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Tirar um tempo para fugir do redemoinho de afazeres diários, projetos e não pensar em nada, apenas respirar, observar sem julgamentos, viver, é fundamental. No primeiro momento desse “esvaziamento”, o saudável nada que se instala aos poucos vai tomando a mente e o espírito. Fazer absolutamente nada, não pensar em nada parece bobagem, perda de tempo ou até tortura, mas se não largamos mão do que fazemos de tempos em tempos, a gente não respira, se desliga do ciclo da vida, endurecemos e criamos bloqueios, limitando nossa visão sobre a vida. É aí que podem se instalar as doenças físicas e mentais…
Voltando ao relaxamento, aos poucos, o estágio de sábia reflexão vai penetrando a alma e expandindo a visão que temos sobre nós mesmos, sobre a vida, sobre nosso trabalho, sobre nossa comunidade. Tendo dado o necessário hiato após 2024, onde tanto aconteceu, a sinapse (ponto de contato entre uma célula nervosa e outra célula excitável, onde ocorre a transmissão de informações), geradora de minhas ideias sobre a arte acordou do delicioso torpor e refleti a respeito dos prognósticos e das tendências para a Arte em 2025, sempre tendo em mente: Inclusão + Compartilhamento.
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(Entenda, não sou nenhuma futuróloga, mal entendo de astrologia, mas sou sensível, experiente, batalhadora, enfrentei altos e baixos, sou persistente, resiliente, muito observadora e – acima de tudo – amo o que faço).
A seguir, algumas reflexões do que esperar da Arte em 2025:
Engajamento + Interação
Serão cada vez mais relevantes os projetos de arte que abracem várias linguagens da arte e engajam as pessoas, tornando o grupo de observadores interativos e participativos, diferente da arte de apenas observação.
Saberes e Fazeres
Com a rarefação da continuidade das artes artesanais ou saberes e fazeres, como bem chamava a finada Dra. Ruth Cardoso, os saberes manuais se alçam ao universo da arte, vide o que está acontecendo nas artes têxteis, nos bordados, na cerâmica, na cestaria, na vidraria, expressões antes vistas como secundárias, em geral, relegadas a mãos femininas. Não mais.
Natureza
Com profundo respeito à Mãe Natureza, a arte intensifica seu diálogo com o mundo em torno de nós tentando nos alertar, conscientizar e buscar soluções para as questões climáticas, que assolam tantos locais do planeta.
Consumismo
Cada vez mais em alta obras e projetos que lidam com e criticam o excesso, a cacofonia de informações, o desnecessário, a desinformação causada pelo fake news.
Justiça Social
Outro assunto fundamental a ser abordado pelas artes visuais são as reivindicações político-sociais, movimentos sociais de justiça, igualdade para todos, respeito às raças, às etnias, a valorização da terceira idade, a paridade salarial, respeito por todas as formas vivas, e a luta pela Paz deverão se refletir em todas as manifestações artísticas do ser humano.
Etnias
A valorização da cultura das diferentes etnias em extinção, de seus saberes e fazeres, e de sua sabedoria se integrarão cada vez mais às artes e às nossas vidas.
Tecnologia
Claro, sem esquecer a expressão máxima da nossa era: a tecnologia. O avanço da tecnologia, da IA, do videogame e de tantas outras invenções incríveis se integrarão nas expressões visuais trazendo muitas discussões pró e contra, abrindo novas fronteiras da imaginação e nos jogando no admirável mundo novo do futuro.
Retrato
Na era da celebridade, do ego, da eternização da imagem, haverá uma inevitável revalorização dos retratos na fotografia, em desenhos, pinturas, esculturas…
Amor
Em meio à ironia do desencontro na era da comunicação uma das tendências crescentes são as narrativas que enaltecem valores tradicionais de família, do amor, da proteção, da segurança, de afeto, em expressões sérias à linguagens mais “fofas”.
“Glocal”
Os artistas mais incensados serão aqueles que criam arte que impacta um desejo comum a todos. Ou seja, que trabalham o glocal: fusão do local com o global.
Ser Humano
Especialistas prevêem a volta da nova versão da Arte Povera (movimento que surgiu na Itália nos anos 60 e se caracteriza-se pelo uso de materiais simples), de arte que explora as palavras, de arte que explora os sentidos; e de arte produzida por coletivos.
Pensamento maior
Após toda essa reflexão, me vem à mente um dos tantos pensamentos lúcidos da artista plástica Amelia Toledo (1926-2017), minha querida amiga. Este foi publicado no Jornal da Tarde em longa entrevista dada por sua sábia pessoa em setembro de 1999: “O importante é não ter medo de mudar nosso comportamento para que haja uma mudança na consciência individual naquilo que deforma o nosso futuro e o futuro de nossos filhos para, então, formar um pensamento maior”.
Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) cynthiagarciabr@gmail.com
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.
info@nararoesler.art
Instagram: @galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/
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