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A cúpula do clima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2024 (COP29) ultrapassou o prazo originalmente estabelecido, nesta sexta-feira (22), depois que um acordo preliminar propondo que as nações desenvolvidas assumissem a liderança para fornecer US$ 250 bilhões (R$ 1,4 trilhão na cotação atual) por ano em financiamento climático até 2035 gerou críticas de todos os lados.
Mostrando algum progresso no final da noite de hoje, a presidência da COP29 divulgou o que espera ser um acordo final para resolver as regras em torno dos mercados de carbono.
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No entanto, os governos mundiais ainda trabalhavam até tarde da noite na cúpula climática da ONU para elaborar um amplo plano de financiamento para enfrentar as mudanças climáticas.
As negociações de duas semanas, realizadas na capital do Azerbaijão, Baku, foram marcadas por divisões entre os países ricos, que lutam contra custos altos, e os países em desenvolvimento, que pressionam por mais recursos. Muitos esperavam, até o final da sexta-feira, que a proposta de US$ 250 bilhões (R$ 1,4 trilhão) pudesse ainda ser maior.
“Estou muito irritado. É ridículo, simplesmente ridículo”, disse o enviado climático do Panamá, Juan Carlos Monterrey Gomez, criticando a meta proposta como muito baixa. “Parece que o mundo desenvolvido quer que o planeta queime”, afirmou.
Do outro lado, um negociador europeu disse à Reuters que a mesma proposta era desconfortavelmente alta e não fazia o suficiente para aumentar o número de países que devem contribuir para o financiamento. “Ninguém está confortável com o número, porque ele é alto e não há quase nada sobre o aumento da base de contribuintes”, disse o negociador.
Analistas afirmam que, para a União Europeia e outros contribuintes, a meta de US$ 250 bilhões (R$ 1,4 trilhão) exigiria apenas um aumento modesto em relação ao que já gastam com financiamento climático.
A meta final incluiria US$ 120 bilhões (R$ 684 bilhões) prometidos por bancos multilaterais de desenvolvimento, além de US$ 65 bilhões (R$ 370,5 bilhões) em investimentos privados que os bancos projetaram atrair.
“Sem muito esforço, os países desenvolvidos devem ser capazes de atingir esse valor até 2030”, disse David Waskow, diretor da iniciativa climática internacional World Resources Institute. Além da UE, os países contribuintes incluiriam Austrália, Estados Unidos, Reino Unido, Japão, Noruega, Canadá, Nova Zelândia e Suíça.
O texto inicial convidava os países em desenvolvimento a contribuírem voluntariamente e enfatizava que isso não afetaria seu status como nações “em desenvolvimento” na ONU, algo que é fundamental para países como China e Brasil.
“Isso ainda não significa um acordo, mas pelo menos não estamos sem nenhuma perspectiva”, disse a enviada especial do clima da Alemanha, Jennifer Morgan.
Na noite desta sexta-feira, a presidência da COP29 publicou um acordo esperado para os mercados de carbono, que poderia ser aprovado no sábado, junto com um acordo final da COP29 sobre financiamento climático.
As negociações em Baku foram atrapalhadas por conta das incertezas trazidas pelo futuro papel dos Estados Unidos após a vitória de Donald Trump na eleição presidencial de 5 de novembro. Trump, que assume o cargo em janeiro, prometeu retirar os EUA, o maior emissor histórico de gases de efeito estufa do mundo, dos esforços climáticos globais.
A presidência da COP29 no Azerbaijão expressou esperança de que os negociadores encontrassem logo um acordo sobre a meta de financiamento climático. “O texto inicial não corresponde à nossa meta justa e ambiciosa, mas continuaremos a dialogar com as partes”, disse o principal negociador do Azerbaijão, Yalchin Rafiyev.
O acordo preliminar também estabelece uma meta mais ampla de arrecadar 1,3 trilhão de dólares anualmente para financiamento climático até 2035, por meio de financiamento público e do investimento privado que ele pode ajudar a desbloquear.
Economistas estimam que os países em desenvolvimento precisarão de acesso a pelo menos US$ 1 trilhão (R$ 5,7 trilhões) por ano até o final da década. Mas preencher a lacuna entre as promessas governamentais e as privadas pode ser complicado, alertaram negociadores.
“Essa meta precisará ser apoiada por ações bilaterais ambiciosas, contribuições dos bancos multilaterais de desenvolvimento e esforços para mobilizar melhor o financiamento privado, entre outros fatores críticos”, disse um alto funcionário dos EUA.
O compromisso atual de financiamento climático de 100 bilhões de dólares por ano termina em 2025. Sem uma nova meta coletiva acordada no processo da ONU, alguns dos países mais pobres e mais vulneráveis aos impactos climáticos teriam poucas garantias do dinheiro necessário. Isso significa que tais países têm um incentivo para negociar arduamente, mas até os mais insatisfeitos têm motivos para não abandonar ou bloquear um acordo.
“Estamos muito longe de US$ 1,3 trilhão (R$ 7,41 trilhões)”, disse M. Riaz Hamidullah, um funcionário do Ministério das Relações Exteriores de Bangladesh, que descreveu as negociações finais como um “jogo entre maximalistas e minimalistas”. Muitas COPs anteriores frequentemente foram além do prazo estimado.
O confronto sobre o financiamento para países em desenvolvimento ocorre em um ano que, segundo cientistas, está destinado a ser o mais quente já registrado. Os problemas climáticos estão se acumulando devido ao calor extremo, aumentando os apelos por mais financiamento para enfrentá-los.
Inundações mataram milhares na África este ano, enquanto deslizamentos de terra mortais soterraram vilarejos na Ásia. A seca na América do Sul dizimou rios e afetou meios de subsistência.
Os países desenvolvidos não foram poupados. Chuvas torrenciais no mês passado em Valência, na Espanha, desencadearam inundações que mataram mais de 200 pessoas, e os Estados Unidos já registraram 24 desastres de bilhões de dólares — apenas quatro a menos que no ano passado.
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