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Gabriel García Márquez não apenas escrevia histórias; ele criava mundos, e sua obra era impregnada de realismo mágico, de forma tão convincente que até o leitor mais cético começava a acreditar em magia. Nascido em Aracataca, Colômbia, os textos de Márquez mesclavam mito e história com tragédia, humor, amor e solidão para criar obras-primas literárias. Com um Prêmio Nobel e um aclamado corpo de trabalho, Márquez permanece como um dos maiores escritores da literatura.
Os 10 livros e contos desta lista não são apenas leituras essenciais para fãs de Márquez; são as chaves para desvendar a natureza de seu gênio literário. Grande parte do trabalho de Márquez ofereceu aos leitores um olhar sem precedentes sobre a história e a política da América Latina. Cada obra mostra uma faceta diferente de sua habilidade narrativa e dos mundos vibrantes que ele cria. As histórias nesta lista são classificadas por seu gênio literário, sucesso comercial e popularidade.
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10. A Revoada (1955)
“A Revoada” é a primeira novela de Márquez e o precursor de sua obra-prima “Cem Anos de Solidão”. Ambientada na fictícia cidade de Macondo, “A Revoada” segue a história de uma família que decide enterrar um médico desprezado em uma cidade que quer distância dele. A trama alterna entre as perspectivas de três gerações, revelando uma teia de memória, culpa e obrigação que permeia cada camada da narrativa. “A Revoada” é um desenvolvimento lento, mas as sementes das obras-primas posteriores de Márquez estão todas aqui.
9. Relato de um Náufrago (1970)
Em “Relato de um Náufrago”, Márquez transforma o que poderia ser uma simples história de sobrevivência em algo muito mais profundo. Trabalhando como jornalista no El Espectador em 1955, quando os eventos desta história ocorreram, Márquez combinou destreza jornalística e gênio literário para dar vida ao relato. A história narra a experiência extenuante de Luis Alejandro Velasco, um marinheiro colombiano que ficou à deriva por 10 dias nas águas implacáveis do Caribe após ser lançado ao mar durante uma tempestade violenta. A sobrevivência de Velasco, flutuando em uma jangada improvisada sem comida ou água por dias, já é cativante por si só, mas Márquez eleva a narrativa com seu realismo mágico característico, dando profundidade emocional à história sem perder o tom estilístico que o consagrou.
8. Do Amor e Outros Demônios (1995)
“Do Amor e Outros Demônios” é um tour de force no qual Márquez usa a história para tornar o inacreditável realista. A trama se passa na Colômbia do século XVIII e segue a vida de Sierva María de Todos Los Ángeles, de 12 anos, nascida em uma família rica, mas criada por escravizados africanos. Após ser mordida por um cão raivoso, Sierva é enviada a um convento, onde é suspeita de estar possuída por espíritos malignos. Ao chegar no convento, o padre Cayetano Delaura é enviado para investigar, mas acaba se apaixonando por ela. É um romance curto e intenso que aborda colonialismo, religião e desejo proibido, tudo envolvido na abordagem evocativa e luxuosa de Márquez para contar histórias.
7. Ninguém Escreve ao Coronel (1961)
Márquez considerava “Ninguém Escreve ao Coronel” seu melhor livro, mesmo que obras mais famosas, como “Cem Anos de Solidão”, muitas vezes o ofusquem. O livro é celebrado por sua reflexão sobre paciência, desespero e a esperança de seu protagonista. Esse coronel aposentado e financeiramente falido espera por uma pensão que nunca chega. Ele e sua esposa asmática vivem na pobreza em uma pequena vila, sobrevivendo quase que apenas de sonhos. Apesar de sua narrativa discreta e em pequena escala, a novela possui uma carga emocional poderosa, e cada página vibra com tensão enquanto o coronel se agarra à sua dignidade diante de um país que o esqueceu.
