Mais Uma Vez em Davos: o Que Esperar do Fórum Econômico Mundial 2025

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Hoje retorno a Davos para participar de mais uma edição do Fórum Econômico Mundial, um dos eventos mais importantes do calendário global. Este ano, o tema escolhido, “Colaboração para a Era Inteligente”, reflete perfeitamente o momento em que vivemos: um período de transição tecnológica acelerada, grandes desafios globais e uma crescente polarização geopolítica.

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No entanto, o simbolismo deste dia vai além do Fórum. Enquanto líderes mundiais discutem como navegar pela nova era, Donald Trump toma posse pela segunda vez como presidente dos Estados Unidos, reforçando uma abordagem mais unilateral que contrasta com o espírito colaborativo defendido em Davos.

Estar aqui não é apenas uma oportunidade de aprendizado, mas também um compromisso com a construção de pontes. É uma chance de testemunhar as grandes mudanças que moldam nosso futuro e de participar ativamente do diálogo global que determinará os rumos das próximas décadas.

O Brasil em Davos: um paradoxo que inspira reflexões

Para nós, brasileiros, a edição deste ano traz sentimentos contraditórios. Pela primeira vez, temos a Brazil House na promenade de Davos, um espaço que celebra a força do nosso setor privado. Empresas como BTG Pactual, JHSF, Vale, Ambipar, Gerdau, Be8 e Randoncorp lideraram essa iniciativa, mostrando ao mundo que o Brasil tem muito a oferecer, especialmente no campo da inovação e sustentabilidade.

Por outro lado, a ausência de uma delegação governamental robusta contrasta com o potencial que poderíamos estar explorando aqui. Ao que parece, o único representante oficial do governo brasileiro presente é o ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, que participará de uma apresentação na própria Brazil House com o tema: “Impulsionando a Inovação Verde: Aproveitando as Energias Renováveis do Brasil para Promover o Comércio e o Crescimento Econômico”.

Enquanto países utilizam Davos como uma plataforma para se posicionar estrategicamente, a decisão do Brasil de enviar uma delegação governamental reduzida reflete um desperdício de oportunidade. Em um momento em que sustentabilidade e tecnologia dominam a agenda global, poderíamos estar liderando a discussão em vez de observarmos à margem.

Ainda assim, a Brazil House é um símbolo de resiliência e força do setor privado. Mostra que, mesmo sem o apoio governamental adequado, nossas empresas têm capacidade de ocupar espaços globais, abrir diálogos estratégicos e moldar percepções sobre o Brasil.

O clima em Davos: menos neve, mesma intensidade

Este ano, algo chamou atenção logo à chegada: há muito menos neve cobrindo as montanhas e ruas de Davos em comparação ao ano passado. Mas, se a neve diminuiu, a intensidade do Fórum permanece inabalável. O trânsito continua caótico, com veículos e delegações lotando as ruas da cidade.

O aparato policial segue forte, garantindo a segurança do evento, mas até agora não vi sinais de manifestantes, algo comum em edições anteriores. A atmosfera está concentrada, focada, quase introspectiva. E, como sempre, as conexões começam assim que você pisa na promenade. Não demorou para que eu encontrasse nomes de peso como Gustavo Pimenta, presidente da Vale; o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF; e o empresário Joesley Batista, da JBS. Essas interações espontâneas são parte do que torna Davos tão único.

A sensação de um mundo em transformação

Após algumas conversas paralelas e painéis, ficou claro que o sentimento predominante em Davos é de que o mundo globalizado que tanto se promoveu aqui ao longo das décadas está em vias de desaparecer. O multilateralismo, que sempre foi a espinha dorsal das discussões no Fórum, está sendo substituído por relações bilaterais e interesses nacionais.

Especialistas apostam em um futuro menos integrado, com acordos fragmentados e cooperação mais restrita. Para países como o Brasil, que dependem de cadeias globais de valor, isso representa um desafio significativo. Ao mesmo tempo, é uma oportunidade de demonstrar criatividade e liderança em novas áreas, como energias renováveis e inovação tecnológica.

Colaboração para a Era Inteligente: um chamado ao otimismo construtivo

O tema deste ano, como destacou Klaus Schwab em seu discurso de abertura, propõe um novo tipo de colaboração, pautada pelo avanço da inteligência artificial e outras inovações tecnológicas. Estamos entrando na Era Inteligente, uma fase que promete transformar profundamente a forma como vivemos, trabalhamos e nos conectamos.

A transição, porém, traz riscos imensos. Sem uma colaboração genuína, corremos o perigo de aprofundar divisões sociais e perder confiança nas instituições globais. Schwab defende o otimismo construtivo, e eu não poderia concordar mais. Acreditar no poder da ação coletiva e investir em soluções práticas é o caminho para enfrentar os desafios dessa era.

Estar em Davos é reafirmar o compromisso de não apenas observar, mas participar da construção de um futuro melhor. O Fórum Econômico Mundial é um palco onde as ideias se transformam em ações, e onde líderes se encontram para moldar os rumos do mundo.

O Brasil tem uma escolha a fazer: ser um espectador passivo nesse novo cenário global ou assumir a liderança que merece. Precisamos mostrar ao mundo que somos um país inovador, resiliente e pronto para a Era Inteligente.

A jornada começou, e eu sigo acreditando no nosso potencial – e, acima de tudo, na capacidade de colaboração para melhorar o estado do mundo.

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