A Espanhola a Quem Gabriel García Márquez Dedicou “Cem Anos de Solidão”

  • Post author:
  • Reading time:4 mins read

Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.

Com a estreia na Netflix da minissérie de 16 episódios baseada no livro “Cem Anos de Solidão”, de Gabriel García Márquez, lembramos de María Luisa Elío, a espanhola a quem Gabo dedicou sua obra-prima.

Quando, na escola, me obrigaram a ler “Cem Anos de Solidão”, comecei com o mesmo entusiasmo com que qualquer adolescente encara algo imposto. Contra todas as expectativas, devorei o livro. Embora não me lembre, provavelmente li a dedicatória: “A Jomí García Ascot e María Luisa Elío”. E, também, é provável que aqueles nomes não me dissessem nada na época.

Leia também

Forbes Mulher

Aos 93, Ruth Rocha Fecha Contrato até Seus 108 Anos

Escolhas do editor

Clarice Lispector: 10 Frases Que Desafiam a Percepção da Vida

Escolhas do editor

10 Obras de Gabriel García Márquez que Todos Deveriam Ler

O destino quis que, muitos anos depois, graças à escritora Soledad Fox Maura, eu conhecesse o filho de Jomí e María Luisa durante um jantar em sua casa. Diego Elío cresceu junto à família de Gabriel García Márquez, vencedor do Nobel de Literatura, e ainda hoje mantém uma duradoura amizade com Gonzalo e Rodrigo, os filhos de Gabo. Foi Diego quem, alguns anos atrás, decidiu impulsionar a publicação de “Tiempo de llorar” (editora Renacimiento), que reúne as obras de sua mãe. Apesar de seu talento, não é de se surpreender que María Luisa nunca tenha tido o mesmo reconhecimento que os homens de sua geração.

Nascida em Pamplona, na Espanha, María Luisa fugiu da Guerra Civil aos 10 anos, passando por Paris, onde foi acolhida durante alguns meses no castelo do conde francês Hubert de Monbrison e sua esposa, a princesa Teodora da Rússia. Terminou exilada no México, para onde foi com os pais e suas duas irmãs.

Gabo e María Luisa foram grandes amigos. Conheceram-se nos anos 1960, quando outro escritor colombiano, Álvaro Mutis, os apresentou com seus respectivos parceiros. A vida de María Luisa Elío, falecida aos 83 anos em 2009, poderia ter sido parte de uma das obras de seu amigo. Escritora, roteirista e ocasionalmente atriz, ela se interessou desde jovem por teatro, cinema, literatura e pelo cenário cultural efervescente que agitava o México entre os anos 1950 e 1960.

“Minha mãe era uma mulher bonita, apaixonada e de caráter extrovertido. E estava sempre rodeada de amigos”, contou Diego. Esse grupo de amigos era grande e incluía escritores como Carlos Fuentes e Octavio Paz, a pintora surrealista inglesa Leonora Carrington, o ensaísta José Bergamín, o poeta Emilio Prado… E, claro, os García Márquez.

Foi apenas após a morte de seu pai, Luis Elío, um dos grandes latifundiários de Navarra, exilado e desgostoso de sua terra natal, que María Luisa se atreveu a retornar a Pamplona. O passeio nostálgico pelos lugares de sua infância feliz deu origem a um de seus textos mais emocionantes e importantes, “Tiempo de llorar”, que dá nome ao livro citado.

No dia 11 de dezembro, a Netflix lançou a minissérie baseada em “Cem Anos de Solidão”, dez anos após a morte de Gabriel García Márquez, que, em vida, jamais permitiu que a história de Aureliano Buendía fosse adaptada para o cinema ou televisão. Por isso, pareceu interessante relembrar María Luisa Elío.

Uma mulher que, na sua época, poderia ter sido considerada uma “influencer” e que bem poderia ter estampado a capa de uma revista dizendo: “Como ela fez isso”. Como ela incentivou incansavelmente seu amigo para que não desistisse e escrevesse um dos melhores romances do século XX.

Escolhas do editor

Escolhas do editor

As 10 Pessoas Mais Ricas do Mundo em Janeiro de 2025

Escolhas do editor

Maçãs, Peras e Cerejas: Conheça o Pomar de 60 Anos da Família Mathison

Escolhas do editor

Com o Sol em Capricórnio, Saiba Quais as Previsões para os Signos em 2025

O post A Espanhola a Quem Gabriel García Márquez Dedicou “Cem Anos de Solidão” apareceu primeiro em Forbes Brasil.

Deixe um comentário