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As 400 pessoas mais ricas dos Estados Unidos doaram cerca de US$ 287 bilhões (R$ 1,6 bilhões) para caridade ao longo de suas vidas para causas como mudanças climáticas, educação e energia solar espacial. No entanto, no geral, os membros da lista Forbes 400 (que reúne os mais ricos dos EUA) não são tão generosos assim. Suas ações de caridade somam apenas 5% de sua riqueza total deUS$ 5,4 trilhões (R$ 31,70 trilhões). O número representa apenas um terço do crescimento visto em suas fortunas no último ano.
Alguns, porém, são muito mais generosos do que outros. A Forbes analisou as doações conhecidas de cada membro da lista para atribuir uma pontuação de filantropia, variando de 1 a 5. Se não encontramos informações sobre as doações de uma pessoa ou ela não forneceu detalhes, atribuímos uma pontuação N/A, ou “não disponível”. No total, encontramos valores de doações ao longo da vida variando de menos de US$ 100 mil (R$ 587 mil; pelo menos 10 membros da Forbes 400 doaram essa quantia modesta) a US$ 60 bilhões (R$ 352 bilhões; Warren Buffett, o maior doador da lista).
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Quão caridosos são os bilionários?
Mais de 70% dos bilionários da lista Forbes 400 receberam uma pontuação de 1 ou 2, o que significa que doaram menos de 5% de sua fortuna para causas de caridade.
Apesar de diversas novas doações bilionárias — como as centenas de milhões de dólares de Jeff Bezos para combater as mudanças climáticas e os bilhões da Fundação Gates e outras instituições para pesquisa de vacinas — esse percentual é, na verdade, o mais alto desde que a Forbes começou a avaliar doações realizadas em 2020. Grande parte disso, sem dúvida, deve-se ao fato de que mais de três quartos dos membros da Forbes 400 ficaram mais ricos no último ano, impulsionados pelo aquecido mercado de ações. Alguns membros da lista ganharam bilhões ou até dezenas de bilhões de dólares em apenas um ano.
Para muitos bilionários, suas doações simplesmente não acompanharam o aumento de sua riqueza. Além disso, alguns membros da lista ainda não divulgaram registros de suas organizações sem fins lucrativos para as doações de 2023 e 2024. Michael Dell, por exemplo, trocou sua participação na empresa de computação em nuvem VMware por US$ 33 bilhões (R$ 193 bilhões) em dinheiro e ações quando a Broadcom a comprou em novembro. Na época, ele destinou US$ 3,6 bilhões (R$ 21,13 bilhões) para a fundação de sua família e mais meio bilhão para um fundo composto por diversos doadores — mas ainda não sabemos pelos registros fiscais quanto foi efetivamente destinado a organizações beneficentes em atividade.
A grande maioria dos membros da Forbes 400 manteve a mesma pontuação deste ano em relação ao ano passado, embora alguns tenham dado grandes saltos. Isso inclui Dan Snyder, por exemplo, que doou sua mansão para caridade, bem como os bilionários Ken Griffin e Stanley Druckenmiller, que aumentaram suas doações, principalmente para hospitais e organizações educacionais na Flórida e em Nova York, respectivamente.
Os mais caridosos
Apenas dez dos 400 americanos mais ricos doaram mais de 20% de seu patrimônio, segundo as estimativas da Forbes, ganhando uma rara pontuação de 5: Warren Buffett, Bill Gates, MacKenzie Scott, Melinda French Gates, Pierre Omidyar, George Soros, Edythe Broad, Lynn Schusterman, Reed Hastings e Amos Hostetter Jr. Eles são, em grande parte, o mesmo grupo dos anos anteriores, com exceção do magnata John Arnold, que saiu da lista Forbes 400 deste ano, e do bilionário do eBay Jeff Skoll, que ficou rico o suficiente este ano para reduzir sua pontuação para 4. O cofundador da Netflix, Reed Hastings, por sua vez, entrou para o grupo dos que pontuaram 5 após doar metade de suas ações da Netflix no início deste ano e confirmar à Forbes que seu fundo distribuiu US$ 1,8 bilhão (R$ 10,57 bilhões) para caridades não reveladas.
Pelo quinto ano consecutivo, o membro mais filantrópico da lista Forbes 400 em termos de percentual do patrimônio líquido doado é George Soros, que doou 74% de sua fortuna. O bilionário de 94 anos já destinou US$ 21 bilhões (R$ 123 bilhões) dos US$ 32 bilhões (R$ 187 bilhões) que colocou em sua Open Society Foundations, que financia grupos que promovem democracia, transparência e liberdade de expressão globalmente. Soros passou o comando operacional da fundação para seu filho Alex há pouco mais de um ano.
Curiosamente, Soros — o único membro da Forbes 400 a doar mais de 50% de sua riqueza até agora, de acordo com a metodologia da Forbes — não assinou o Giving Pledge, que pede aos bilionários que doem pelo menos metade de sua fortuna em vida ou após a morte. Os R$ 352 bilhões doados por Buffett, embora sejam o maior valor em termos absolutos, representam apenas 29% de sua fortuna.
MacKenzie Scott, por sua vez, doou mais da metade de suas ações da Amazon, conforme um registro regulatório feito em fevereiro. Ainda assim, as suas doações ainda não ultrapassaram metade de seu patrimônio líquido porque o valor das ações restantes da Amazon continua subindo vertiginosamente. Em março, Scott anunciou doações em dinheiro de US$ 640 milhões (R$ 3,7 bilhões) para 361 vencedores de seu desafio “Open Call” — parte de sua meta de aumentar as doações bilionárias para organizações de base global.
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Zona cinzenta
Outros podem ter uma pontuação muito baixa em nossa classificação simplesmente porque preferem doar discretamente, escrevendo cheques ou dando dinheiro diretamente a quem precisa, ou porque realizam suas doações por meio de fundos ou outras entidades nas sombras.
É o caso do cofundador da Alphabet, Larry Page, a sexta pessoa mais rica do mundo. Ao contrário de muitos outros bilionários que doam principalmente por meio de DAFs (fundos orientados por doadores), as doações de Page ocorrem principalmente através de sua fundação, Carl Victor Page Memorial Foundation.
A fundação privada normalmente relata dezenas de milhões de dólares em doações anuais em suas declarações fiscais; no entanto, mais de 99% dessas doações — cerca de US$ 1,3 bilhão (R$ 7,63 bilhões) no total — foram destinadas a fundos. Subtraindo esses fundos “caixa-preta” (DAFs), restam apenas aproximadamente US$ 7 milhões (R$ 41,09 milhões) em doações rastreáveis, o que dá a Page uma pontuação de 1. No entanto, se seus DAFs estiverem realmente fazendo doações, sua contribuição (e, consequentemente, sua pontuação) pode ser muito maior. Page não respondeu ao pedido da Forbes para comentar suas doações.
Pontuações
Para calcular as pontuações, somamos nossa estimativa de doações ao longo da vida de cada bilionário ao seu patrimônio líquido na lista Forbes 400 de 2024. Depois, dividimos o valor estimado das doações pela soma total. Cada pontuação de 1 a 5 corresponde a uma faixa de doação como percentual do patrimônio líquido. Consideramos apenas as partes efetivamente pagas de promessas de doações feitas nos últimos anos.
Entramos em contato com todos os membros da lista para confirmarmos algumas informações Muitos têm fundações com declarações fiscais públicas que fornecem detalhes sobre doações anuais, embora essas informações geralmente estejam defasadas em um ou dois anos. Alguns forneceram detalhes sobre suas doações adicionais e beneficiários enquanto outros se recusaram a comentar.
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