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O Brasil possui potencial para dobrar sua área de produção de alimentos sem recorrer ao desmatamento. Foi esse o recado dado ao mundo durante o painel “Transição de um sistema alimentar saudável, sustentável e justo: oportunidades econômicas”, realizado durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2024 (COP 29), em Baku, no Azerbaijão, que começou no dia 11 e termina nesta sexta-feira (22).
A mensagem foi passada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), órgão formulador de políticas públicas e que enviou para a missão, neste evento, o engenheiro agrônomo Carlos Augustin, assessor especial do órgão. Em janeiro deste ano, ele foi designado para o Comitê Gestor Interministerial do Programa Nacional de Conversão de Pastagens Degradadas em Sistemas de Produção Agropecuários e Florestais Sustentáveis (PNCPD), iniciativa que visa recuperar até 40 milhões de hectares de pastagens de baixa produtividade no país.
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Dados do Atlas das Pastagens, elaborado pelo Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento (LAPIG) da Universidade Federal de Goiás (UFG), indicam que as pastagens brasileiras cobrem cerca de 177 milhões de hectares. Do total, cerca de 40% apresentam médio vigor vegetativo e sinais de degradação, enquanto 20% exibem baixo vigor vegetativo, caracterizando degradação severa.
Augustin disse que o Brasil possui as condições necessárias para a implementação bem-sucedida do PNCPD, incluindo produtores empreendedores, tecnologias avançadas e taxas de juros atrativas para financiamentos. O programa foi criado em dezembro de 2023 e tem como finalidade promover e coordenar políticas públicas destinadas à conversão de pastagens degradadas em sistemas de produção agropecuários e florestais sustentáveis.
Entre as atividades previstas estão: a adoção e manutenção das tecnologias sustentáveis; o mapeamento das áreas prioritárias para o desenvolvimento de cadeias produtivas; o financiamento a produtores rurais e o desenvolvimento de planos de negócios. Confira 5 motivos pelos quais o Brasil pode cumprir o prometido:
1. Adoção de Tecnologias Agrícolas Avançadas
A incorporação de técnicas como integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e sistemas de plantio direto permite intensificar a produção em áreas já cultivadas, elevando a produtividade sem expandir a fronteira agrícola. Essas práticas sustentáveis são incentivadas por políticas públicas e programas de financiamento. Além disso, a implementação de sistemas que combinam árvores com culturas agrícolas e pecuária melhora a produtividade e a sustentabilidade das áreas já utilizadas.
2. Disponibilidade de Áreas Subutilizadas
Além das pastagens degradadas, existem outras áreas subutilizadas que podem ser otimizadas para a produção agrícola. Com investimentos em infraestrutura e capacitação, é possível transformar essas regiões em zonas produtivas, aumentando a oferta de alimentos sem necessidade de desmatamento adicional.
3. Melhoria na Eficiência do Uso da Terra
A adoção de práticas agrícolas mais eficientes, como a rotação de culturas e o uso de variedades de sementes de alto rendimento, permite maximizar a produtividade nas áreas já cultivadas, reduzindo a necessidade de expansão territorial. Além disso, a aplicação do Código Florestal Brasileiro e outras legislações ambientais assegura a proteção das florestas existentes, enquanto incentiva o uso sustentável das terras agrícolas.
4. Incentivos à Agricultura de Baixo Carbono
Programas governamentais, como o Plano ABC (Agricultura de Baixa Emissão de Carbono), promovem técnicas que aumentam a produtividade agrícola enquanto reduzem as emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para a sustentabilidade sem desmatamento adicional.
5. Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
O fortalecimento de instituições de pesquisa, como a Embrapa, tem resultado no desenvolvimento de tecnologias e práticas agrícolas inovadoras que aumentam a produtividade e a resiliência das culturas, permitindo maior produção sem necessidade de novas áreas agrícolas.
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