CES 2025: O Que o Agro Tem a Ver Com a Consumer Electronics Show

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Começou no dia 7 e termina amanhã (10), a CES 2025 – Consumer Electronics Show 2025,  em Las Vegas, Estados Unidos. Mas o que ela tem a ver com o agro? A CES é uma das maiores e mais influentes feiras de tecnologia do mundo, organizada pela Consumer Technology Association (CTA). O evento reúne empresas, startups, pesquisadores e líderes da indústria de tecnologia para apresentar inovações e tendências que prometem moldar o futuro.

Embora tradicionalmente associado a produtos de consumo, como eletrônicos, smartphones e dispositivos de entretenimento, a CES tem ampliado seu alcance para incluir setores como saúde, mobilidade, inteligência artificial (IA), sustentabilidade e, mais recentemente, a agrotecnologia. Na edição CES 2025, a presença de soluções tecnológicas voltadas para agricultura e pecuária sustentáveis e o uso de IA na produção é um destaque de grande interesse porque há uma onda emergente na abordagem do setor produtivo de alimentos e energia.

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São diversas as empresas representadas por seus países de origem no piso da convenção para demonstrar como estão se tornando líderes no movimento de agrotecnologia, especialmente na forma de implementar a inteligência artificial (IA) para cultivar de forma mais eficiente. Confira algumas delas no CES 2025:

Airfarm

Divulgação

Estande da Airfarm na CES

A Airfarm é vencedora do CES Innovation Award pelo segundo ano consecutivo. Este ano, foi premiada na categoria de tecnologia alimentar e agrícola, enquanto no ano passado foi reconhecida na categoria de segurança humana. Como o nome sugere, a Airfarm é uma fazenda inflável e aeropônica de ambiente interno. Ela está disponível em dois tamanhos: uma Airfarm de 10 pés, usada principalmente para educação, pesquisa e uso doméstico, e uma Airfarm de 20 pés, projetada para quem planeja vender suas colheitas. A estrutura chega desinflada e inclui uma bomba que infla a fazenda em três a quatro horas, ficando pronta para o cultivo imediatamente.

Sein Kwon, chefe de negócios, explica que Midbar, nome da empresa coreana que fabrica a Airfarm, significa “deserto” em hebraico. O produto começou a ser testado no Oriente Médio, mais especificamente na Universidade de Abu Dhabi, uma região onde a empresa acredita que pode causar um grande impacto. Um sistema de bicos no ambiente controlado pulveriza as raízes das plantas. Apesar da névoa, a Airfarm afirma reduzir em 90% o uso de água em comparação com outras fazendas verticais. Como é aeropônica, acredita-se que as raízes respirem melhor, já que ficam suspensas. O sistema de visão por IA coleta dados como temperatura, umidade e outros controles ambientais.

O objetivo geral é viabilizar o cultivo de safras em áreas onde isso é geralmente impossível por causa do clima, ou onde pode se tornar inviável no futuro em função das mudanças climáticas. A Airfarm é capaz de simular qualquer clima necessário em qualquer época do ano. Em vez de algumas colheitas anuais, ela permite crescer e colher dezenas de vezes por ano, já que as estações climáticas não importam dentro da Airfarm. A Midbar está trabalhando para comercializar a Airfarm em outras regiões do mundo, incluindo os Estados Unidos, especialmente em áreas mais frias, onde a agricultura é mais difícil ao longo do ano.

Urban Ponics

Depois de viver na Venezuela por 20 anos, Laurens Trebes e seu filho Johannes, originários dos Países Baixos, foram inspirados a criar uma empresa que pudesse imitar a névoa do dossel da floresta tropical. A Urban Ponics é um ambiente aeropônico semi-controlado, mas a empresa afirma ir além da aeroponia, entrando no que chamam de “mistponia” (névoa aeropônica). Eles obtêm minerais de locais como o Great Salt Lake e removem o cloreto de sódio para criar uma névoa rica em nutrientes que permeia o ambiente, permitindo que as culturas floresçam.

Atualmente, a empresa está colaborando com cerca de 20 agricultores que operam em ambientes excessivamente áridos ou úmidos, como desertos e áreas tropicais. O ambiente semi-controlado permite que os produtores cultivem o que quiserem internamente. Não é totalmente controlado, porque utiliza luz solar natural, sendo Las Vegas um exemplo de região que poderia se beneficiar com a Urban Ponics. A tecnologia coleta dados do ecossistema para entender melhor como controlar a névoa, diferenciando-se da agricultura vertical por consumir menos energia. É uma forma de trazer a agricultura para áreas urbanas e ambientes adversos. Além do contêiner, os compradores também recebem a solução rica em nutrientes que permeia o ecossistema.

