Preço do azeite deve ser menor ao consumidor em 2025, mas ainda salgado

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Um ano marcado pela resiliência e pela esperança. Essa é a avaliação de Renato Fernandes, presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva) para o setor de azeite no Brasil. Para ele, a dificuldade extrema ao setor foi imposta pelas enchentes sem precedentes no Rio Grande do Sul, em maio.

Fernandes lembra dos desafios que o setor já havia enfrentado ainda em 2023 com as fortes chuvas do período, e o grande desastre de maio de 2024, o que levou a uma grande dificuldade no manejo da cultura. Mas ele também enumera uma série de conquistas no setor, mesmo em um ano negativamente atípico.

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Uma delas é a atração que o Brasil exerce no mundo, como um potencial produtor global de azeite. Não por acaso, o país recebeu a visita de integrantes do Conselho Oleícola Internacional (COI), que esteve em propriedades de Restinga Seca, Caçapava do Sul e Cachoeira do Sul para conhecer o trabalho e as potencialidades da olivicultura na região. “E aí, sim, passamos um degrau acima, onde fomos considerados pela associação mundial. Tivemos a impressão e a certeza de que estamos no caminho certo, a partir do reconhecimento da qualidade do nosso azeite, onde também fomos apontados como um futuro produtor mundial”, diz ele.

A estimativa para o Brasil é de uma produção de cerca de 400 mil litros de azeite extravirgem. Nos últimos anos, a produção de qualidade tem sido elogiada no mercado internacional, mas ainda insuficiente para atender ao consumo interno crescente. Por isso, o que se viu em 2024 foi um aumento de preços significativo para o consumidor final, variando de 30% e 50% na comparação com 2023.

A alta se deu pelo sumiço das prateleiras por causa da seca na Europa, onde estão os principais produtores, e da alta do dólar. Em 2023, o Brasil importou 80,3 mil toneladas por US$ 590,2 milhões. Em 2024, de janeiro a novembro, importou menos: foram 73,3 mil toneladas. Mas pagou mais, totalizando US$ 741,9 milhões.

Divulgação

Renato Fernandes, presidente do Ibraoliva, diz que o ano foi marcado pela resiliência

No entanto, há perspectivas de alívio para os consumidores em 2025. A queda nos preços pode ser, em média, de 20% já no início do ano. A estimativa é de valores entre R$ 60 e R$ 80 o litro no varejo. A esperada queda de preços vem da recuperação das safras europeias, como as da Espanha, Grécia, Turquia e Tunísia. A estimativa é de aumento de 23% na produção global de azeite, o que deve elevar a oferta a 3,1 milhões de toneladas.

No Brasil, há potencial de crescimento do cultivo de olivas para 20 mil hectares na próxima década. Por ora, a área plantada é de cerca de 6.500 hectares, com domínio absoluto do Rio Grande do Sul.

O estado responde por 75% da produção nacional, em uma área plantada de 5.631 hectares, dos quais 2.564 hectares em formação e 3.067 hectares já em produção, segundo o governo do Estado. Hoje, os principais municípios produtores são Encruzilhada do Sul, Pinheiro Machado, Canguçu, Caçapava do Sul, São Sepé, Cachoeira do Sul, Santana do Livramento, Bagé, São Gabriel, Viamão e Sentinela do Sul.

Fernandes espera um 2025 com mais avanços no sentido da busca de novas parcerias e também seguir perseguindo a consolidação de toda a olivicultura brasileira nos mercados. O presidente do Ibraoliva destacou como fundamental neste sentido que as pesquisas técnicas sigam avançando.

“Para isso será necessário o apoio governamental e a participação do próprio COI neste processo, oferecendo conhecimentos dos bancos de germoplasma que eles têm tanto na Argentina como também na Europa”, diz ele. Bancos de germoplasma são instituições que conservam material genético de plantas, animais e microrganismos para preservar a diversidade genética e disponibilizar material genético para pesquisa científica, agricultura e conservação.

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