“Precisamos de Internet e 77% das Áreas Não Têm”, Diz Presidente da Conectar Agro

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O avanço expressivo de tecnologias no agro não tem sido acompanhado pelo crescimento da oferta de conectividade nas áreas agrícolas do país. Embora eles ocorram, há um aumento do gap de conectividade à medida que avança o interesse dos produtores pelo digital. O que fazer? Para onde ir e como agir?

Os dados mais recentes, que devem ser atualizados para 2024 e apresentados nos próximos meses, mostram que apenas 23% das áreas rurais possuem conexão à internet. É o que aponta o Indicador de Conectividade Rural (ICR), realizado pela ConectarAGRO, associação que tem por objetivo viabilizar a internet 4G em todas as áreas rurais do país, fomentando assim a Agricultura 4.0.

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Em entrevista exclusiva para a Forbes Agro, Paola Campiello, presidente da associação que tem entre os seus nomes como TIM, AGCO, CNH Industrial e Amazon Web Services, entre outras, destaca as medidas que poderiam ampliar o acesso à internet, incluindo as políticas públicas. Confira:

O que podemos esperar para a conectividade no agro em 2025?

Há o que esperamos e o que é a realidade. Eu vejo que quanto mais passa o tempo, a gente vê mais as pessoas falando de adoção de tecnologia no campo, como inteligência artificial (IA). Mas, para chegar nesse ponto precisamos de infraestrutura para suportar tais tecnologias. E como ter infraestrutura? Com conectividade. Estamos falando muito de IA nesse momento, mas para isso se tornar realidade, seja no agro ou em outros setores, precisamos de conectividade que tenha uma latência e velocidade boas.

E pra isso aconteça, é necessário ao menos um 4G, um sinal público. Falamos de conectividade, mas ainda há lugares no Brasil que não tem nem energia elétrica. Então, neste ano, a ConectarAGRO está reforçando a necessidade de políticas públicas para alavancar e destravar tecnologias para o agronegócio.

Pode citar uma política pública que poderia ampliar a conectividade no agro?

Hoje pensamos em como conseguir investir em conectividade com recursos públicos. Atualmente, 99% das áreas urbanas já estão conectadas. Mas a maioria das áreas rurais, não. Se formos parar para pensar na densidade territorial do Brasil, vemos que as operadoras de telefonia não conseguem levar a conectividade para todos os lugares.

Uma opção de recurso público é o Fundo de Universalização do Serviço de Telecom (FUST). Ele foi criado nos anos 2000 com objetivo de instalar orelhões na cidade onde não tinha, na época, celular. Ao longo dos anos, vimos as tecnologias se transformando e, hoje, em 2025, ainda tem esse fundo, mas orelhões não. Se existem 77% das áreas agrícolas do país sem conectividade, o FUST poderia ser utilizado para levar conexão a esses locais.

Como o FUST funciona?

O FUST tem o modelo não-reembolsável e o reembolsável, que funciona como um empréstimo, e esse valor é liberado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Nossa ideia é utilizar não-reembolsável para instalar antenas com base em um ranking das áreas rurais que mais precisam de conectividade. Estamos esboçando alguns projetos. Um deles foi em parceria com a Universidade Federal de Viçosa, na Serra do Brigadeiro, em um parque nacional localizado entre os municípios de Araponga e Fervedouro, em Minas Gerais.

Ao redor, existem pequenos produtores rurais de café. Com base nas informações daquele local, avaliamos quantas torres de internet seriam necessárias. Os moradores da região disseram que, em épocas de seca, a Serra do Brigadeiro também sofre muito com incêndios, e com a conectividade, os brigadistas conseguiriam combatê-los mais rápido.

Levamos o projeto para o comitê gestor do FUST em novembro de 2024 e nos disseram que até 2026 esse fundo estava destinado para as escolas, o que é muito importante. Mas não dá para conectar somente a escola. Tem que conectar o aluno que sai da escola rural e vai para a sua casa, e esse trajeto para que a sociedade ao redor também se beneficie. Neste mês, vamos fazer uma reunião com o Ministério das Comunicações sobre essa questão para entender outras políticas disponíveis.

Tomando o custo das antenas, como inserir o pequeno e médio produtor nas ações de conectividade?

O grande produtor consegue investir na instalação de antenas, que custam em média R$ 1 milhão. Mas médio e pequeno só por meio de políticas públicas. E eles, assim como os demais produtores, precisam de tecnologia e conectividade.

Recentemente houve uma alteração nas normas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) que, para uma concessão de um edital acontecer, é obrigatório substituir o Wi-Fi por Wireless nas rodovias. Com isso, as operadoras começam a conectar as rodovias. E aí, se há conexão na rodovia, há conexão para as propriedades pequenas e médias que estão ao redor.

Outro ponto é a questão das operadoras de satélite, principalmente a Starlink, para os pequenos produtores. Os satélites da empresa de Elon Musk oferecem rápida conexão e não dependem de cabos e fibra óptica para levar internet a áreas remotas, apesar de ter baixa cobertura. Antes dela, era muito mais difícil ter conectividade satelital de qualidade.

Como a Conectar Agro e empresas associadas estão trabalhando para levar mais conectividade para o campo?

Nosso primeiro e principal foco em 2025 é alavancar um projeto de fomento. Queremos que órgãos públicos e governos nos conheçam e que tenhamos mais conversas com eles, para que entendam mais a necessidade de conectividade no campo.

Também vamos intensificar as conversas sobre a intersecção de sustentabilidade com conectividade, mostrando que os benefícios vão além do que tanto se fala a todo momento, que é IA, produtividade, etc. Estamos pensando em levar a temática para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP 30), em Belém.

Queremos mostrar que com conectividade também conseguimos ter propriedades mais sustentáveis. Mas para isso precisamos de números, que dependem do desenvolvimento dos nossos projetos.

E em abril sai a atualização do Indicador de Conectividade Rural (ICR) — que mede a conectividade nas áreas rurais e remotas do país, e varia de 0 a 1, sendo que 1 indica o maior nível de conectividade rural. Quanto mais dados tivermos, mapeamos melhor as soluções e projetos.

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