Rowain

Divulgação

Ecossistema de agricultura vertical integrado à IA da Rowain

A Rowain desenvolveu o que chama de “Intellifarm,” uma fazenda inteligente que usa IA para cultivar alimentos, da semente ao ponto para o consumo em apenas 30 dias. Atualmente em fase inicial, a empresa coreana de dois anos está produzindo apenas alface, mas em breve expandirá para qualquer tipo de cultivo, já que o ambiente controlado permite isso. Utilizando hidroponia em um sistema de agricultura vertical, a IA é capaz de organizar duas toneladas de alface nas prateleiras e controlar a quantidade de nutrientes que recebem. Um ventilador em cada andar controla o fluxo de ar, enquanto tubos de CO2 percorrem cada nível.

O fundador e CEO, Lee Kyeongha, possui doutorado em Robótica. Parte de sua motivação para criar a Rowain foi o fato de que menos pessoas das gerações mais jovens estão ingressando na agricultura. A Rowain reduz a necessidade de interação humana, solucionando a escassez de mão de obra e tornando o setor mais atrativo para jovens. Além disso, a interação humana aumenta os riscos de contaminação e recalls de alimentos, algo que o sistema de IA minimiza, resultando em menos desperdício. A empresa está se preparando para introduzir um sistema de vigilância por vídeo gerado por IA em seu ecossistema, permitindo que agricultores de regiões remotas cultivem localmente qualquer tipo de alimento.

John Deere

Uma das maiores fabricantes globais de máquinas e implementos, a norte-americana John Deere tem investido fortemente em tecnologia agrícola de ponta, como veículos autônomos, sensores, mapeamento de solo, gestão de dados e drones. Suas soluções visam ajudar agricultores a maximizar a produtividade, reduzir desperdícios e adotar práticas mais sustentáveis.

Ela tem investido na integração de inteligência artificial (IA), conectividade e automação em suas máquinas. Um exemplo é o seu trator 9RX, projetado para operações agrícolas de larga escala, com kit de autonomia de segunda geração, que combina visão computacional e inteligência artificial. Tem 16 câmeras individuais e elimina a necessidade de um operador na cabine.

Entre os autônomos, também investe nas máquinas para culturas especiais, como os pomares de frutas. Além disso, mira a eletrificação dos tratores e o gerenciamento remoto total. Novas máquinas têm sido oferecidas com motor diesel, mas os eletrificados já estão a caminho.

Nanomik

Divulgação

Sistema de geração de microencapsulamento Nanomik

Sabendo que óleo e água não se misturam, a empresa turca Nanomik criou uma fórmula proprietária que bioencapsula óleos naturais benéficos, permitindo sua aplicação em culturas. O spray cria pequenas esferas que aderem e são absorvidas pelas plantas, oferecendo estabilização extra, mesmo contra a chuva. Os óleos são provenientes, principalmente, de plantas como tomilho, tea tree e laranja.

Os cofundadores, o doutor Buse Berber Orcen e Arda Orcen, afirmam ter criado o primeiro sistema de microencapsulação do mundo, patenteado pela empresa. Atualmente, o Nanomik é utilizado apenas na Turquia, mas está em negociações com a Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA). A tecnologia promete eficácia de 95%, muito superior a biopesticidas sem biocapsulação.

Farm Fleet

A Farm Fleet conecta agricultores com drones para pulverização de pesticidas em campos. Fundada na Ucrânia, um dos líderes globais em tecnologia de drones, a empresa utiliza drones grandes que economizam recursos ao coletar dados de difícil alcance. Esses drones minimizam desperdícios e podem trabalhar à noite, protegendo humanos e polinizadores.

Andrew Watman é colaborador da Forbes EUA, jornalista especializado em inovação na indústria de alimentos e bebidas, cobrindo temas como agricultura sustentável e tecnologias emergentes. Também escreve sobre restaurantes de Los Angeles para o Eater LA e responde pelos gadgets de cozinha para a Wired. (traduzido e adaptado pela Forbes Brasil)

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