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Transformar uma ideia em um unicórnio — apelido carinhoso para as startups avaliadas em mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,6 bilhões) — é um sonho comum, mas dificilmente alcançado. Para isso, é preciso muito mais do que apenas um bom produto ou serviço. É preciso também convencer investidores a apostarem no seu projeto.
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No mundo dos negócios, a captação de recursos é essencial para impulsionar o crescimento, principalmente entre aquelas que ainda dão os primeiros passos. Segundo a plataforma de inovação Distrito, as startups brasileiras captaram US$ 1,46 bilhão (R$ 8,29 bilhões) entre janeiro e setembro de 2024. Ao todo, 313 negócios foram fechados.
O valor representa um crescimento de 9,5% com relação ao mesmo período de 2023, mas ainda é cinco vezes menor do que o registrado em 2021, quando os juros mais baixos deixaram o acesso a crédito e capital mais barato para os investidores.
Desconhecidas e disputando o dinheiro e atenção dos grandes investidores, as novatas competem de forma acirrada pelo capital dos investidores. Mas ninguém vai do zero ao bilhão em apenas uma rodada de investimentos. De forma geral, as empresas possuem um longo caminho a percorrer em seu tempo de vida útil.
O que é uma startup?
Startups é o nome dado para uma empresa que ainda se encontra em estágio inicial. Na maioria dos casos, esses novos empreendimentos buscam desenvolver um modelo de negócio inovador, escalável e repetível, operando em condições de incerteza.
O foco principal é resolver um problema ou atender a uma necessidade do mercado de forma diferenciada, muitas vezes por meio de tecnologias emergentes ou abordagens disruptivas. É isso que as difere de uma empresa tradicional — a sua capacidade de testar e validar novas hipóteses sobre o seu produto, mercado e modelo de negócio, adaptando-se rapidamente às mudanças.
Elas operam com recursos limitados e, por isso, buscam investimentos externos, como rodadas de investimentos para financiar seu desenvolvimento, crescimento e, em alguns casos, a sua própria criação.
A captação de recursos ocorre via aportes de capital de terceiros. Não se trata de um empréstimo e sim de um investimento com a finalidade de participar dos ganhos futuros da empresa.
As rodadas de captação de capital acontecem em diversos momentos da vida de uma startup. O head da área de Capital Partners da REAG Asset, Thiago Domenici, ressalta que cada etapa é caracterizada pelo nível de maturidade do projeto, a quantidade de capital necessário e o perfil dos investidores envolvidos, refletindo os objetivos específicos de cada estágio de crescimento.
Sopa de letrinhas
As rodadas de captação de capital acontecem em diversos momentos da vida de uma startup. O head da área de Capital Partners da REAG Asset, Thiago Domenici, ressalta que cada etapa é caracterizada pelo nível de maturidade do projeto, a quantidade de capital necessário e o perfil dos investidores envolvidos, refletindo os objetivos específicos de cada estágio de crescimento.
Seguindo essa lógica, a tendência é que o valor captado aumente conforme o negócio se prove aos investidores. Inicialmente, os recursos captados são direcionados para validar o modelo de negócio, desenvolver o produto ou serviço e conquistar os primeiros clientes. Em etapas subsequentes, os recursos são utilizados para ampliar as operações, expandir para novos mercados, aprimorar tecnologias e aumentar a equipe.
Em geral, existem cinco tipos principais de rodadas de investimentos para startups. Nos seus estágios mais avançados, elas passam a ser conhecidas como “séries” e os nomes seguem a ordem alfabética.
Confira algumas delas:
Pré-Seed: Realizada quando a ideia ou produto ainda está na fase de protótipo e o valor arrecadado é utilizado para realizar pesquisas de mercado e desenvolver um MVP (Mínimo Produto Viável). Os investimentos são menores e frequentemente vêm de programas que ajudam startups a crescer rapidamente em um curto espaço de tempo (aceleradoras e incubadoras) ou de investidores-anjo — empresários ou empresas que investem o seu próprio dinheiro no projeto inicial em troca de uma participação acionária.
Seed: A rodada seed acontece quando a startup busca validar seu modelo de negócio e começar a ganhar tração no mercado. O investimento é utilizado para adquirir os primeiros clientes, aprimorar o produto e estabelecer as bases para o crescimento. Investidores-anjo e fundos de Venture Capital focados em estágios iniciais participam dessas operações.
