Como as Principais Propostas Econômicas de Trump Afetam o Brasil

  • Post author:
  • Reading time:7 mins read

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

 

Nesta segunda-feira (20), o republicano Donald Trump toma posse da presidência dos Estados Unidos. Desde a sua primeira candidatura, em 2016, suas pautas pouco mudaram. O novo presidente eleito — e bastante familiar — se mantém fiel ao lema “America First” (América em primeiro lugar, em tradução livre), à política de baixa tolerância aos imigrantes ilegais que vivem no país e à defesa da economia americana, em meio a um contexto de polarização no país e no mundo.

Na disputa contra Kamala Harris, do Partido Democrata, o republicano conquistou a vitória com uma vantagem de apenas 1 ponto percentual (49,8% contra 48,3% de Harris), mas se consagrou em 312 estados do Colégio Eleitoral, inclusive nos considerados chave, como Carolina do Norte, Pensilvânia, Arizona, Michigan, Wisconsin e Nevada, enquanto a democrata, em 226. Até o fim das eleições, as projeções mostravam uma disputa acirrada, com os candidatos oscilando na ponta.

Leia também

Forbes Agro

Quem é a Mulher Que Vai Comandar o Agro dos EUA para Trump

Forbes Money

Como Um Ex-bilionário se Tornou Um dos Senadores Americanos Mais Pobres do País

Forbes Money

5 Passos para Uma Aposentadoria Tranquila

Em termos globais, de 2021 (ano em que o mandato de Trump terminou, após a derrota para Joe Biden, do Partido Democrata) para cá, muita coisa mudou. A pandemia de covid-19 acabou, mas  duas grandes guerras eclodirem. A primeira, na Ucrânia, em fevereiro de 2022, e a segunda, a Guerra em Gaza, em outubro de 2023. Os conflitos encareceram commodities e produtos manufaturados, além de colocarem em evidência que vivemos o maior desafio diplomático desde a Segunda Guerra Mundial.

Agora, em sua retomada, Donald Trump promete colocar os interesses americanos em primeiro lugar, com o seu slogan “Make America Great Again” (Torne a América Grande Novo). A tendência é que já em seu primeiro dia de trabalho medidas contra imigrantes e taxações de produtos estrangeiros estejam na pauta.

Veja quais são as principais propostas econômicas do presidente eleito e como elas podem impactar o Brasil.

O que Trump Defende

Durante todas as suas corridas presidenciais, Donald Trump sempre deixou claro seus desejos para a economia americana, embora não tenha deixado tão evidente como faria isso ou levado em consideração se era algo viável. De maneira suscinta, o republicano desejar impulsionar economicamente seu país, proteger a indústria nacional e reduzir o déficit comercial. Medidas que, se levadas ao extremo, podem gerar uma nova onde inflacionária nos Estados Unidos.

Cortes de impostos: o presidente eleito deseja retomar o seu programa de redução de juros, implementado em 2017, o “Tax Cuts and Jobs Acts”. Segundo ele, esses cortes teriam como intuito aliviar o bolso da classe média, o que simplificaria o sistema tributário e impulsionaria a economia. Ele também almeja reduzir o imposto corporativo de 21% para 15% para empresas que têm sua produção no território americano. Já Gorjetas e benefícios da Previdência Social sequer teriam cobranças tributárias.
Taxas de Importação: Trump defende aumentar o imposto sobre importação, que podem variar entre 10% a 20% sobre o valor do produto. Esse número pode subir para 60%, caso seja de procedência chinesa. No final de 2024, ele ainda ameaçou taxar em 100% os países do Brics, caso países desdolarizassem o comércio entre eles. O grupo é formado por membros permanentes, Brasil, Índia, China, África do Sul, e os membros plenos Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos. Para dar conta de toda essa arrecadação, o republicano ainda quer criar um serviço de receita externa. As medidas poderiam dar mais espaço a produtos de origem americana, mas diminuir o poder de compra dos cidadãos.
Limite de juros para cartão de crédito: no mês de setembro, o então candidato afirmou que limitaria a taxa de juros de cartão de crédito a 10%. Segundo ele, seria uma forma de ajudar a classe trabalhadora.
Produção de energia: Donald Trump defende expandir a produção de energia no país e ter novas perfurações no Ártico para extrair petróleo para diminuir os custos de produção.
Diminuição dos gastos públicos: com Elon Musk no comando da comissão de eficiência governamental, o republicano prometeu eliminar fraudes em até seis meses. Complementarmente, ele deseja aumentar o limite do SALT, espécie de imposto estadual e local, algo que é controverso até para os republicanos, pois o benefício seria especialmente para os mais ricos.

Para Enrico Cozzolino, sócio e head de análises da Levante Investimentos, a alta taxação de produtos chineses seria algo inviável. “Não há como fazer isso com todos os produtos, a tendência é que seja algo pontual”.

E o Brasil?

Há o entendimento de que as propostas de Trump podem afetar o país tanto positivamente quanto negativamente. Na avaliação de Cozzolino, as promessas do presidente eleito certamente impactarão no preço do dólar, que deve se fortalecer, e repercutir no Brasil, desvalorizando o real. Outro ponto levantado por ele é a questão diplomática em um eventual embate entre os países.

Fabio Louzada, economista, planejador financeiro e fundador da Eu me banco, avalia que o fortalecimento da moeda americana pode gerar “pressões inflacionárias, pois muitos insumos e bens de consumo são cotados em dólar”. Isso incluí até mesmo alimentos que fazem parte da cesta básica, como o trigo.

“Por outro lado, há fatores benéficos também. Nessa ‘briga’ entre EUA e China, que são grandes potências, essa pode ser uma boa oportunidade para o Brasil, especialmente na exportação de commodities”, ponderou o sócio e head da Levante.

Caso alguma retaliação ao país asiático comece a valer, é possível que Pequim tente diversificar suas fontes de importação e uma delas pode ser o Brasil, que já é um grande parceiro econômico do país. Outra possibilidade é aumentar o investimento financeiro da China no território brasileiro, como forma de ampliar o seu comércio.

Há também quem acredite que as exportações para os Estados Unidos podem crescer. ” Com a desaceleração da China, que está dependendo cada vez mais de estímulos econômicos para manter a economia crescendo em ritmo acelerado, e o fortalecimento da economia americana é possível que nossas exportações para os EUA cresçam”, observa Marcello Carvalho, economista da WIT Invest.

Ele pondera que, caso o país norte americano consiga ser menos dependente do óleo e gás nacional do mercado externo, o cenário pode não ser tão promissor para empresas como a Petrobras.

Ainda falando em tarifas, se elas realmente vierem a ser implementadas, a maior economia do mundo não irá escapar de pressões inflacionárias que obrigarão o Federal Reserve a elevar os juros no país. Se isso acontecer, os ativos brasileiros perdem atratividade, já que será possível investir em opções mais seguras com um rendimento maior sem sair dos Estados Unidos.

Escolhas do editor

Escolhas do editor

Trump Lança Criptomoeda e Movimenta US$ 5 Bilhões em Menos de 24 Horas

Escolhas do editor

Ronaldo Lemos: “Coleta da Íris é Só Uma Dentre Várias Biometrias”

Escolhas do editor

Startup Que Escaneia Íris por R$ 750 Entra na Mira do Governo

O post Como as Principais Propostas Econômicas de Trump Afetam o Brasil apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Deixe um comentário