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Em outubro, enquanto pegava suas malas na esteira de segurança do Aeroporto LaGuardia, Shaun Donovan atendeu uma ligação, mesmo sem reconhecer o número. Do outro lado da linha, informaram que sua organização sem fins lucrativos de habitação acessível, a Enterprise Community Partners, havia acabado de receber US$ 65 milhões (R$ 396,5 milhões) da bilionária filantropa MacKenzie Scott.
Foi uma grande surpresa. Sim, a organização já havia recebido uma doação de US$ 50 milhões (R$ 305 milhões) dela em 2020, também de forma inesperada, mas não havia qualquer indicação de que estaria prestes a receber outra doação.
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“Uma das coisas notáveis sobre a filantropia dela é que eles não compartilham informações sobre seus processos e critérios”, diz Donovan. A Enterprise não havia solicitado um financiamento adicional a Scott, embora tivesse enviado relatórios anuais à equipe dela nos três anos seguintes ao primeiro subsídio. Sobre o novo financiamento, Donovan afirma: “Acreditamos fundamentalmente que isso é um voto de confiança no trabalho que realizamos com os US$ 50 milhões iniciais e um reconhecimento de que a habitação acessível se tornou, de muitas maneiras, a questão mais importante da política doméstica.”
A Enterprise Community Partners não foi a única organização a receber uma segunda doação de Scott em 2024. Algumas de suas outras doações deste ano também foram para beneficiários recorrentes, o que representa uma mudança em relação à sua estratégia filantrópica anterior.
Outros recipientes de doações pela segunda vez incluem a Corporation for Supportive Housing, que recebeu um subsídio de US$ 40 milhões (R$ 244 milhões); a Local Initiatives Support Corporation, outra organização que trabalha com habitação acessível, com US$ 65 milhões (R$ 396,5 milhões); a Nonprofit Finance Fund, que oferece empréstimos e consultoria, com US$ 22 milhões (R$ 134,2 milhões); e a Undue Medical Debt, que atua na eliminação de dívidas médicas, com US$ 30 milhões (R$ 183 milhões), após receber US$ 50 milhões (R$ 305 milhões) em 2022.
Ao todo, Scott doou US$ 2 bilhões (R$ 12,2 bilhões) para 199 organizações em 2024, como anunciou em seu post anual na quarta-feira, 18 de dezembro, no site Yield Giving. Com isso, sua doação acumulada ao longo da vida, de acordo com estimativas da Forbes, chega a US$ 19,3 bilhões (R$ 117,7 bilhões).
Scott escreveu que 75% das doações foram destinadas a “organizações sem fins lucrativos que promovem a segurança econômica e a oportunidade para pessoas em dificuldades, melhorando o acesso à habitação acessível, empregos, educação, assistência médica, empréstimos com juros baixos e outros recursos”.
Ela também destacou uma nova iniciativa em desenvolvimento: pediu à sua equipe que busque soluções lucrativas para alguns dos desafios que está abordando, como habitação acessível e plataformas digitais de saúde voltadas para mulheres. Além disso, Scott deixou um aviso para grandes instituições financeiras: talvez não mantenha sua riqueza com elas por muito tempo.
“Quando faço doações, em vez de retirar fundos de uma conta bancária ou de um portfólio de ações que aumenta a riqueza e a influência de líderes que já as possuem, prefiro retirá-los de um portfólio de investimentos em empreendimentos alinhados com a missão, com líderes vindos das populações que estão sendo atendidas ou de grupos geralmente subcapitalizados, como mulheres e pessoas negras”, escreveu Scott.
Dessa forma, continuou ela em seu ensaio, estaria ajudando a abordar questões duas vezes: primeiro ao promover a mobilidade econômica desses grupos e, depois, ao conceder fundos a equipes experientes de organizações sem fins lucrativos que trabalham para cuidar das pessoas e promover mudanças.
Scott, uma das filantropas mais observadas do mundo, também está entre os cinco doadores vivos mais generosos dos EUA e é uma das 10 pessoas da lista Forbes 400 de americanos mais ricos que doou mais de 20% de sua fortuna. Ela é conhecida pelo ritmo acelerado de suas doações: nos cinco anos desde que recebeu 4% das ações da Amazon em seu divórcio com Jeff Bezos, em 2019, já vendeu ou doou 255 milhões de ações.
Supondo que tenha transferido quase todas essas ações da Amazon para veículos de doação, Scott ainda tem um patrimônio estimado em US$ 31,8 bilhões (R$ 194 bilhões). Se tivesse mantido toda a sua participação, estaria entre as 20 pessoas mais ricas do mundo, com quase US$ 87 bilhões (R$ 530,7 bilhões).
Entre os ultrarricos, a abordagem de doação de Scott é única. Ela é conhecida por conceder subsídios sem condições a organizações locais, geralmente sem que eles sejam solicitados. Uma exceção foi os US$ 640 milhões (R$ 3,9 bilhões) que ela concedeu a 361 organizações em março, como parte de seu desafio Open Call com a organização sem fins lucrativos Lever for Change, que busca redirecionar as doações de bilionários de universidades e centros médicos para organizações comunitárias globais.
A filantropia de Scott tem se concentrado principalmente em organizações que trabalham para resolver desigualdades – raciais, econômicas, de gênero e outras.
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