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A cinebiografia “O Aprendiz”, uma dramatização dos primeiros anos da carreira empresarial do ex-presidente Donald Trump, estreia no Brasil nesta quinta (17). Com Sebastian Stan no papel de Trump e Jeremy Strong como Roy Cohn, seu mentor na época, a produção foi recebida positivamente pela crítica – em sua primeira exibição em maio, em Cannes, teve aplausos em pé por oito minutos. Mas apesar do sucesso no festival, sua chegada aos cinemas não foi nada fácil, rodeada por problemas e controvérsias.
A começar com a exibição nos EUA: o filme teve grande dificuldade para ser distribuído, com estúdios de Hollywood e plataformas de streaming rejeitando o projeto. Segundo o “The New York Times”, companhias como Sony e Netflix temeram as reações negativas em ambos os lados do espectro político.
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Mas depois descobriu-se que esse não foi o único motivo: o receio também foi de litígio. A equipe do ex-presidente enviou uma notificação extrajudicial aos responsáveis pela produção, ameaçando processar qualquer distribuidora que adquirisse os direitos de “O Aprendiz” para exibição nos cinemas nos EUA – sob acusação de “interferência na eleição americana”.
Além disso, o porta-voz da campanha de Trump, Steven Cheung, ameaçou processar os cineastas antes da estreia no Festival de Cannes, em maio, alegando que o filme “sensacionaliza mentiras”. O diretor Ali Abbasi (“Holy Spider”) rebateu durante uma coletiva de imprensa: “Todo mundo fala sobre ele processar muitas pessoas – mas ninguém fala sobre sua taxa de sucesso, né?”. Abbasi também se ofereceu para exibir o filme para Trump e disse que acredita que o filme é menos sobre ele e mais sobre uma análise do poder nos Estados Unidos.
A situação foi resolvida depois que a Briarcliff Entertainment garantiu os direitos para um lançamento nos cinemas em outubro. O filme supostamente teria irritado o bilionário Dan Snyder, ex-proprietário do Washington Commanders, que doou dinheiro ao projeto acreditando que seria um retrato favorável de Trump, de acordo com a “Variety”. Snyder é um dos principais patrocinadores da campanha eleitoral de Trump.
Por que “O Aprendiz” é controverso?
O filme biográfico aborda a ascensão de Trump como magnata do mercado imobiliário e empresário, prometendo “mergulhar nos bastidores do império americano”. Ele foi anunciado pela primeira vez em 2018, mas só estreou no início deste ano, em Cannes.
Depois da exibição, o longa gerou manchetes na imprensa internacional por retratar cenas como Trump fazendo uma lipoaspiração e ele agredindo sexualmente sua ex-esposa Ivana.
A cena pode ser uma referência à alegação feita por Ivana Trump em um depoimento de divórcio de 1989, na qual disse que Donald Trump a estuprou, mas ela depois voltou atrás na alegação em uma declaração de 1993, afirmando que se sentiu “violada”, mas não queria que o uso da palavra “estupro” fosse “interpretado de forma literal ou criminal”. Trump teria negado a acusação de estupro em 1993.
Críticas de Trump ao filme
Logo após a estreia em maio, a equipe de Trump ameaçou com medidas legais e emitiu um comunicado dizendo que “esse lixo é pura ficção, sensacionalizando mentiras que há muito foram desmentidas”.
Agora, depois da produção estrear nos EUA no último final de semana, o ex-presidente chamou o filme de “um ataque político nojento” em um post em sua rede social Truth Social, no final da noite de domingo (13).
Ele classificou o filme como uma “produção falsa e sem classe escrita sobre mim” e questionou se os produtores tinham o direito de usar o nome “The Apprentice” (O Aprendiz), o mesmo título do reality show que ele apresentou de 2004 a 2015. Ele acusou os cineastas de lançarem o filme semanas antes da eleição para prejudicar sua campanha, chamando-o de “uma obra barata, difamatória”.
Trump elogiou sua falecida ex-esposa, Ivana Trump, como “uma pessoa gentil e maravilhosa” e disse que tinha uma ótima relação com ela até sua morte em 2022, possivelmente em resposta à forma como a relação entre os dois foi retratada no filme.
O diretor Ali Abbasi respondeu a Trump em um post no X na manhã de segunda-feira, oferecendo-se para ligar para ele: “Obrigado por ter respondido, @realDonaldTrump. Estou disponível para falar mais, se você quiser”.
Os números de “O Aprendiz”
No seu primeiro final de semana, “O Aprendiz” teve um desempenho difícil de estreia nos EUA. O filme arrecadou cerca de US$ 1,6 milhão entre sexta (11) e domingo (13), ficando em torno da 10ª posição nas bilheterias do país, embora tenha estreado em 1.740 salas de cinema, bem abaixo das mais de 3.500 onde grandes produções costumam ser exibidas.
Ainda sim, a média das críticas no Rotten Tomatoes é de 79%. O público foi até mais generoso com o filme, dando uma nota média de 84% no site de avaliações.
É de esperar como o filme se sairá na temporada de premiações. Segundo o The Hollywood Reporter, é esperado que o distribuidor faça uma campanha para que pelo menos Sebastian Stan e Jeremy Strong, que interpretam Trump e Cohn, respectivamente, sejam indicados.
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