Brasil Pode Escapar de Ofensiva Comercial de Trump, Mas Sofrer Efeitos Colaterais

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Poucos países têm sido mais atingidos pela recente alta do dólar e dos rendimentos dos Treasuries do que o Brasil.

Mas o país tem uma vantagem: à medida que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está se preparando para impor tarifas punitivas a muitos dos principais parceiros comerciais dos EUA, é improvável que o Brasil esteja em sua linha de fogo protecionista.

O Brasil não tem superávit comercial com os EUA desde 2007. Entretanto, com sua economia e seus mercados em um momento delicado, o país não pode ser complacente.

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As condições financeiras são as mais rigorosas desde 2016, de acordo com o Goldman Sachs, os rendimentos reais dos títulos acima de 10% são os mais altos em mais de 15 anos, e o real nunca esteve tão fraca.

O Banco Central tem procurado sustentar o real, elevando a taxa Selic em 1 ponto percentual no mês passado e prometendo mais 2 pontos no futuro. O saldo fiscal primário do Brasil é saudável, mas o aumento da carga de juros é um peso para as contas públicas.

O BC também interveio fortemente no mercado de câmbio para apoiar o real, vendendo um total de US$ 32,6 bilhões em dezembro, considerando operações de linha e operações de venda de moeda sem compromisso de recompra.

CASO ESPECIAL

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Por um lado, a posição do Brasil entre os grandes países emergentes é única. Os 20 principais parceiros comerciais dos EUA em 2023 incluíam nove economias emergentes, das quais o Brasil era o único que não exportava mais do que importava, de acordo com dados do governo norte-americano.

Embora o Brasil tenha registrado no ano passado um superávit comercial robusto de US$ 74,6 bilhões, o segundo maior já registrado, sua balança comercial bilateral com os EUA ficou estável. De fato, até o ano passado, o Brasil teve um déficit comercial com os EUA todos os anos desde 2007.

Portanto, Trump não pode alegar que o Brasil está “tirando vantagem” dos EUA ou tratando-o de forma “injusta”, acusações que ele fez a muitos outros países, incluindo Alemanha, Canadá, China, México e outras economias emergentes que têm grandes superávits comerciais com os EUA.

DANOS COLATERAIS

No entanto, há espaço para tensão em várias áreas.

Primeiro, Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não poderiam estar mais distantes ideologicamente, e há um profundo atrito entre Brasília e Elon Musk, o czar da eficiência de Trump, sobre o controle das redes sociais.

O Brasil também já é um alvo dos ataques públicos de Trump, embora indiretamente, quando ele mirou no grupo Brics em novembro por supostamente ter planos de se afastar ou substituir o “poderoso” dólar.

Talvez o mais preocupante seja o fato de que o Brasil poderá sofrer danos colaterais se Trump cumprir suas ameaças de perturbar o comércio global.

Como Elizabeth Johnson, da TS Lombard, aponta, se as tarifas desestabilizarem a economia global – e especialmente se desacelerarem a atividade no maior parceiro comercial do Brasil, a China – “quase certamente” haverá dificuldades para o Brasil no próximo ano.

LIÇÃO DA HISTÓRIA

A experiência do Brasil com o primeiro mandato de Trump oferece motivos tanto para esperança quanto para ansiedade desta vez.

Na primeira Presidência de Trump, as tarifas “olho por olho” levaram Pequim a tomar medidas permanentes para reduzir sua dependência dos produtos agrícolas dos EUA, o que foi uma vantagem para o Brasil.

Em 2016, a China comprou 40% de sua soja importada dos EUA. Nos primeiros 11 meses do ano passado, esse número caiu mais da metade, para 18%. Enquanto isso, a participação do Brasil cresceu de 46% para 74%, de acordo com dados da alfândega chinesa.

Por outro lado, a China poderia ceder a Trump, concordando em aumentar as importações agrícolas dos EUA em troca de tarifas mais baixas. Isso teria um efeito indireto sobre os exportadores brasileiros, justamente no momento em que Brasília espera que o aumento das exportações, devido a uma taxa de câmbio fraca, seja a principal fonte de crescimento este ano.

Há também o risco de que Lula responda aos movimentos de Trump com medidas populistas e protecionistas próprias. A economia dos EUA – e especialmente seus mercados – provavelmente são fortes o suficiente para resistir a um período de distúrbio liderado por Trump. Infelizmente para Lula, é quase certo que a do Brasil não seja.

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