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“Quando chegamos aqui, éramos mulheres em situação de extrema vulnerabilidade social. Agora, estamos caminhando em direção ao empreendedorismo digital.” Este é o depoimento de Marcilene, moradora de Itapiranga, município de dez mil habitantes no interior do Amazonas, recém-formada pelo projeto de letramento digital da SoulCode Academy em parceria com a Eneva.
A iniciativa faz parte do movimento Elas Empreendedoras, promovido pela Eneva em regiões próximas às usinas de gás natural da companhia. O objetivo é a criação de empregos e independência financeira para mulheres. “Trabalhamos para aumentar as oportunidades econômicas e o poder de tomada de decisão das mulheres, impulsionando suas aspirações e das gerações futuras”, explica Flavia Heller, diretora-executiva de Estratégia e ESG da Eneva.
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A SoulCode, startup escolhida para liderar os treinamentos, foi fundada por Carmela Borst, ganhadora do prêmio Rise and Raise Others (“Uma Sobe e Puxa Outra”), da ONU, por sua atuação em torno do empoderamento feminino. Com lágrimas nos olhos, a empreendedora social discursou durante a formatura das alunas de Itapiranga: “Estou emocionada porque, mesmo de longe, sinto o poder dessa rede. Quando uma mulher segura a mão da outra, tudo é possível.”
A comoção logo tomou conta da pequena sala, que também foi a sede dos treinamentos semanais. “As aulas, os desafios, tudo foi necessário para nos transformar em mulheres capacitadas. O letramento nos abriu inúmeras portas, agora podemos desenvolver nossas comunidades digitais. O futuro é promissor e estamos prontos para escrevê-lo com tinta digital”, finalizou a representante das alunas.
“Nós trabalhamos com sonhos, mas acordados para que eles se tornem realidade”, disse Elizabeth Teles, coordenadora de responsabilidade social da Eneva, no encerramento do evento.
O impacto da transformação digital
Dados do IBGE apontam que 48,9% das mulheres no município de Itapiranga encontram-se em situação de vulnerabilidade. Algumas das alunas do curso foram vítimas de violência doméstica e sofreram abandono conjugal. Carmela, inclusive, relembra a história de uma “mãe que perdeu seu filho há pouco tempo e precisou do apoio das colegas para continuar”. Para ela, a tecnologia pode ser uma luz de esperança neste túnel da desigualdade.
A meta da empreendedora é continuar formando pessoas “não óbvias” em tecnologia. “Levamos mulheres pretas, pessoas com deficiência, pessoas trans e todos os perfis não óbvios para dentro de gigantes como Microsoft, IBM e Google”, afirma.
Nos últimos três anos, a startup formou gratuitamente mais de 3 mil alunos, cerca de 600 PCDs e 1,6 mil mulheres, sendo 53% mulheres pretas, 550 jovens de ONG’s de periferias e favelas.
Lia Kristiny Pereira, professora e ex-aluna da SoulCode, deixa um recado para as recém-chegadas ao universo tecnológico: “Sejam curiosas e persistentes. Se o equipamento não explodiu, significa que ainda tem jeito.”
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