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Depois da divulgação do relatório do Banco Central, no mês passado, mostrar uma tendência alarmante para gastos com apostas e jogos online, o Santander realizou um estudo sobre o impacto que a atividade pode ter no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro.
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O documento divulgado na sexta-feira (24) mostra que os gastos em plataformas de apostas online por brasileiros em 2024 têm um reflexo negativo no PIB entre 0,6% e 2,1%. Para o banco espanhol, o efeito líquido (apostas menos prêmios), seria entre 0,2% e 0,3% do PIB e 0,3% e 0,5% do consumo das famílias.
A receita do mercado de apostas online no Brasil aumentou de R$ 0,56 bilhão em 2018 para R$ 8,96 bilhão em 2023, o que representa um crescimento médio anual de 74% (contra uma média global de 19%). As projeções indicam que o setor pode crescer a uma taxa de 16,9% no Brasil entre 2024 e 2029, enquanto a média global será de 7,8%. Apesar dos números alarmantes, o mercado brasileiro de apostas representa menos de 2% ante a comparação global.
O estudo não leva em consideração os impactos indiretos, como a perda de produtividade, o aumento dos custos com saúde e segurança pública e a redução do investimento em outros setores da economia, o que faz com que o impacto no PIB seja maior do que o estimado.
Apostas e a economia
Segundo os analistas, o impacto sobre a renda familiar aumentou de 0,2% em 2018 para 0,7% em 2023, sendo maior nas classes C, D e E (0,77-1,38% contra 0,36% nas classes A e B), causando um aumento no endividamento. Um estudo da CNC indica que 1,3 milhão de pessoas ficaram próximos da falência devido às apostas no primeiro semestre de 2024.
Ao que tudo indica, apostadores estão abrindo mão de comprar ou pagar contas para apostar. As consequências são maiores em serviços de lazer e bens como vestuário, calçados e acessórios nas faixas de renda mais baixas. As empresas de alimentos também podem ser afetadas, com os consumidores se tornando mais sensíveis a preços e reduzindo a intenção de comprar produtos de maior valor agregado
No setor educacional, as taxas de matrícula desaceleraram no primeiro semestre de 2024, especialmente no ensino a distância, onde 76% dos alunos são das classes C, D e E. Uma pesquisa da Educa Insights revelou que 35% dos entrevistados não iniciaram um curso superior no período devido a gastos com apostas.
De acordo com o relatório, o departamento público de saúde também pode enfrentar um ônus crescente com os gastos relacionados ao jogo, enquanto as empresas privadas podem ver um aumento na procura por terapias para dependência em jogos de azar e depressão.
Nas instituições financeiras, as preocupações se concentram nos níveis de endividamento. A proibição do uso de cartões de crédito para apostas online já está em vigor, mas os jogadores ainda podem recorrer a empréstimos pessoais e Pix.
A regulamentação do jogo online, que entra em vigor em janeiro de 2025, visa controlar o crescimento desenfreado do setor por meio de novas regras e tributação. As empresas pagarão uma taxa de licenciamento de R$ 30 milhões e um imposto de 12% sobre a receita bruta de jogos. Já os jogadores serão tributados em 15% sobre os ganhos acima de R$ 2.112.
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Segundo o Santander, a contribuição fiscal deve ser de cerca de R$ 3 e R$ 3,4 bilhões em 2024 e R$ 5 e R$ 10 bilhões em 2025.
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