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O declínio rápido dos preços da energia solar tem impulsionado uma revolução nas energias renováveis, mas com um custo em termos de espaço terrestre. Baiju Bhatt, o bilionário cofundador da fintech Robinhood, quer mudar isso.
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Uma fazenda solar típica ocupa cerca de 16 hectares, ajudando a reduzir as emissões de carbono, mas consumindo áreas verdes. Uma solução potencial para esse problema é instalar painéis solares no espaço e transmitir a energia de volta à Terra. É uma visão de ficção científica que Bhatt quer tornar realidade com sua nova empresa, a Aetherflux.
O objetivo da companhia é construir uma constelação de satélites geradores de energia e estações receptoras de energia solar.
“Ter uma infraestrutura no espaço que seja verdadeiramente resiliente às condições da Terra é muito atrativa”, disse Bhatt à Forbes. “É uma direção semelhante à que já vimos ser extremamente importante com o Starlink,” ele acrescentou, referindo-se à constelação de satélites da SpaceX, que fornece internet em locais com pouca infraestrutura, em zonas de conflito como a Ucrânia, e durante desastres naturais.
Quem é Baiju Bhatt?
Em março de 2024, Bhatt deixou o cargo de Chief Creative Officer e diretor de marketing do aplicativo de negociação de ações Robinhood, função que assumiu após deixar a de co-CEO em 2020. Bhatt cofundou a Robinhood com Vlad Tenev, atual CEO, em 2013, depois de se conhecerem como estudantes de física em Stanford. Ele continua no conselho da empresa, mas decidiu se afastar porque, segundo ele, estava “muito envolvido nessa nova missão.” Seu pai trabalhou na NASA durante sua infância, e Bhatt comentou: “Eu achava que me tornaria matemático ou físico algum dia.”
Por enquanto, Bhatt pretende financiar a Aetherflux com sua própria fortuna, que a Forbes estima em mais de US$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 8,4 bilhões). Esse capital será suficiente para sustentar a empresa até sua primeira missão: o lançamento de um satélite para testar e demonstrar a tecnologia da companhia, planejado para o primeiro trimestre de 2025.
Após essa etapa, Bhatt reconhece que o projeto “vai precisar de muito capital externo,” e pode vir tanto do setor privado quanto de fontes governamentais. Ele revelou que a Aetherflux está em diálogo com o Departamento de Defesa dos EUA, que pode se interessar pela tecnologia para fornecer energia a bases militares remotas ou no campo de batalha. A empresa também pretende explorar outros nichos de mercado onde a infraestrutura energética é difícil de construir, como operações de mineração em áreas isoladas.
Briga pelo espaço
A Aetherflux não é a única empresa trabalhando com energia solar no espaço. Essa é uma ideia que a NASA e outras agências governamentais começaram a explorar na década de 1970, mas que nunca avançou. Agora, o setor está “vivendo uma espécie de renascimento,” disse o analista Chris Quilty por e-mail à Forbes. Ele aponta que essa mudança é impulsionada pela necessidade de energia limpa e pelos custos de lançamento reduzidos, viabilizados pela SpaceX.
Por exemplo, a Virtus Solis, sediada em Michigan, e a britânica Space Solar planejam lançar grandes conjuntos de painéis solares em órbita geoestacionária. Dessa forma, eles recebem luz solar constantemente e direcionam a energia gerada para a Terra por meio de micro-ondas até uma estação receptora.
A Reflect Orbital, com sede na Califórnia, está adotando uma abordagem diferente, trabalhando em espelhos orbitais gigantes que refletem a luz solar para painéis terrestres durante a noite.
Inovação
A maior parte desses projetos tem prazos longos, em parte devido à escala da infraestrutura necessária em órbita. Bhatt afirmou que a abordagem da Aetherflux é diferente e mais escalável. Em vez de usar micro-ondas para transmitir energia, sua empresa pretende utilizar lasers infravermelhos para o envio de eletricidade.
Uma grande vantagem dessa abordagem é permitir o uso de satélites menores e mais baratos. Isso facilita tanto a escalabilidade quanto a redução dos custos de lançamento. Além disso, a necessidade de espaço terrestre é menor: a tecnologia de micro-ondas exige uma estação receptora com o tamanho de um campo de futebol, enquanto os receptores de laser infravermelho podem ter menos de 10 metros de diâmetro.
Os satélites mais compactos e ágeis da Aetherflux foram projetados para dar uma volta completa ao redor da Terra a cada 90 minutos. Durante os 45 minutos em que estiverem fora da luz solar, eles continuarão fornecendo energia a partir de baterias carregadas por seus painéis solares. Bhatt destacou que a Aetherflux adota um conceito semelhante ao da Starlink: quando os satélites tradicionais para internet eram grandes e caros, a SpaceX lançou centenas de pequenos satélites de baixo custo em órbita baixa.
Outro diferencial, segundo Bhatt, é que sua empresa não está aguardando nenhum grande avanço tecnológico para concretizar o projeto. Em vez disso, está utilizando ferramentas e tecnologias existentes. Por exemplo, a Aetherflux não está desenvolvendo um satélite do zero; e sim adaptando um modelo disponível no mercado, fabricado pela Apex, ao qual adicionará componentes de geração e transmissão de energia.
“Sabemos como construir constelações de espaçonaves, como integrar diferentes componentes e como desenvolver receptores terrestres,” disse Bhatt. “Embora nosso modelo seja complexo, nenhum desses desafios envolve problemas científicos insolúveis.”
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Bhatt vê sua empresa como parte de uma transformação na maneira como a infraestrutura espacial pode dar suporte à vida na Terra. “Estamos entrando em uma era de exploração espacial que será totalmente diferente nos próximos cinco a dez anos,” ele afirmou. “E, quando esse tipo de mudança de paradigma ocorre, os benefícios de realizá-lo em órbita se tornam muito claros – mas ainda precisamos provar isso na prática.”
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