Série A: A startup já demonstrou tração e tem um produto ou serviço com demanda comprovada. O objetivo é escalar o negócio, otimizar o modelo de receita e expandir a equipe. Os fundos de venture capital aportam capital significativo para impulsionar o crescimento.
Série B: Foca na expansão em larga escala. A empresa já tem uma posição sólida no mercado e busca crescer rapidamente, seja entrando em novos mercados, ampliando a oferta de produtos ou aumentando a sua presença. O negócio já é sustentável e apresenta métricas sólidas de desempenho. Os fundos de venture capital e de growth (conjunto de estratégias focadas no crescimento rápido e escalável de uma empresa) tem atuação mais presente nesta etapa
Séries C, D e posteriores: Destinadas a empresas maduras que buscam crescimento exponencial, diversificação ou preparação para eventos de liquidez como uma estreia na bolsa de valores por meio de um IPO (Oferta Pública Inicial) ou aquisições. Os investimentos são substanciais e frequentemente envolvem fundos de growth e private equity. Os recursos podem ser usados para aquisições, internacionalização ou desenvolvimento de novos produtos.
Mezzanine e Pré-IPO: Ocorrem quando a empresa se prepara para abrir capital ou ser adquirida. O capital é destinado a otimizar a estrutura financeira, cumprir requisitos regulatórios e fortalecer a posição no mercado antes do evento de liquidez.
Embora as rodadas de investimento sejam uma forma comum e talvez a mais conhecida de aporte financeiro, não são a única opção disponível. Startups podem recorrer ao bootstrapping, autofinanciando suas operações com recursos próprios ou reinvestindo lucros iniciais.
Além disso, podem acessar empréstimos bancários, linhas de crédito específicas para pequenas empresas, FIDCs (Fundo de investimento em direitos creditórios), para antecipação de recebíveis.
“O crowdfunding permite que startups levantem capital por meio de contribuições de várias pessoas, seja em troca de produtos ou participação na empresa. Outra alternativa são parcerias estratégicas com empresas estabelecidas ou acordos de venture debt (dívida de risco), que combinam características de dívida e capital”, diz o head de Capital Partners da REAG Asset.
Quem investe em startups?
Os fundos de venture capital (VC), que adotam como estratégia justamente o investimento em empresas em estágio inicial e com grande potencial de crescimento, costumam ser os financiadores mais conhecidos. Eles participam das primeiras rodadas, como Pré-Seed, Seed, Série A e Série B.
“Conforme a empresa amadurece e atinge estágios mais avançados, os fundos de Venture Capital podem começar a sair da estrutura de capital vendendo suas participações em rodadas subsequentes para novos investidores, como fundos de growth e private equity”, explica Domenici. A busca de retorno costuma ser para o médio e longo prazo, de 5 a 10 anos de atuação.
“Quando uma empresa busca venture capital durante seu fundraising, ela está procurando investidores que vão injetar dinheiro em troca de uma participação acionária. O venture capital é, portanto, um dos métodos que as startups usam para levantar fundos durante o processo de fundraising. Já a rodada de investimento é uma etapa específica dentro do processo de fundraising”, explica Lorenzo Barbati, diretor executivo da GVAngels, organização da Fundação Getúlio Vargas voltada para startups
Para investir em VC, você pode participar como investidor-anjo, aportando capital diretamente em startups em estágios iniciais. Outra maneira é investir via fundos de venture capital geridos por gestores profissionais.
“Plataformas de equity crowdfunding permitem que investidores individuais façam aportes menores em startups, democratizando o acesso ao venture capital”, afirma o especialista, mas é preciso diferenciar as duas categorias de aportes.
Outra diferença importante é entre fundos de venture capital e private equity. Ambas são formas de investimento em empresas privadas, mas diferem no estágio de desenvolvimento das empresas e na estratégia de investimento.
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Enquanto o VC é voltado para startups e empresas em estágio inicial com potencial de crescimento e com alto risco — com aportes menores e compra de posições minoritárias —, o private equity investe em empresas mais maduras que possuem fluxos de caixa estáveis. Os investimentos em PE tendem a ser maiores e envolvem a aquisição de participações relevantes, majoritárias ou controle total da empresa.
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O post De Seed a Unicórnio: o Ciclo dos Investimentos em Startups apareceu primeiro em Forbes Brasil.