.”

O perfil de quem compartilha aeronaves é do usuário que voa com uma frequência grande o suficiente para não ter vantagem financeira no fretamento pontual, mas não tanto que justifique possuir uma aeronave própria, de uso exclusivo, segundo o CEO da Amaro. “Vivemos numa economia colaborativa e de compartilhamento. É natural que empresas modernas e sintonizadas com as tendências mundiais migrem para esse conceito.”

Na Solojet, os principais clientes de aeronaves compartilhadas são empresários de grandes cidades, do agronegócio e artistas. As cotas de 25% da propriedade de um jato Hawker 400 da empresa, que transporta até oito passageiros, começam a partir de US$ 350 mil (cerca de R$ 1,9 milhão na cotação atual).

“Temos visto agora, de forma inovadora, diversos artistas entrando no compartilhamento. Eles têm uma agenda muito intensa, não querem dispor de tempo para gerir uma aeronave e, se possível, economizar. Então cabe muito bem”, explica André Bernstein, CEO da Solojet, que oferece ainda estrutura de manutenção, hangar e importação de peças.

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Aeronave da Solojet, apresentada no lançamento do programa de compartilhamento da empresa no aeroporto de Jundiaí (SP)

Os destinos mais procurados para lazer na companhia atualmente são Trancoso, Foz do Iguaçu, Angra dos Reis e Punta del Este, segundo Bernstein. Salvador e Maceió também se destacaram entre dezembro e janeiro.

“Via de regra, os usuários viajam sozinhos ou com seu grupo. Claro que em casos de eventos onde a demanda é afunilada para o mesmo local, como por exemplo a final da Libertadores em Montevidéu em 2021, há a possibilidade de compartilhar uma aeronave com dois grupos ou indivíduos distintos. Nada melhor do que compartilhar o já compartilhado e ainda reduzir custos”, afirma o CEO da Solojet.

Compartilhamento de voos

Além do modelo de divisão de aeronaves, empresas de aviação executiva também veem o crescimento do compartilhamento de voos. Segundo Paul Malicki, CEO da Flapper, os voos fretados respondem pelo maior faturamento da empresa, mas a linha de negócios que mais cresceu em 2021 foi a de voos compartilhados, conhecidos como “empty leg”.

Um voo de jato fretado na rota São Paulo – Rio de Janeiro custa mais de R$ 20 mil na companhia, por exemplo. O custo do mesmo voo, quando comercializado por assento, é de R$ 1.000 a 1.500 por pessoa. “A economia compartilhada viabiliza um serviço mais acessível”, diz Malicki. Para fazer a viagem, basta ao cliente comprar um assento por aplicativo. Os preços e horários são predefinidos. Os voos são anunciados com dois dias de antecedência em média.

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Interior de jato executivo da Flapper, que viu crescer o número de voos compartilhados

Para Trancoso, por exemplo, a Flapper teve dez voos compartilhados em dezembro de 2019, doze em dezembro de 2020 e mais de 20 no mesmo mês de 2021. “Janeiro de 2022 é o primeiro em que não temos nenhum dia sem voos”, explica Malicki. A empresa tem ainda voos regulares para Angra dos Reis com nove assentos disponíveis.

“Aumentou a procura por cidades fora de grandes centros urbanos. Antigamente, o pessoal trabalhava numa cidade como São Paulo e descansava no litoral. Agora, eles trabalham no interior e só voltam para os grandes centros urbanos quando têm uma reunião. Tudo isso estimula a demanda por transfers de helicópteros. Os clientes costumam ficar no seu destino por muito tempo. Não é mais uma viagem de fim de semana apenas”, afirma o CEO da Flapper.

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