Liderança Feminina Perde Espaço nos Bastidores de Hollywood

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A presença de mulheres por trás das câmeras dos filmes de maior sucesso de 2024 permaneceu baixa, de acordo com um novo relatório. No ano passado, 70% dos longas de maior bilheteria nos Estados Unidos tinham dez ou mais homens em cargos-chave nos bastidores, enquanto apenas 8% apresentavam a mesma proporção de mulheres.

O relatório, assinado por Martha Lauzen, diretora executiva do Center for the Study of Women in Television and Film da San Diego State University, analisou os 250 filmes de maior bilheteria de 2024. Nos últimos 27 anos, Lauzen observou mais de 85 mil créditos de filmes para determinar a proporção de mulheres em posições de liderança nessa indústria. A principal conclusão da última pesquisa é que o progresso feminino nos bastidores estagnou.

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Os dados refletem um retrocesso da participação feminina em cargos de diretores, roteiristas, produtores, produtores executivos, editores e diretores de fotografia. Em 2021, as mulheres alcançaram um pico, sendo responsáveis por 25% dessas posições nos filmes de maior bilheteria. Mas, em 2024, essa porcentagem caiu para 23%. O declínio mais notável foi entre as diretoras: mulheres dirigiram 18% dos filmes de maior bilheteria em 2018 e 2022, mas esse número caiu para 16% em 2024.

Curiosamente, vários filmes no ano passado apresentaram diretoras como personagens, evidenciando estereótipos que as mulheres enfrentam nesse papel. As representações revelam suposições sobre a capacidade das mulheres de dirigir e liderar no set, frequentemente retratando as diretoras como menos competentes ou excessivamente frágeis. “Os sinais de como imaginamos mulheres que dirigem estavam plenamente visíveis, quando vários filmes retrataram mulheres nesse papel, como ‘O Dublê’, ‘Tudo em Família’ e ‘MaXXXine’”, diz Lauzen no relatório.

“Nessas narrativas, as diretoras fictícias precisavam ser salvas, precisavam de ajuda para traduzir suas orientações para um ator que literalmente falava outro idioma, ou eram retratadas como tão frágeis diante de oportunidades futuras que eram vistas como difíceis de trabalhar. Todas essas representações ofereceram um teste de Rorschach sobre como enxergamos as mulheres nessas posições de liderança”, acrescenta Lauzen. Os três filmes mencionados por ela foram dirigidos por homens.

Mulheres no cinema: uma sobe e puxa a outra

Se há boas notícias no relatório, é a evidência de que mulheres estão ajudando outras mulheres. Projetos com pelo menos uma diretora tiveram um aumento expressivo na participação feminina em papéis criativos importantes, comparados aos liderados exclusivamente por homens. Em filmes dirigidos por mulheres, 52% dos roteiristas eram mulheres – um salto impressionante em relação aos 12% em projetos dirigidos por homens.

As salas de edição seguiram a mesma tendência, com mulheres representando 27% dos editores nesses sets, contra apenas 17% sob liderança masculina. E na cinematografia – uma área notoriamente dominada por homens – a proporção feminina chegou a 34% entre diretores de fotografia em filmes dirigidos por mulheres, bem acima dos 5% em produções masculinas.

Enquanto as mulheres representaram apenas 9% das compositoras que fizeram as trilhas sonoras dos 250 filmes de maior bilheteria e 7% nos 100 primeiros, os longas dirigidos por mulheres mostraram uma mudança promissora: elas foram responsáveis por 14% das trilhas sonoras, o dobro dos 7% em filmes dirigidos por homens.

Ter mulheres na cadeira de direção claramente gera efeitos em cadeia que atraem mais mulheres para posições de destaque em todo o processo de produção cinematográfica. Além de apoiar outras mulheres na indústria, diretoras podem trazer experiências, perspectivas e abordagens novas para o cinema.

Em 2024, uma série de filmes notáveis foi dirigida por mulheres. “Mulheres dirigiram e escreveram alguns dos filmes mais comentados de 2024, como ‘A Substância’ e ‘Babygirl’. Mas suas diretoras, Coralie Fargeat e Halina Reijn, ainda são exceções, não a regra”, diz a diretora executiva. “Os sucessos impressionantes alcançados por diretoras como Greta Gerwig, Jane Campion e Chloé Zhao nos últimos anos não se traduziram em oportunidades para um número maior de mulheres. A visibilidade de poucas não gerou emprego para muitas.”

*Kim Elsesser é colaboradora sênior da Forbes USA. Ela é especialista em vieses inconscientes de gênero e professora de gênero na UCLA (Universidade da Califórnia em Los Angeles).

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