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O câncer de mama é um dos tipos mais comuns da doença no mundo, com cerca de 2 milhões de diagnósticos anualmente. No Brasil, este é o subtipo mais mortal para as mulheres, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) mostram que um dos principais desafios para o tratamento do câncer de mama é a detecção precoce. Deborah Cunningham, diretora clínica do Imperial College Healthcare Trust, em Londres, afirma que “a maioria das mulheres que detectam o câncer pela mamografia, antes de sentir o caroço, são curadas”.
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Neste cenário, a capacidade de análise rápida e em larga escala da inteligência artificial pode ser uma saída para locais com acesso limitado à saúde, por exemplo. Entre 2016 e 2018, o Google iniciou um projeto de implementação de aprendizagem profunda, ou deep learning — uma das áreas mais avançadas da IA —, para auxiliar médicos na detecção de metástases. A ferramenta foi treinada por meio de imagens, como radiografias e tomografias, e aprimorada por especialistas.
Em 2021, o Google Health conduziu pesquisas clínicas em parceria com a Northwestern Medicine, em Chicago, para explorar o uso da IA para o diagnóstico do câncer de mama. O modelo, testado em pacientes reais, obteve resultados surpreendentes: os falsos negativos foram reduzidos em 9,4% e os falsos positivos em 5,7%. Além disso, a IA foi capaz de analisar uma mamografia corretamente em menos de dois minutos.
Startup brasileira utiliza IA para detectar câncer de mama
A startup brasileira Huna AI, apoiada pelo Google for Startups, já utiliza inteligência artificial para analisar exames de sangue de rotina e identificar padrões relacionados ao câncer de mama. A tecnologia da empresa já rastreou 500 mil mulheres para a detecção da doença de forma precoce.
Agora, o objetivo da startup é expandir e mostrar como a IA pode ser utilizada em diversas frentes de diagnóstico para tornar o atendimento mais acessível e eficiente.
Adriana Noreña, vice-presidente do Google para a América Latina, destaca que “é crucial que haja cada vez mais mulheres envolvidas no desenvolvimento da IA”. A executiva afirma que “ao incorporar a perspectiva de mulheres desde o início, podemos garantir que a IA não seja apenas tecnicamente avançada, mas também nos permita criar soluções que estejam intimamente relacionadas ao nosso gênero.”
Prêmio Nobel de Física e Química
Na semana passada, Geoffrey Hinton, ex-pesquisador do Google, recebeu junto com John Hopfield o Prêmio Nobel de Física de 2024 por suas descobertas na área de machine learning com redes neurais artificiais (RNA), que são a base para o reconhecimento de padrões em imagens, linguagens e informações clínicas que hoje são utilizadas na área da saúde.
O comitê do Prêmio Nobel afirmou que a descoberta foi fundamental para o desenvolvimento da ferramenta AlfaFold, utilizada para prever as estruturas de qualquer proteína em três dimensões. Por isso, outros dois cientistas do Google DeepMind, Demis Hassabis e John Jumper, ganharam o Prêmio Nobel de Química de 2024.
O AlphaFold foi aberto gratuitamente pelo Google à comunidade científica e já foi utilizado por mais de dois milhões de pesquisadores em mais de 190 países.
Em comunicado divulgado após ser informado da notícia, Demis Hassabis disse:
“Receber o Prêmio Nobel é a honra de uma vida. Dediquei minha carreira ao avanço da IA por causa de seu potencial incomparável para melhorar a vida de bilhões de pessoas”, disse Demis Hassabis. Enquanto John Jumper compartilhou que a “IA tornará a ciência mais rápida e, em última análise, ajudará a entender doenças e desenvolver terapias”.
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