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Estou feliz da vida com a matéria publicada esta semana no dia 17, terça-feira, no jornal inglês The Guardian, “Consuming arts and culture is good for health and wellbeing” sobre os benefícios da Arte e da Cultura na saúde, comprovados em pesquisa seríssima encomendada pelo Departamento de Cultura, Mídia e Esportes (DCMS) da Inglaterra, feita pela ong Frontier em colaboração com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e com o Centro de Arte e Cultura da Universidade de Londres.
A professora que idealizou e encabeçou o projeto, conclui “que a arte tem efeitos variados e tangíveis sobre a saúde, entre eles, sustentar o desenvolvimento cognitivo e proteger o declínio cognitivo; reduzir sintomas de doenças mentais; favorecer o bem-estar; diminuir sintomas de dor e estresse utilizando o mesmo sistema neurológico e fisiológico ativado por medicação; diminuir a sensação de solidão, mantendo o funcionamento físico, bem como auxiliando na redução de declínio físico que ocorre na idade elevada”.
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A pesquisa afirma que mesmo para quem frequenta eventos culturais a cada dois meses os efeitos já se fazem notar. Se de fato traz tanto efeito positivo, como saber? Vamos torcer que sim. Mas só a noção que estimula algum resultado positivo na qualidade de vida de todos, me deixou satisfeita, afinal, mocinha mais não sou… É um alerta, também, em relação à importância de cultivar o hábito do convívio com Arte e Cultura na geração mais jovem que, um dia, será responsável por arquitetar o futuro da humanidade e do planeta.
A outra boa notícia é a coletiva “Giros e Afetos: Arte brasileira 1983-1995”, com curadoria de Luis Pérez-Oramas, que apresentamos em nossa sede paulista, até 18 de janeiro, que tem recebido muitos elogios e é muito especial. “São obras e artistas únicos que, mesmo tendo vivido no mesmo período, cada um deles inaugura uma temporalidade específica, em que se conjugam exclusão e afeto, memória e mente”, é como resume o conceito o brilhante curador.
São 37 obras de dezoito artistas brasileiros: Carlos Zílio, Cristina Canale, Daniel Senise, Fabio Miguez, Karin Lambrecht, Leda Catunda, Marcos Chaves, Paulo Bruscky, e Sérgio Sister, incluindo os já falecidos Amelia Toledo, Angelo Venosa, Antonio Dias, Carlito Carvalhosa, Brígida Baltar, José Claudio, Leonilson e Tomie Ohtake.
Fiz uma seleção de insights de alguns desses grandes nomes em exibição com reflexões sobre como a arte move seus afetos.
Angelo Venosa (1954-2022), paulista, vivia e trabalhava no Rio: “A obra é o que é, acontece ou não no físico, na coisa. Acredito numa inteligência das coisas, na complexidade da experiência do mundo material”.
Cristina Canale (n.1961), carioca, vive e trabalha em Berlim desde os anos 1990: “Para mim, o processo de pintar é uma profunda meditação”.
Daniel Senise (n. 1955), carioca, vive e trabalha entre o Rio e São Paulo: “Em 1989, concluí que a minha pintura não estava avançando. Foi aí que tomei a decisão de aposentar o pincel e partir para a pesquisa de diferentes processos de impressão”.
Fabio Miguez (n. 1962), paulista, vive e trabalha em São Paulo: “Sobre criatividade, gosto de uma frase do escritor Henry James: ‘Trabalhamos no escuro, fazemos o que podemos, damos o que temos. Nossa dúvida é nossa paixão, e essa paixão é nosso trabalho. O resto é a loucura da arte.”
Karin Lambrecht (n. 1957), gaúcha, vive e trabalha em Broadstairs, Inglaterra, desde 2016: “A cruz é importante no meu trabalho. Ela traz várias associações: emergência, hospital, farmácia, ambulância, cura, ajuda humanitária, etc., mas na minha obra a cruz simboliza a passagem da vida para a morte.”
Paulo Bruscky (n. 1945), pernambucano, vive e trabalha em Recife: “A frase musical de Gilberto Gil que diz, ‘A Bahia me deu régua e compasso / meu caminho pelo mundo, eu mesmo traço’, define bem meu trabalho.”
Sérgio Sister (n. 1948), paulista, vive e trabalha em São Paulo: “Com o distanciamento do tempo, hoje percebo que a estrutura mental da minha obra inicial, comparada com a de agora, é a mesma. A forma de estruturar o trabalho, principalmente as pinturas, possui muitas semelhanças.”
Vik Muniz (n.1961), paulista, vive e trabalha entre o Rio e Nova York: “Dentro de mim mora um cego, surdo e mudo, incapaz de sentir gostos e cheiros, que sofre um pavor doentio das coisas que faço sem o seu consentimento. A minha curiosidade obsessiva gerou esse apêndice bizarro que não me impede de nada, mas cuja inócua presença, às vezes me faz sentir louco ou inseguro.”
SERVIÇO
“Giros e Afetos: Arte brasileira 1983-1995”
Até 18 de janeiro, 2025
Curadoria de Luis Pérez-Oramas
Galeria Nara Roesler, São Paulo
Com colaboração de Cynthia Garcia, historiadora de arte, premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) cynthiagarciabr@gmail.com
Nara Roesler fundou a Galeria Nara Roesler em 1989. Com a sociedade de seus filhos Alexandre e Daniel, a galeria em São Paulo, uma das mais expressivas do mercado, ampliou a atuação inaugurando no Rio de Janeiro, em 2014, e no ano seguinte em Nova York.
info@nararoesler.art
Instagram: @galerianararoesler
http://www.nararoesler.com.br/
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