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Astrônomos utilizando o Telescópio Espacial James Webb (JWST) revelaram mais de 40 estrelas individuais em uma galáxia a 6,5 bilhões de anos-luz da Via Láctea — a meio caminho do início do universo. É o maior número de estrelas individuais já detectado no universo distante.
A imagem única, que aproveita a alta resolução óptica do JWST, só foi possível porque a luz das estrelas foi ampliada por um enorme aglomerado de galáxias à sua frente, chamado Abell 370.
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Lente Gravitacional
Essa técnica, conhecida como lente gravitacional — também chamada de “anel de Einstein” por ter sido prevista pelo famoso cientista Albert Einstein — funciona quando o campo gravitacional de um objeto em primeiro plano distorce o espaço ao seu redor. A luz de um objeto atrás dele é dobrada em anéis ou arcos circulares, revelando algo no plano de fundo e, crucialmente, ampliando-o em fatores de centenas ou até milhares. Neste caso, um arco foi visível e foi apelidado de “Arco do Dragão”.
Os resultados foram publicados em um artigo na revista Nature Astronomy por cientistas do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian, em Cambridge, Massachusetts. Um comunicado de imprensa que acompanha o artigo descreveu o feito como “um pouco como apontar um par de binóculos para a Lua na esperança de distinguir grãos individuais de poeira dentro de suas crateras.”
Descoberta Revolucionária
“Essa descoberta revolucionária demonstra, pela primeira vez, que é possível estudar grandes números de estrelas individuais em uma galáxia distante,” disse Fengwu Sun, pesquisador pós-doutorado e coautor do artigo. “Enquanto estudos anteriores com o Telescópio Espacial Hubble encontraram cerca de sete estrelas, agora temos a capacidade de resolver estrelas que antes estavam fora do nosso alcance.”
Astrônomos não esperavam observar estrelas individuais em galáxias situadas a meio caminho do universo observável. Contudo, esse feito não é apenas um recorde: os cientistas esperam que ele também ajude a entender melhor a chamada matéria escura.
A matéria escura refere-se a partículas hipotéticas indetectáveis, que são invisíveis. Acredita-se que elas compõem cerca de 85% de toda a matéria do universo. Apesar de interagirem com a gravidade, essas partículas não absorvem, refletem ou emitem luz ou energia. “Observar mais estrelas individuais também nos ajudará a entender melhor a matéria escura no plano de lente dessas galáxias e estrelas, o que não podíamos fazer antes com apenas um punhado de estrelas individuais observadas,” explicou Sun.
Estrelas Supergigantes Vermelhas
Muitas das estrelas no Arco do Dragão são supergigantes vermelhas, semelhantes a Betelgeuse, na constelação de Órion, e Aldebarã, em Touro, ambas visíveis no céu oriental logo após o pôr do sol. A detecção foi possível graças à sensibilidade do JWST à luz infravermelha.
“Sabemos mais sobre supergigantes vermelhas em nossa vizinhança galáctica local porque elas estão mais próximas, e podemos capturar melhores imagens e espectros, e às vezes até resolver as estrelas,” disse Sun. “Podemos usar o conhecimento obtido ao estudar supergigantes vermelhas no universo local para interpretar o que acontece a seguir com elas em épocas tão iniciais da formação de galáxias em estudos futuros.”
Espera-se que a descoberta marcante do JWST seja seguida por mais observações de estrelas ampliadas na galáxia do Arco do Dragão e em outras galáxias distantes.
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