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A preocupação com as contas públicas brasileiras tem aumentado entre investidores estrangeiros, que veem o país com um risco fiscal crescente. Esse cenário já resultou em uma expressiva fuga de capitais, contribuindo para a desvalorização de 15% do real em relação ao dólar — o que faz com que a moeda americana fure o patamar psicológico dos R$ 5,60.
A incerteza quanto ao cumprimento das metas fiscais tem sido o principal fator por trás dessa pressão cambial, justamente quando a expectativa era de que o início dos cortes de juros nos Estados Unidos fosse aliviar o câmbio. Afinal, por que isso acontece?
A resposta está nas contas públicas. Entre janeiro e setembro de 2024, o Brasil registrou a saída de US$ 52,4 bilhões (R$ 296 bilhões), a segunda maior da história nesse período, de acordo com os dados do Banco Central. Esse fluxo negativo reflete a falta de clareza nas contas públicas e a dúvida do mercado sobre a capacidade do governo de controlar a dívida.
Com a dívida pública crescendo de forma acelerada e a economia mostrando sinais de fragilidade, os investidores demandam um prêmio de risco mais elevado, ou seja, taxas de juros mais altas para compensar a maior percepção de risco.
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Teoria versus prática
Como resposta a essa pressão, o governo prepara medidas para conter os gastos obrigatórios, que, segundo a Reuters, serão apresentadas após o segundo turno das eleições municipais. Fontes próximas ao governo afirmam que a contenção dessas despesas é fundamental para garantir a sustentabilidade do arcabouço fiscal, liberando espaço para gastos discricionários, como investimentos em infraestrutura. Com as despesas obrigatórias avançando rapidamente, elas têm reduzido a capacidade do governo de investir em outras áreas importantes.
Na avaliação do governo, um controle mais rigoroso dos gastos públicos será necessário para estabilizar a dívida pública bruta abaixo de 80% do PIB.
Consequências da valorização do dólar
Além do impacto sobre o fluxo de capitais, a desvalorização do real e a valorização do dólar geram efeitos diretos na economia brasileira. Produtos importados, como eletrônicos e alimentos, tornam-se mais caros, pressionando o custo de vida. O aumento do preço dos combustíveis, precificados em dólar, afeta diretamente os custos de transporte e logística, resultando em um aumento generalizado dos preços.
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Essa alta na inflação pode levar o Banco Central a aumentar ainda mais a taxa de juros, o que encarece empréstimos e financiamentos. “Com a elevação dos juros, o poder de compra dos brasileiros diminui, já que eles acabam gastando mais para adquirir os mesmos bens e serviços”, explica Hayson Silva, analista de câmbio da Nova Futura.
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