6. O General em Seu Labirinto (1989)
Márquez foca na história em “O General em Seu Labirinto”, concentrando-se nos últimos dias de Simón Bolívar, o líder político icônico que libertou grande parte da América do Sul do domínio espanhol. A história segue a última jornada de Bolívar em 1830, enquanto ele desce o rio Magdalena em direção ao mar. Ao longo do caminho, ele revisita locais de suas vitórias, lamentando o colapso de sua visão de uma América Latina unida. Mas este não é apenas um épico heroico; é o retrato de um homem no limite, física e emocionalmente esgotado, atormentado por suas falhas. Márquez retrata Bolívar como uma figura imperfeita, mais humana do que lendária.
5. Doze Contos Peregrinos (1993)
Nesta coleção de 12 contos, Márquez está em sua melhor forma. “Doze Contos Peregrinos” segue exilados e viajantes latino-americanos—alguns que espelham a própria experiência de Márquez—muitas vezes desorientados e deslocados em terras estrangeiras. As histórias são absurdas, tocantes e têm um humor sombrio, como a de uma prostituta brasileira em Barcelona que treina seu cachorro para lamentar sua morte no túmulo que escolheu para si. Todas as histórias da coleção têm um subtexto de deslocamento e saudade, contadas com a habitual combinação de fantasia e melancolia de Márquez.
4. O Outono do Patriarca (1975)
Márquez transforma a ditadura em um pesadelo febril em “O Outono do Patriarca”. O romance segue um déspota caribenho sem nome e sem idade, que se agarra ao poder por algo que parece séculos, mesmo enquanto seu império desmorona ao seu redor. Denso em linguagem e tema, a narrativa reflete o estado mental decadente do ditador por meio de longas e sinuosas frases que prendem o leitor na mentalidade opressiva do tirano, apesar de seu poder. A escrita de Márquez reflete o colapso tanto do homem quanto de seu reino, tornando o romance uma exploração definitiva da tirania, do poder e da decadência moral. É uma meditação assombrosa sobre o poder absoluto e a inevitável deterioração que o acompanha.
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3. Crônica de uma Morte Anunciada (1981)
Em “Crônica de uma Morte Anunciada”, toda a cidade sabe que Santiago Nasar será assassinado pelos gêmeos Vicário, mas ninguém faz nada para impedi-los. Esta é a genialidade inquietante do romance. Mesmo com os assassinos identificados desde o início, os moradores permanecem paralisados pelo destino, pela honra e por expectativas culturais. Márquez escreve a história com base em eventos reais e examina as formas bizarras com que uma comunidade pode justificar sua inação coletiva. Ele transforma a cidade em uma panela de pressão, onde todos sabem da tragédia iminente, mas escolhem ignorá-la, criando uma atmosfera tensa e pressentida, onde o destino parece difícil de escapar.
2. O Amor nos Tempos do Cólera (1985)
Esqueça tudo o que se pensa sobre romance. “O Amor nos Tempos do Cólera” não é uma história de amor tradicional; é uma meditação crua, complexa e desordenada sobre o amor em todas as suas formas. Longe da idealização do amor perfeito, este romance mergulha nos aspectos obsessivos, pacientes e, às vezes, dolorosos da conexão humana. No centro da história está Florentino Ariza, que espera mais de cinquenta anos para se reunir com Fermina Daza, a mulher que amou desde a juventude, mas que se casou com um médico rico. No entanto, este não é um reencontro de contos de fadas. Em vez disso, Márquez nos leva por um mergulho nas águas turbulentas da paixão, lealdade, envelhecimento e a resistência do desejo.
1. Cem Anos de Solidão (1967)
Não tem como fugir: “Cem Anos de Solidão” é o livro que colocou Márquez no mapa literário, e com razão. Na história, Márquez se inspira na história de sua cidade natal, na costa da Colômbia. O romance mostra a ascensão e queda da família Buendía ao longo de sete gerações na fictícia cidade de Macondo, onde fantasmas habitam as árvores, os mortos e os vivos se misturam, e o tempo é tão fluido quanto a memória. É uma história sobre poder, paixão, violência, traição e o ciclo repetitivo da história. Neste livro, Márquez cria um mundo tão intrincado e vivo que, ao fechar o livro, é quase possível imaginar Macondo em um mapa. É a obra que inspirou grande parte da literatura, não apenas latino-americana, mas global.
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