Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Quem imaginaria que fast food poderia se parecer com um reality show? De Coca-Cola vs. Pepsi, a Domino’s vs. Pizza Hut, as rivalidades de marcas sempre adicionaram uma dose de drama às nossas mesas de jantar. Essas batalhas não vendem apenas hambúrgueres ou refrigerantes—elas criam histórias que moldam desejos e memórias ao longo de gerações. Veja, por exemplo, Burger King e McDonald’s.
Sua rivalidade tem provocado risadas — e debates — há décadas, desde anúncios irreverentes até momentos virais. Mas, como o meme falso “We Don’t Snitch” (Nós Não Damos Comida de Graça) recentemente demonstrou, até uma competição divertida pode sair dos trilhos. O que acontece quando uma suposta piada toca em um ponto sensível?
Leia também
Burger King vs. McDonald’s – Uma Novela de Fast Food
O Fast food não se trata apenas de hambúrgueres e batatas fritas — também é sobre drama. Poucas rivalidades são tão cativantes quanto Burger King vs. McDonald’s. Mas quando um meme falso entra em cena, a linha entre humor e dano fica nebulosa.
O Burger King e McDonald’s vêm competindo há décadas, cada um tentando superar o outro com anúncios atrevidos e provocações sutis. Lembra do “Whopper Detour”? Foi quando o Burger King disse às pessoas para visitarem o McDonald’s — apenas para redirecioná-las a baixar o aplicativo do Burger King para obter uma promoção. Audacioso? Com certeza. E funcionou, gerando um recorde de downloads do aplicativo.
Sua rivalidade tem sido tão impactante que muitas vezes é chamada de “Guerras dos Hambúrgueres”, uma batalha que começou décadas atrás com campanhas como o “Have It Your Way” (Do Seu Jeito) do Burger King, mirando no icônico Big Mac do McDonald’s. Ao longo dos anos, as táticas evoluíram de provocações diretas para anúncios gerados por IA, mostrando até onde essas marcas irão para superar uma à outra.
Isso prova que uma competição saudável apimenta o mundo do fast food. É como uma sitcom que não conseguimos parar de assistir, onde as batatas fritas são as apostas e as piadas nos fazem voltar sempre.
Por Que a Rivalidade Funciona: É Tudo Sobre a História
As pessoas adoram um bom confronto. Pesquisas até confirmam isso, mostrando que quando as marcas mencionam seus concorrentes, elas nos atraem para uma história que já conhecemos. De acordo com a American Marketing Association, esse fenômeno — chamado de Efeito de Referência de Rivalidade — funciona porque enquadra as marcas como parte de uma narrativa maior, tornando os anúncios mais memoráveis e envolventes. É uma dinâmica clássica — heróis, vilões e uma dose de provocação — e estamos prontos para isso.
Veja, por exemplo, o recente drama do Snack Wrap, nos EUA. Em 5 de dezembro de 2024, o McDonald’s anunciou o retorno de seu aguardado Snack Wrap. O Burger King não perdeu tempo e respondeu, imitando o formato do anúncio do McDonald’s enquanto promovia seus Royal Crispy Wraps, que estão no menu desde 2023.
Mas aqui é onde fica interessante. Não se tratava apenas de provocações online — isso refletia como as rivalidades respondem ao que os consumidores querem. Essas batalhas não são apenas por diversão; elas moldam os cardápios e as demandas dos consumidores. Isso transforma simples anúncios em episódios de uma série sem fim. Quem precisa de Netflix quando se tem essas duas marcas disputando atenção?
‘We Don’t Snitch’—O Tweet Falso do Burger King
A internet explodiu com o meme falso “We Don’t Snitch” na plataforma X, alegando que o Burger King havia respondido a relatos de que funcionários do McDonald’s ajudaram a polícia a identificar um suspeito. O site Snopes confirmou que era falso, mas isso não impediu que o meme associasse o Burger King a um caso criminal.
Momentos como esse mostram que as rivalidades de fast food não vivem apenas em campanhas publicitárias — elas prosperam na imaginação pública. É um lembrete de como as narrativas de marcas podem ser moldadas, ou mesmo sequestradas, pela cultura online. Enquanto o humor pode energizar uma marca, qualquer erro — ou desinformação descarada — pode comprometer sua reputação.
O Que Queremos das Nossas Marcas—E Quem Está Realmente no Controle?
Essas dinâmicas em constante mudança não se referem apenas a fast food — mas a como marcas e consumidores interagem na era digital.
Por meio de suas equipes de redes sociais, esses restaurantes se tornam parte do tecido da cultura pop. De Happy Meals a provocações chamuscantes, eles conquistaram seu lugar como ícones culturais. Mas, com grande influência vem uma grande responsabilidade.
Os consumidores de hoje são mais do que espectadores — são participantes ativos, moldando as narrativas das marcas em tempo real. As redes sociais inverteram a dinâmica de poder, transformando memes em ferramentas para direcionar essas rivalidades. As respostas espirituosas do Twitter do Wendy’s e as campanhas impulsionadas por fãs do Taco Bell mostram como o público adora se sentir parte da história. Para as marcas, isso é emocionante — e aterrorizante. Manter-se relevante significa saber ouvir, responder e se adaptar em tempo real.
A internet transformou os consumidores em coautores das histórias das marcas. Memes como “We Don’t Snitch” não são apenas piadas — são uma maneira de o público participar dessas rivalidades e, às vezes, até direcioná-las.
A rivalidade McDonald’s – Burger King não é apenas sobre provocações nas redes sociais ou momentos virais — é sobre moldar como comemos e interagimos com a cultura. No seu melhor, mostra como a competição pode impulsionar inovação, nostalgia e um pouco de drama. Fast food pode ser rápido, mas construir uma marca que prospere na era dos memes? Isso é jogar o jogo a longo prazo.
* Stephanie Gravalese é colaboradora da Forbes EUA. É jornalista e escreve sobre práticas sustentáveis. Comanda do podcast Food Stories Told.
Escolhas do editor
O post O que a Rivalidade McDonald’s X Burger King nos Ensina sobre Construir Marcas apareceu primeiro em Forbes Brasil.