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Profissionais da geração Z que ingressam no mercado de trabalho podem ter um desafio inesperado: competir não apenas com outros candidatos, mas também com algoritmos. Um novo estudo da Hult International Business School mostra que 37% dos gestores preferem investir em soluções de inteligência artificial em vez de contratar recém-formados.
A pesquisa aponta que 98% dos líderes de RH estão enfrentando dificuldades para encontrar talentos, mas 89% evitam contratar profissionais em início de carreira.
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O relatório, que entrevistou 1600 profissionais nos Estados Unidos, também revelou os seguintes dados, de acordo com as respostas dos recém-formados:
77% dos entrevistados da geração Z afirmam que aprenderam mais nos primeiros seis meses no trabalho do que em toda a sua educação universitária de quatro anos;
85% gostariam que a faculdade os tivesse preparado melhor para o mercado de trabalho, especialmente porque a IA agora é considerada um concorrente importante;
87% dizem ter recebido melhor treinamento profissional do empregador do que na graduação;
55% afirmam que sua educação universitária não os preparou em nada para o trabalho.
Por que a IA está na frente da geração Z?
A explicação para a preferência dos gestores pela IA ao invés dos recém-formados está na reputação que a geração Z construiu no ambiente de trabalho.
Como a primeira geração nativa digital, a GenZ traz fluência tecnológica e adaptabilidade para suas funções. No entanto, como funcionários, são frequentemente criticados por falta de resiliência profissional, ética de trabalho e capacidade de lidar com feedback construtivo.
De acordo com uma pesquisa de 2023 da ResumeBuilder, 74% dos gestores consideram os funcionários da geração Z mais difíceis de trabalhar do que outras gerações, citando problemas como falta de independência.
O estudo também revelou que 54% dos profissionais dessa geração são demitidos nos primeiros 90 dias de trabalho. Esse dado destaca as dificuldades que tanto empregadores quanto jovens profissionais enfrentam para se adaptar às expectativas uns dos outros.
Na pesquisa da Hult International, os líderes apontaram as principais razões para sua frustração com a geração Z:
60% acreditam que recém-formados não têm experiência no mundo real;
57% dizem que a geração Z carece de uma mentalidade global;
55% afirmam que a geração Z não sabe trabalhar bem em equipe;
53% acreditam que o treinamento dessa geração é caro;
50% dizem que a geração Z tem pouca etiqueta empresarial.
Enquanto isso, soluções de IA, embora ainda em desenvolvimento, são vistas como econômicas, escaláveis e livres de desafios interpessoais. No entanto, a IA está longe de substituir papéis humanos complexos.
A chave para o sucesso da geração Z
Apesar das críticas, a geração Z possui qualidades que a tornam valiosa na economia atual. Como a primeira geração a crescer com a internet, essa fluência digital torna esses profissionais hábeis em tecnologia, redes sociais e análise de dados. Seu conforto com aprendizado online e ferramentas de trabalho remoto oferece uma vantagem natural em ambientes híbridos. Além disso, a geração Z tende a ser guiada por valores, frequentemente defendendo justiça social, sustentabilidade e diversidade – qualidades que se alinham às metas de responsabilidade social corporativa.
Mas como a geração Z pode se adaptar a esse novo mundo do trabalho, onde a IA é vista tanto como um recurso quanto como uma concorrente? O que os líderes podem fazer para reduzir essa lacuna e garantir que a geração mais jovem da força de trabalho tenha acesso a novas habilidades e oportunidades?
Um dos desafios frequentemente citados é o estilo de comunicação da geração Z. Muitos desenvolveram suas habilidades sociais na internet, profundamente impactados pelo isolamento da pandemia. Não hesitam em compartilhar os mínimos detalhes de suas vidas online, mas a interação presencial pode ser um desafio para alguns.
Segundo uma pesquisa do LinkedIn, um em cada cinco profissionais da geração Z afirma não ter tido uma única conversa direta com alguém com mais de 50 anos no último ano. No entanto, interagir com colegas mais experientes pode ser um grande trunfo na carreira.
Claro, informação está em toda parte (é só perguntar ao ChatGPT). Mas, no mundo corporativo, o verdadeiro aprendizado não vem só de cursos online – ele está na cultura organizacional, transmitida por meio da convivência com colegas mais seniores.
O que a geração Z precisa é de uma das ferramentas mais antigas dos negócios: a conversa. Seja você um recém-formado ou um veterano no mercado, a conexão – e não a automação – é o que muda a história.
Antes de desistir da geração Z e pedir para uma IA assumir seu lugar, considere o poder do diálogo. É possível que a conexão humana seja o primeiro passo para romper estereótipos e reverter essas tendências preocupantes? Para a geração Z – e para todas as outras – a resposta é “sim”.
*Chris Westfall é colaborador da Forbes USA. Ele é autor de livros, escreve sobre a importância da comunicação para a liderança e também é consultor de empresas e empreendedores, ajudando a criar culturas com melhor engajamento e colaboração.
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