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Em sua primeira administração, o presidente eleito Donald Trump retirou os EUA do Acordo de Paris sobre o Clima em 2017, desacelerando os esforços globais para combater a crise climática que ele chama de farsa. Ele prometeu diversas vezes que seu lema na próxima administração seria “perfure, perfure, perfure”. Para ele, elevar a produção de petróleo e de gás, que contribuem para o aquecimento global, vai baixar a inflação.
Não descarte a indústria de energia limpa ainda. O investidor bilionário Tom Steyer aposta que as energias renováveis e o setor de tecnologia limpa continuarão bem, apesar da fixação de Trump pelos hidrocarbonetos.
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Steyer planeja continuar investindo os US$ 1 bilhão (R$ 5,8 bilhões) captados por sua empresa, a Galvanize Climate Solutions, em empresas de cimento de baixo carbono, tecnologia agrícola sustentável, software de gestão energética e energia barata e contínua, caso da Fervo Energy.
Uma questão de dinheiro
“O Texas triplicou sua capacidade de geração solar nos últimos três anos e é de longe o maior produtor de energia eólica. Eles estão fazendo isso porque gostam de renováveis ou porque gostam de dinheiro? Acho que é porque gostam de dinheiro. E todos os outros também”, diz Steyer. “As pessoas não tomam decisões com base na política, mas escolhem o que é mais barato, mais rápido e mais eficiente.”
Quase um quarto da eletricidade nos EUA agora vem de fontes renováveis. O crescimento acelerado sob a administração Biden limitou as emissões de carbono nos últimos anos, mesmo com o aumento do consumo de energia.
Embora a próxima gestão de Trump priorize a produção de gás natural, as concessionárias de energia já estão adicionando o máximo possível de energia eólica, solar e baterias de grande escala. A meta é atender uma demanda que deve crescer pelo menos 10% até 2030. O crescimento do consumo será agravado pelo aumento do número de data centers de plataformas de inteligência artificial e de criptomoedas.
Além da urgência de reduzir a pegada de carbono, a “cleantech” tornou-se uma grande oportunidade de negócios. O investimento dos EUA em energia limpa deve atingir um recorde de US$ 300 bilhões (R$ 1,71 trilhão) este ano, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês). Isso é 1,6 vezes o nível de 2020, último ano do primeiro mandato de Trump.
Esse investimento supera os gastos com petróleo e gás, cuja produção está em níveis recordes. No entanto, os EUA ainda estão atrás da China, que deve gastar US$ 680 bilhões (R$ 3,88 trilhões) para manter sua liderança na produção de células solares, baterias de lítio, veículos elétricos e turbinas eólicas, e também perdem para a União Europeia, que deve investir US$ 370 bilhões (R$ 2,11 trilhões) em energias renováveis.
O mercado supera as questões políticas na energia limpa
Steyer, um experiente gestor de fundos e ex-candidato presidencial democrata, com uma fortuna estimada pela Forbes em US$ 2 bilhões (R$ 11,4 bilhões), evita apostar em políticas como as impactadas pelo Ato de Redução da Inflação (IRA, em inglês) de Biden, o maior investimento federal em energia limpa. Em vez disso, ele avalia empresas pela capacidade de ser mais baratas, eficientes e melhores para o clima, como as usinas geotérmicas da Fervo. Steyer recentemente contratou John Kerry, ex-secretário de Estado e enviado presidencial especial para o clima.
“Grande parte dos americanos acredita que combustíveis fósseis são mais baratos que a energia solar e a eólica. Isso não é verdade. Na verdade, a solar e a eólica são mais baratas agora e continuam ficando mais acessíveis,” disse Steyer. “Você não pode tornar o petróleo ou o gás natural mais eficientes. Eles são o que são. E esses setores orientados pela tecnologia fazem o que se espera deles: continuar reduzindo custos e aumentando a eficiência.”
Cleantechs são alvos de investimento
A Galvanize, fundada em 2021, também compra ações de empresas globais voltadas para o clima e investe em projetos imobiliários sustentáveis. “Estamos comprando edifícios, tornando-os neutros em carbono e ganhando dinheiro com isso. Nunca fazemos concessões. Acreditamos que tudo o que fazemos é um impulso para obter retornos mais altos.”
Outros investidores em cleantech também estão confiantes na necessidade de energia limpa, mas se preparam para incertezas sob uma administração Trump. Isso por bons motivos. Nesta semana, o presidente eleito indicou o deputado republicano Lee Zeldin para administrar a Agência de Proteção Ambiental, algo preocupante para organizações ambientais. Em sua primeira entrevista à Fox News, Zeldin sugeriu que a agência ajudará a viabilizar os planos de Trump para petróleo e perfuração.
Mesmo a ExxonMobil, maior empresa de petróleo dos EUA e grande poluidora, prefere que Trump não retire o país do Acordo de Paris novamente, pois isso complicaria suas operações de captura de carbono e produção de hidrogênio de baixo carbono.
“Ninguém sabe o que Trump realmente fará. Existem apenas suspeitas”, disse um investidor de fundo cleantech que preferiu não ser identificado. “O que é absolutamente claro é que a demanda por energia, especialmente limpa, vai aumentar significativamente”.
Porém, devido a questões regulatórias e ao tempo necessário para conectar novos projetos de energia limpa à rede, o gás natural será um grande beneficiado no curto prazo.
Trump também é pragmático. É improvável que revogue o Ato de Energia de 2020, que endureceu regras para hidrofluorcarbonetos e financiou energia renovável. “A energia é um tema com menos divergência política,” diz Michael Webber, pesquisador de energia da Universidade do Texas em Austin. “Não acho que muita legislação sobre energia esteja realmente em risco de ser revogada.”
Mesmo declarando que eliminaria o IRA, Biden, ao alocar US$ 391 bilhões (R$ 2,23 trilhões), destinou recursos em áreas republicanas, o que dificulta sua revogação. Steyer alerta: qualquer recuo nos investimentos apenas beneficiará a China, líder em tecnologias limpas.
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Há outros possíveis aspectos positivos: Trump afirmou que removerá barreiras regulatórias para negócios, o que poderá significar menos burocracia para integrar energia limpa à rede elétrica. A instalação de novas linhas de transmissão de energia tornou-se um grande obstáculo para novos projetos de fazendas eólicas e solares. “Isso ajudaria a viabilizar projetos de energia barata – e a solar é absolutamente a mais barata,” disse Dave Miller, cofundador e sócio-gerente da Clean Energy Ventures, que administra fundos avaliados em US$ 415 milhões (R$ 2,37 bilhões). “Eles poderiam entrar em operação mais rapidamente, o que seria bom para todos, desde que as barreiras regulatórias sejam removidas de forma racional”.
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