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Nicole Kleger, Anna Bünter e Simona Fehlma criaram uma startup para resolver um desafio que até hoje faz parte dos projetos de carne cultivada, produzida em laboratório, que é ir além das salsichas e da carne moída. Elas estão apostando que isso brevemente será passado, com bifes e filés nas gondolas dos pontos de varejo.
O mercado de carne cultivada hoje é uma promessa e os investimentos continuam. Poucos mercados vão de quase zero a mais de US$ 370 bilhões (cerca de R$ 3 trilhões na cotação atual) em apenas uma década. No entanto, esse é o crescimento previsto para a indústria de carne cultivada, o que está gerando um enorme interesse de empresas alimentícias globais. Um dos negócios que espera surfar nessa onda é a Sallea, startup suíça que anunciou a conclusão de uma rodada de investimento de US$ 2,6 milhões (R$ 14,8 milhões) na última quarta-feira (16).
Por enquanto, a carne cultivada em laboratório está em sua infância, com a aprovação regulatória para sua venda em apenas alguns países, como os EUA, Singapura, Israel e o Reino Unido. Enquanto isso, reguladores de alimentos e medicamentos ao redor do mundo estão examinando várias solicitações de empresas de carne cultivada que esperam entrar no mercado consumidor – algumas mirando o mercado de alimentos para pets, mas muitas mais focadas em alimentos para humanos.
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Os defensores da carne cultivada destacam as vantagens ambientais do produto em relação à criação de gado, visto que requer menos terra, menos água e emite índices menores de gases poluentes. Especialistas lembram que a carne cultivada contém células originalmente colhidas de animais vivos, mas, é diferente da criação de gado para abate. Por isso, há formadores de opinião já dizendo que os produtos de carne cultivada são adequados para vegetarianos e veganos.
No momento, a corrida é para produzir carne cultivada em escala, com produtos que pareçam, cheirem e tenham gosto de carne de verdade, até mesmo em sua textura. Na largada está a Sallea, startup que foi lançada em novembro de 2023. Seus fundadores trabalhavam com tecnologia de ciência de materiais, que começaram a pesquisar sobre o tema na universidade suíça ETH Zurique.
“Os alimentos cultivados têm sido limitados a salsichas e carne moída, mas nossa tecnologia tem o potencial de impulsionar a agricultura celular, acelerando o tempo de colocação no mercado e reduzindo os custos de produção para cortes inteiros cultivados, como bifes e filés”, explica Simona Fehlmann, CEO da Sallea.
A empresa, que Simona lançou com as colegas Nicole e Anna, não pretende vender o produto acabado. Em vez disso, ela desenvolveu “andaimes” construídos a partir de materiais à base de plantas que fornecem uma grade tridimensional porosa que serve de base para bifes, filés e outros cortes texturizados. Os produtores usarão essa estrutura para suas carnes cultivadas.
“Vemos nossa tecnologia como ideal para as carnes cultivadas de segunda geração que os produtores esperam levar ao mercado”, explica Fehlmann. Os andaimes da Sallea permitem a personalização do tamanho e da forma de suas carnes cultivadas, bem como o perfil nutricional.
Esses produtos servirão para que os produtores de carne cultivada concorram com bens como alternativas à base de plantas – e realmente impulsionem o crescimento do setor. Um estudo da Grandview Research estima que a indústria crescerá a uma taxa de quase 52% ao ano entre 2023 e 2030, levando seu valor total aos mais de US$ 370 bilhões.
A Sallea já começou a trabalhar com vários produtores de alimentos para desenvolver projetos de teste e prova de conceito. Fehlmann espera que leve mais quatro ou cinco anos antes que as carnes cultivadas utilizando a tecnologia da empresa estejam disponíveis nas prateleiras dos supermercados – grande parte desse tempo será dedicada a aprovações regulatórias para os produtos finais. Mas a Sallea poderá monetizar sua tecnologia mais rapidamente, por meio da venda para os produtores, enquanto eles desenvolvem suas linhas.
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O anúncio sobre a arrecadação de fundos destaca o interesse dos investidores no setor de carnes cultivadas e proporciona à empresa um espaço adicional à medida que ela expande e desenvolve ainda mais seu produto. A rodada é liderada pela Founderful, fundo pré-semente da Suíça, com a participação do fundo de capital de risco Kost Capital, que investe em startups de pré-semente e semente em toda a Europa, e leva o total arrecadado pela empresa a cerca de US$ 4,4 milhões (R$ 25 milhões).
Antonia Albert, diretora da Founderful, diz: “A Sallea desbloqueia o potencial da carne cultivada, abrindo caminho para um futuro sustentável.” Enquanto isso, na Kost, a sócia geral Bodil Sidén elogia a “tecnologia inovadora da Sallea, que visa estabelecer um novo padrão na produção sustentável de carne”.
Os produtores de alimentos também estão animados com o potencial da empresa. “Enquanto o potencial da agricultura celular é claro, escalá-la de forma eficaz exige não apenas capital e expertise, mas também soluções inovadoras como as da Sallea”, diz Robin Matthew, CEO do Elsa-Group, um dos principais grupos na indústria de laticínios e proteínas alternativas da Suíça.
“Com a carne cultivada agora regulamentada e consumida globalmente, a indústria está pronta para seu próximo salto evolutivo”, afirma o doutor James Ryall, ex-diretor científico da empresa australiana de carne cultivada, Vow. “Os andaimes comestíveis da Sallea não apenas abrem a porta para produtos de carne cultivada premium com textura superior, mas também reduzem significativamente os custos de produção, oferecendo aos consumidores uma gama mais ampla de opções de proteínas sustentáveis e de alta qualidade”.
* David Prosser é colaborador da Forbes EUA. Cobre negócios, economia, finanças, propriedade, investimento e empreendedorismo. Já ocupou cargos em jornais como The Observer, Daily e Sunday Express e, mais recentemente, The Independent, onde foi editor de negócios.
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O post As donas da carne cultivada: elas querem que você coma bifes, em vez de salsichas apareceu primeiro em Forbes Brasil.