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As palavras do ano, geralmente eleitas por dicionários e instituições por meio de votos populares, costumam diagnosticar o que foi relevante para a sociedade naquele ano. No caso do Oxford, um dos mais renomados, a escolhida foi brain rot, que em tradução literal remete a cérebro apodrecido.
Apesar de estar em alta neste ano, o conceito, em si, não é novo, ele surgiu, pela primeira vez, em 1854, no livro Walden, do autor americano Henry David Thoreau. Na época, ele comparava o brain rot ao apodrecimento de batatas na Inglaterra fazendo analogia com o empobrecimento intelectual da época.
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A projeção do termo este ano se deu por conta do aumento de discussões relacionadas ao efeito da tecnologia, em especial das redes sociais, na capacidade cognitiva. Ao eleger a palavra, após uma votação com 37 mil pessoas, o Oxford a descreveu como “a suposta deterioração do estado mental ou intelectual de uma pessoa, especialmente vista como resultado do consumo excessivo de material (principalmente conteúdo online) considerado trivial ou pouco desafiador”.
Andrea Janer, fundadora e CEO da Oxygen e especialista em tendências comportamentais, destaca que, além de ser um alerta, o termo tem visibilidade em um ano que a discussão sobre tempo de tela por parte de jovens e adolescentes também ganhou projeção no mundo.
“Em julho deste ano, o livro Geração Ansiosa, do Jonathan Haidt, serviu como um divisor de águas para essa discussão. Vivemos em um momento de inflexão no consumo de conteúdo em redes sociais. Um desafio de pais e educadores em lidar com um consumo excessivo e desenfreado por crianças e adolescentes de conteúdo.”
De acordo com Andrea, o termo brain rot é um alerta para que as pessoas olhem para si mesmas e entendam os danos para a saúde mental. “Os sintomas estão aí, as dificuldades em nos engajarmos em uma leitura, em um filme, ou até mesmo em buscar fontes de análise de uma notícia. O conteúdo superficial fácil nos colocou em uma armadilha que começa a causar efeitos.” Rafaela Oliveira, especialista em neurociência e consumo, também concorda que o termo é um grande alerta. “Sobre a deterioração cerebral, com o consumo exagerado de informações, conteúdos extremamente rápidos e rasos, nós estamos perdendo funções cognitivas como memória, atenção, funções executivas como a linguagem. Isso é resultado de como consumimos as informações, é a falta de informações de qualidade e do controle daquilo que consumimos.”
Influenciadores e algoritmos
Outro efeito direto no impacto do conteúdo na mente humana é a proliferação de conteúdo produzido por influenciadores digitais. De acordo com a nova pesquisa da Sprout Social, “The 2024 Influencer Marketing Report”, o conteúdo produzido por influenciadores já influencia a decisão de compra de mais de 50% das pessoas que navegam na internet. Além disso, eles também impactam em comportamentos e costumes.
“A escolha de brain rot como palavra do ano é um convite para repensarmos a relação com o digital e agirmos. Não se combate o excesso de conteúdo raso só com críticas; é preciso educar, mostrar caminhos. Este é o momento de ensinar como usar as redes sociais de forma inteligente e produtiva, transformando a dispersão em criação consciente. Se queremos um ambiente digital melhor, a mudança começa por aí: com entendimento, prática e propósito.”, explica Christian (Crocas) Rôças, CEO da Flint, selo de educado focado na profissionalização da Creator Economy.
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