Nesse mundo de trabalho e relações à distância, uma das habilidades que mais foi colocada à prova foi a comunicação. Foi um momento importante para entendermos que se comunicar bem não se limita a saber fazer bom uso da língua portuguesa. É preciso se colocar no lugar do outro, considerar os diferentes pontos de vista, saber adaptar o discurso para os diferentes públicos, tentar decifrar o que o outro está ouvindo e pensando, praticar a escuta ativa e checar o quanto entendemos e fomos compreendidos.
A boa comunicação está em um lugar bem longe das suposições, onde não é fácil se colocar, mas é necessário estar lá, seja você líder ou liderado. É possível desenvolver e treinar essa habilidade lendo livros ou participando de cursos formais sobre o tema. Mas também é possível se tornar melhor nessa arte com algumas boas práticas:
1) Estruture os discursos pensando em quem vai te ouvir
Planeje o que será dito certificando-se o quanto quem vai te ouvir está familiarizado com o tema. Se, por exemplo, você rechear a conversa com termos técnicos ou em inglês no contato com uma pessoa que não está acostumada com essa linguagem, pode ser que o outro, além de não te entender, fique sem graça de pedir esclarecimentos.
2) Escute o que o outro tem a dizer
No livro The Gentle Art of Asking Instead of Telling, o psicólogo Edgar H. Schein escreveu que “a maioria das minhas lições importantes sobre a vida veio do reconhecimento de como outras pessoas, de uma cultura diferente, veem as coisas”. Ou seja, é importante participar de diálogos na posição de quem busca as melhores ideias, a solução mais adequada ou a verdade, sem partir do princípio de que você já possui tudo isso. Procure escutar o outro com a mente aberta, sem fazer interrupções ou suposições. Em um mundo diverso como o que vivemos, todos temos pontos de vista particulares que precisam ser avaliados.
3) Não fuja de conversas difíceis
Pior do que iniciar uma conversa difícil é lidar com as consequências de adiá-la. Isso vale tanto para líderes quanto para liderados. Com bom senso, gentileza e na hora e local certo, diga ao outro o que precisa ser dito. Isso estimula a confiança entre as partes. Principalmente dentro de uma organização, a comunicação escassa e a desinformação tendem a fomentar a fofoca e os conflitos.
4) Diante de assuntos delicados ou complexos, prefira falar diretamente
Mensagens de texto facilitam muito a comunicação, mas, dependendo da forma como for escrita ou do estado de espírito de quem as recebe, as interpretações podem ser variadas. Então, principalmente, se o assunto for delicado ou complexo, prefira transmití-lo em tempo real. Pode ser por meio de uma ligação telefônica, chamada de vídeo ou pessoalmente. Assim, você terá tempo de explanar o seu pensamento, checar o entendimento do outro e aparar possíveis arestas.
5) Certifique-se de que estão te compreendendo
Como cada pessoa tem experiências de vida e referências diferentes, é possível que haja uma lacuna importante entre o que você diz e o que o outro entende. Então, principalmente em conversas mais longas, delicadas ou complexas, certifique-se de que a sua mensagem está sendo bem recebida e o quanto você pode avançar no assunto.
No livro Os Sete Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes, Stephen R. Covey diz que “a maioria das pessoas não escuta com a intenção de compreender, elas ouvem com a intenção de responder”. É isso o que vejo acontecer em situações que poderiam ser resolvidas com uma simples e boa conversa. Não que seja fácil. Mas, certamente, é sempre o caminho mais produtivo e eficiente.
Aqui neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half.
*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar