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A inovação criativa tem estado há tempos nas narrativas institucionais como uma força poderosa e extremamente estratégica para transformar não apenas o mundo dos negócios, mas também as relações sociais e econômicas. Em diversas partes do mundo, existem negócios que reimaginam não apenas produtos e serviços, mas os mercados em si, propondo novos modelos baseados em inclusão e sustentabilidade. E isso é fundamental, porque é urgente que façamos a transição do mindset. Negócios que atuam com impacto são negócios inovadores, pela natureza do que e como fazem.
Neste artigo, quero destacar a trajetória de Oluwakemi Oritsejafor e sua empresa SOLA Market.
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Oluwakemi Oritsejafor é uma artista e empreendedora nigeriana-liberiana-americana que fundou a SOLA Market em 2022, com a missão de tornar a arte e a vida criativa mais acessíveis e equitativas. O mercado circular que ela desenvolveu foca na venda de materiais de arte e outras ferramentas de trabalho necessárias para a prática artística, promovendo um ambiente sustentável para criadores desse segmento.
A proposta de Kemi vai além de vender produtos: ela busca criar uma rede de suporte que incentiva o reaproveitamento de materiais e fomenta uma economia criativa pautada na redução de desperdícios.
Uma iniciativa que valoriza a comunidade artística e incide diretamente em questões sociais, econômicas e ambientais. Sinceramente, quem não entende que isso é inovação, está com uma leitura equivocada – e perigosa – do tempo e espaço em que vivemos.
Caminhos para iniciativas criativas e sustentáveis
A inovação criativa deve surgir, cada vez mais, como resposta aos desafios enfrentados por comunidades vulneráveis. Isso não é novidade, mas no campo do investimento, iniciativas como essas ainda não são reconhecidas como território de investimentos robustos, e sim como “projeto social”.
Para a SOLA Market, um dos maiores obstáculos é criar uma cultura de reaproveitamento em um mercado em que ainda prevalece a produção em massa e o consumo de novos produtos. Kemi enfrenta a necessidade de educar os consumidores e os próprios artistas sobre os benefícios de adotar um modelo de economia circular, que pode reduzir o desperdício e gerar novas oportunidades de renda.
A educação desempenha um papel fundamental para a inovação, especialmente em iniciativas que buscam transformar realidades ambientais, econômicas e sociais. No caso da SOLA Market, essa capacitação envolve ensinar sobre a importância da reutilização e do reaproveitamento. Seu espaço de atuação é no Brooklyn, em Nova York, e os artistas, empreendedores e criativos se baseiam no que consideram a sustentabilidade e o compartilhamento de recursos da comunidade como parte integrante da sua Big Dream Vision.
Na tangência dessa reflexão, mas não menos importante, reforço o papel tanto da tecnologia quanto das políticas públicas no endereçamento do que estamos falando aqui. A tecnologia tem ampliado o alcance de negócios como a SOLA Market, utilizando dados e inteligência artificial para otimizar processos e identificar oportunidades de crescimento. Ao mesmo tempo, políticas são essenciais para criar um ambiente favorável a esses negócios, como ocorre quando governos investem em programas de crédito e qualificação da economia circular.
Desenvolver a economia criativa regenerativa é uma oportunidade para que tanto a tecnologia quanto as políticas públicas também inovem. Precisamos, enquanto comunidade empresarial, que obviamente quer seguir criando e colocando nossos produtos e serviços no mundo, cobrar que essas áreas sejam inovadoras exatamente neste lugar da regeneração ambiental, social e econômica do mundo.
Parece utópico? Não deveria. Porque já tem muita gente fazendo.
O caminho para a inovação criativa sustentável
A economia circular tem um impacto direto na geração de empregos e na redução de resíduos. De acordo com um estudo da Ellen MacArthur Foundation, a adoção de práticas de economia circular na Europa poderia gerar mais de 700 mil novos empregos até 2030. Esse potencial também é visível em setores criativos, onde o reaproveitamento de materiais pode reduzir significativamente o custo de produção para artistas e designers.
No Brasil, há alguns dias foi divulgado um dado interessante em levantamento da CNI (Confederação Nacional da Indústria) e do Centro de Pesquisa em Economia Circular da USP (Universidade de São Paulo): 85% das indústrias do país adotam alguma prática de economia circular em sua cadeia de produção. Imagine se a mesma lógica que já é uma realidade na forma de produzir da indústria esteja refletida também nos investimentos sociais que fazem. Seria uma inovação importantíssima – e corajosa.
Olhando para um breve futuro, a inovação criativa e a economia circular têm grandes desafios a superar, mas também muitas oportunidades de crescimento. Tendências emergentes, como o uso de tecnologias de blockchain para rastrear a cadeia de produção e garantir a transparência em mercados que garantam mais tempo de vida – e utilização – do que se produz podem transformar a maneira de operar de negócios como a SOLA Market, oferecendo uma camada extra de confiança para seus consumidores.
Inovação criativa real depende da capacidade de aliar sustentabilidade à inclusão. Essa é uma conversa séria que o mundo corporativo precisa abraçar com responsabilidade e ética, de forma intencional e definitiva. Negócios como o de Oluwakemi Oritsejafor demonstram que, ao colocar as pessoas e a preservação ambiental no centro das estratégias, é possível criar um impacto concreto, duradouro e inspirador para todos.
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*Adriana Barbosa é diretora executiva da PretaHub e fundadora do Festival Feira Preta, maior evento de cultura e empreendedorismo negro da América Latina. Foi reconhecida como a primeira mulher negra entre os Inovadores Sociais do Mundo em 2020 pelo Fórum Econômico Mundial e passou a integrar o time de empreendedores sociais da Rede Schwab.
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