Tupperware Vende Ativos para Evitar Falência, Mas Não é o Fim para a Marca

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As ações da Tupperware caem mais de 30% hoje

Donas de casa e fãs dos icônicos potes da Tupperware podem respirar aliviados: a tradicional empresa fechou um acordo com credores, evitando a liquidação e garantindo a sobrevivência da marca.

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Na noite de ontem (22), a companhia anunciou um consenso com seus principais credores, entre eles o Stonehill Capital Management Partners e Alden Global Capital, para a transferência de toda a propriedade intelectual da Tupperware — como tecnologia e design de seus produtos — e alguns ativos operacionais localizados nos Estados Unidos e em outros países.

Em resumo, a gestão decidiu “dissolver” a empresa atual para fundar uma nova companhia que dará sequência às operações. Segundo a empresa, a transação marca um novo capítulo para a icônica marca, “após anos enfrentando dificuldades com um balanço sobrecarregado de dívidas e um modelo operacional defasado”.

Embora a operação preserve o futuro da marca, as ações da empresa atual se afogam no vermelho nesta quarta-feira (23). Os papéis, negociados na Bolsa de Nova York, cai mais de 30%. No ano, a queda é de mais de 98%. Vale notar que, com a venda dos ativos mais importantes e encerramento de operações deficitárias, a empresa atual tem o seu valor de mercado muito reduzido, o que ajuda a explicar o movimento dos investidores hoje.

A CEO Laurie Ann Goldman afirmou que a empresa intensificou os esforços para aumentar sua presença online no último ano e já tem colhido resultados. “Fizemos um progresso tremendo e estamos animados que este grupo de investidores visionários compartilhe nossa visão e se junte a nós para crescer”, declarou em nota ao mercado.

Em setembro, a Tupperware havia solicitado recuperação judicial, conhecida como “Chapter 11” nos Estados Unidos, para ganhar flexibilidade na reorganização das operações sob supervisão do Tribunal.

Como será a “nova Tupperware”?

Diferente do modelo engessado adotado atualmente, a nova companhia será construída com uma “mentalidade de startup”, priorizando métodos de gestão integrados e dinâmicos. O foco principal será em mercados tradicionais para a marca — Estados Unidos, Brasil, Canadá, México, China, Coreia do Sul, Índia e Malásia. Em um primeiro momento, outros mercados terão uma atuação mais limitada, com operações e esforços reduzidos.

“Fechar partes da empresa será uma decisão difícil, mas necessária para proteger o futuro da marca Tupperware. Mudanças e interrupções são desafiadoras, mas às vezes são necessárias para avançar”, conclui a CEO.

A expectativa é que a transação seja concluída até o fim de outubro de 2024, sujeita à aprovação do Tribunal de Falências de Delaware, onde o processo de recuperação judicial da companhia está sendo analisado.

Anos de agonia

Os últimos anos não foram fáceis para a tradicional empresa com mais de 80 anos de história. A Tupperware foi criada em 1942, por Earl Tupper, mas os primeiros produtos e a Tupperware Brands Corporation só foram lançados em 1946.

Os problemas da companhia são de conhecimento público desde 2023, quando flertou com a falência pela primeira vez. A Tupperware vem tentando controlar e negociar seus mais de US$ 700 milhões (R$ 3,8 bilhões) em dívidas. Embora tenha conseguido um acordo no início do ano para débitos vencidos, não cumpriu os termos estabelecidos e voltou a enfrentar pressão dos credores.

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Apesar de um pico de vendas durante a pandemia — quando o isolamento social obrigou muitas pessoas a cozinhar em casa — o movimento não se sustentou. Com dificuldade para atrair um público mais jovem e superar a concorrência de produtos mais baratos, a companhia começou a patinar.

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