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Em 2023, a holding francesa especializada em artigos de luxo LVMH – Louis Vuitton Moët Hennessy – gerou um lucro líquido recorde de 15,2 bilhões de euros (R$ 92,8 bilhões na cotação atual), continuando assim o impressionante crescimento do setor de luxo após a pandemia. O luxemburguês Philippe Schaus, CEO da Moët Hennessy, divisão de vinhos e destilados da LVMH, desempenhou um papel fundamental nos recentes sucessos do conglomerado. O grupo é formado por Louis Vuitton, Dior, Loewe, Fendi, Givenchy, Celine, Bulgari, Sephora e Moët & Chandon.
A Moët Hennessy tem em seu portfólio os champagnes como Dom Pérignon, Krug, Ruinart, Veuve Clicquot e Moët & Chandon. Mais os espumantes Chandon e vinhos que são considerados ícones, como os da região de Bordeaux Château ‘Yquem e Château Cheval Blanc. Na Argentina, o grupo tem o Cheval des Andes, Terrazas de los Andes, e na Nova Zelândia, o Cloudy Bay. Fazem parte da lista, ainda, o cognac Hennessy, a vodka Belvedere e os whiskies escoceses Glenmorangie e Ardberg, além de uma nova empreitada, um rum cubano.
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Schaus é formado pelo Instituto Europeu de Administração de Empresas (INSEAD), na França, e começou sua carreira em 1987 na JP Morgan, empresa de serviços financeiros, antes de ingressar no The Boston Consulting Group em 1990. Em 1992, tornou-se diretor comercial internacional da divisão de louças de porcelana da Villeroy & Boch AG, antes de ser promovido a diretor executivo da divisão em 1999 e, depois, a membro do conselho.
Em 2003, ele se juntou à Louis Vuitton como presidente da Zona Europa e três anos depois foi nomeado vice-presidente sênior internacional. Entre 2009 e 2011, Schaus foi vice-presidente executivo da Louis Vuitton. Em 2017, foi nomeado CEO da Moët Hennessy.
Em entrevista à Forbes, Schaus fala sobre os desafios de sua carreira e as expectativas para a Moët Hennessy.
O sr. é diretor geral da Moët Hennessy, a divisão de vinhos e destilados da LVMH, desde 2017. Como gerencia a pressão de um cargo como esse?
Manter o corpo em forma é indispensável para exercer uma profissão como a minha. Isso significa que todos os fins de semana pratico esportes, seja ciclismo, natação ou outras atividades. Durante as férias, por exemplo, passo muito tempo fazendo trilhas.
Quando viajo para o exterior e ainda estou acordado às duas da manhã, vou à academia, pois isso ajuda a dormir melhor em caso de jet lag. Portanto, tento me exercitar um pouco a cada semana, além do meu trabalho.
Também leio muitos livros de história, porque acho que para entender o futuro é preciso entender o passado. A segunda parte é a minha música. A música me acompanhou durante toda a minha vida, começando pelo conservatório de Luxemburgo aos seis anos. Aprendi a tocar violão clássico e flauta. E ainda toco violão quase todos os dias, exceto quando estou viajando. Tocar um instrumento musical é muito bom, pois exercita o cérebro de uma maneira completamente diferente, relaxa e permite uma perspectiva distante em relação à vida profissional.
Como a educação luxemburguesa influenciou a sua abordagem na indústria do luxo?
Em relação à minha educação pessoal, meus pais gostavam muito de antiguidades. Até hoje, quando visito minha mãe em Luxemburgo, seu apartamento parece um museu de artes decorativas com peças que vão dos séculos 15 ao 18. Cresci em um ambiente repleto de peças artesanais e de luxo, mesmo que não fossem de marcas renomadas.
No entanto, Luxemburgo, onde nasci e cresci, tinha muito pouco comércio de luxo, mas sempre havia uma valorização do artesanato e um bom senso de gastronomia.
Quando você nasce em Luxemburgo, você é inserido em um turbilhão de diferentes culturas, com as quais se sente à vontade. Nesse sentido, o luxo não é apenas uma questão de artesanato; não é apenas um produto que se compra para ser alguém ou representar algo. É também um produto que transmite uma certa cultura.
O que quero dizer é que os produtos e serviços de luxo estabelecem uma ponte entre culturas. Se você pode vender champanhe no Japão ou rum cubano em Luxemburgo, você ajuda diferentes nações a se aproximarem. É uma forma de viajar e descobrir outras culturas, e isso pode contribuir para mudar a percepção que as pessoas têm de um país.
O sr. mencionou que sua carreira não foi meticulosamente planejada, mas alimentada pela curiosidade e vontade de aproveitar as oportunidades. Como sabia que estava pronto para essas oportunidades?
