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Após bater dois recordes nominais sucessivos na quarta-feira (27) e na quinta-feira (28), a taxa de câmbio segue subindo. Pouco antes das 10h00 desta-sexta-feira (29), o dólar estava cotado a R$ 6,10, maior valor nominal desde junho de 1994, início do Plano Real.
Os investidores seguem céticos com relação à execução do arcabouço fiscal. A avaliação é que as medidas serão insuficientes para equilibrar o orçamento. Ao contrário, a percepção é que as mudanças, detalhadas parcialmente pelo Ministério da Fazenda na quinta-feira, vão acelerar e aprofundar a deterioração do equilíbrio fiscal.
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Diversos especialistas afirmaram que a proposta representou uma perda de oportunidade por parte do governo. O bom momento da economia, com desemprego em queda e crescimento do Produto Interno Bruto acima do esperado, poderia ser aproveitado para elevar a arrecadação e conter os gastos, melhorando a solvência.
No entanto, a opção foi rigorosamente na direção oposta: aumento de gastos, que deverá justificar novas elevações na taxa Selic por parte do Banco Central (BC).
Para Diego Gardi, gerente comercial e analista da B&T Câmbio, como toda barreira de “número redondo”, o nível dos R$ 6 tem um forte aspecto psicológico. E a ter a abertura como exemplo, é possível que esse patamar se consolide como nova região de suporte.
“É provável que muitos ‘stop loss’ de fundos de investimento vendidos em dólar tenham sido acionados após a superação desse patamar, o que contribui para que o preço busque níveis mais elevados de negociação”, explica Gardi.
Selic mais alta
Na quinta-feira (28), as opções de Copom indicam uma probabilidade de 71,5% de alta de 0,75 ponto percentual na Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária, agendada para os dias 9 e 10 de dezembro. Já as opções que indicam uma alta de 1,0 ponto percentual mostram uma probabilidade de 19%.
Até mesmo as opções extremas, que indicam a expectativa (bastante improvável) de altas de 1,25 e de 1,50 ponto percentual na Selic, surgiram no radar. Pelos números da B3, os investidores atribuem uma probabilidade de 1,08% para um aumento de 1,50 ponto percentual nos juros, elevando para 12,75% a Selic esperada para o final de 2024.
Só para constar: na edição mais recente do Relatório Focus, a projeção estava em 11,75%, um ponto percentual a menos.
“Para as empresas brasileiras, o câmbio elevado é um desafio e, ao mesmo tempo, uma oportunidade. Exportadoras se beneficiam, enquanto importadoras enfrentam maior pressão nos custos. Investidores precisam avaliar o impacto desta volatilidade nas margens de lucro das empresas e buscar setores resilientes, como commodities e tecnologia”, aponta João Kepler, CEO da Equity Fund Group.
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