Gosto de dizer que não se deve planejar a carreira. O que deve ser planejado é o desenvolvimento pessoal, o aprendizado e a compreensão completa das coisas e a educação sobre elas. Se você fizer isso constantemente – e há muitas coisas para aprender, seja para se tornar um melhor líder ou para entender melhor as categorias em que trabalha – e se você for curioso o suficiente para observar o que acontece ao seu redor, sua carreira se desenvolverá naturalmente.
É uma questão de sede de aprendizado e extrema curiosidade. O que aprendi com meu pai é que nunca se deve perder tempo fazendo algo onde você não está progredindo de alguma forma.
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Em uma época na qual tudo é regido por dados, qual foi a importância da intuição nas suas decisões?
A intuição é muito importante, especialmente no mundo do luxo, onde não se responde a uma análise de mercado ao decidir lançar um novo produto, mas utiliza-se a intuição para decidir se pode ser o produto do futuro, um produto que os consumidores ainda nem imaginaram.
No entanto, a intuição não surge do nada; ela é resultado de muitas observações, de muitos pontos de dados. Por isso, sempre que vou a uma loja, bar ou restaurante, faço muitas perguntas sobre os produtos. Se você fizer isso todos os dias, ano após ano, com o tempo terá feito isso mil vezes e seu cérebro processará esses dados e os transformará no que chamamos de intuição.
No mundo do luxo, onde tudo é questão de detalhes, onde é preciso antecipar o futuro em vez de apenas responder às necessidades do passado, a intuição é fundamental.
Como o sr. registra todos esses detalhes?
Faço muitas anotações que às vezes releia uma vez e depois elas desaparecem da minha frente. Anotar é uma ótima maneira de lembrar as coisas; para mim, é uma forma de concentração.
O que mais te entusiasma nos objetivos que estabeleceu para a Moët Hennessy este ano?
Este ano é muito diferente dos três anteriores, que viram uma explosão na demanda por todos os produtos, porque todos queriam sair novamente [após a Covid-19] e vivenciar o melhor.
Este tem sido um ano mais difícil. Os consumidores enfrentam taxas de juros mais altas, inflação e um contexto geopolítico desafiador. Portanto, trata-se de encontrar ganhos de eficiência, continuar ajudando nossos distribuidores na medida do possível, manter o mesmo trabalho, apesar da diminuição de recursos, e continuar investindo em desenvolvimento sustentável e gestão da água.
É um desafio fazer tudo isso com menos recursos, mas isso me motiva. Essa situação nos obriga a repensar nossa maneira de agir e faz parte dos ciclos econômicos, que trazem seus desafios, mas também suas alegrias.
Bernard Arnault, o CEO da LVMH, é um dos empresários mais bem-sucedidos das últimas décadas. Qual é a lição mais importante que o sr. aprendeu trabalhando ao lado dele?
Acho que o que o caracteriza é o espírito empreendedor, a audácia, a atenção aos detalhes e a obsessão pela desejabilidade das marcas que ele gerencia.
Aprendi ao longo da minha carreira que devemos nos medir pela desejabilidade de nossas marcas, e não pelas vendas e lucros, que são apenas consequências do que realizamos. Em relação à audácia, diria que sempre há coisas novas que aprendo com Bernard Arnault e que ainda posso melhorar.
Escolhas do editor
Em uma entrevista que o sr. concedeu à CEO Magazine, definiu a missão da Moët Hennessy como “criar experiências”. Quais experiências espera suscitar nos clientes que compram seus produtos?
Posso dar um exemplo de criação de experiências. Lançamos uma maravilhosa marca de rum cubano, em colaboração com uma entidade de Cuba, localizada em Havana. Esse rum é incomparável e vem em uma linda garrafa chamada Eminente.
Durante o lançamento do rum, tentamos trazer para o cliente a ideia da experiência cubana. Não podíamos, claro, levar todos a Cuba, então criamos um conceito em Paris, onde alugamos um espaço durante alguns meses que chamamos de La Casa Eminente, com uma decoração cubana, um chef cubano, uma banda cubana, etc.
Além disso, contamos a história da produção e dos produtores, para que os clientes vivam uma experiência que vai muito além de simplesmente ter rum no seu copo, pois também degustamos com nosso intelecto, e não apenas com a boca. É isso que quero dizer quando falo sobre ter experiências, seja criando experiências físicas reais, seja criando uma experiência que faça as pessoas sonharem.
Escolhas do editor
O post “Contamos a História da Produção para que os Clientes Vivam Uma Experiência”, Diz CEO da Moët Hennessy apareceu primeiro em Forbes Brasil.