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Eff Ferro, CEO da Baker Tilly, a 10ª maior firma de contabilidade dos EUA, chegou a uma conclusão desconfortável: para permanecer competitiva, sua empresa precisaria investir mais em tecnologia, aquisições e novas contratações do que seus 570 sócios, muitos perto da aposentadoria, poderiam ou estariam dispostos a contribuir.
Era preciso um investidor externo. “Na última década, fizemos um bom trabalho fortalecendo nosso balanço, colocando mais capital na organização. Mas o cenário ficou mais complicado, mais competitivo e ficou mais caro administrar a empresa e alcançar nossa estratégia”, aponta.
Assim, no final de 2022, a Baker Tilly contratou o banco de investimento William Blair & Co, que organizou reuniões com 25 potenciais investidores de private equity – encontros que Ferro compara a “primeiros encontros”. Finalmente, em fevereiro passado, após mais de um ano avaliando potenciais parceiros e negociando com os dois que haviam escolhido, a Baker Tilly anunciou um acordo. A transação foi concluída em 1º de junho, com Hellman & Friedman e Valeas Capital Partners supostamente pagando um total de US$ 1 bilhão (R$ 5,44 bilhões) por pouco mais de 50% da firma de contabilidade.
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O anúncio de fevereiro fez da Baker Tilly, com sua equipe de 6,7 mil pessoas e receita de US$ 1,7 bilhão (R$ 9,24 bilhões), a maior firma de contabilidade dos EUA. Mas o título durou pouco. Em 15 de março, a Grant Thornton, a 7ª maior firma de contabilidade, anunciou que também venderia uma fatia para o private equity – neste caso, para o bilionário Steven Klinsky, da New Mountain Capital, com CDPQ e OA Private Capital fazendo investimentos menores.
A profissão contábil, uma das mais confiáveis, está atraída pelos fundos de private equity, pois estes oferecem benefícios de liquidez evidentes e promessas de crescimento a longo prazo. O setor de contabilidade fragmentado, com seus fundadores envelhecendo e abundante fluxo de caixa, representa um alvo atraente. No entanto, alguns temem que a vasta propriedade de PE possa gerar conflitos de interesse, minando a independência que os CPAs devem manter ao auditar empresas públicas.
A arte do negócio
O jogo de sedução entre firmas de contabilidade e private equity (PE) começou em agosto de 2021, quando a TowerBrook Capital Partners anunciou que estava investindo nos negócios não relacionados a auditoria da EisnerAmper, classificada em 17º lugar. Na época, a maioria na indústria contábil viu isso como uma peculiaridade. Mas à medida que a EisnerAmper crescia, outras firmas começaram a prestar atenção. No ano seguinte, a New Mountain Capital adquiriu uma participação na Citrin Cooperman e a Parthenon Capital comprou parte da Cherry Bekaert.
Este ano, a ação de private equity atingiu um novo ritmo quase frenético. Allan D. Koltin, CPA e CEO da Koltin Consulting Group, Inc., que assessorou em bilhões de dólares em negócios de private equity e fusões em serviços financeiros, afirma que outras cinco das 25 maiores firmas de contabilidade podem anunciar acordos antes do final do ano.
Ferro, da Baker Tilly, acredita que o private equity mudará a indústria para melhor. No entanto, nem todos compartilham do mesmo otimismo sobre o impacto de longo prazo na profissão contábil. Mas é inegável que os dólares extras são úteis para resolver um dos desafios mais imediatos da indústria: atrair talentos.
O número de Contadores Públicos Certificados (CPAs) disponíveis está diminuindo, à medida que a geração Baby Boomer (e em breve a geração X também) se aposenta. Segundo o relatório 2023 Trends da American Institute of Certified Public Accountants, 65.305 diplomas de bacharelado e mestrado foram concedidos em contabilidade no ano letivo de 2021-2022, uma queda de 18% em comparação com seis anos antes. No mesmo período, o número de candidatos que passaram nos quatro exames necessários para obter a licença de CPA caiu ainda mais drasticamente — apenas 18.847 completaram com sucesso o teste em 2022, uma queda de 32% desde 2016.
Além disso, Koltin observa que aqueles que obtêm diplomas em contabilidade agora têm alternativas mais atraentes e lucrativas — em bancos de investimento, serviços financeiros, análise de dados e cibersegurança — em vez do trabalho “mundano e sem cérebro” da contabilidade pública, com sua estrutura tradicional de remuneração e parceria atrasada.
A tecnologia, particularmente a inteligência artificial, pode fornecer algum alívio, lidando com tarefas repetitivas que novos contadores anteriormente fariam, como entrada de dados e revisões financeiras rotineiras. Isso libera a equipe para trabalhos mais interessantes, incluindo serviços de consultoria empresarial de rápido crescimento. Mas adotar novas tecnologias custa dinheiro.
Outras firmas de contabilidade estão adotando abordagens diferentes para a aplicação do dinheiro. A sexta maior firma do país, BDO, adotou um plano de participação acionária dos funcionários. Em julho, a CBIZ, a única firma de contabilidade com capital aberto nos EUA, anunciou planos de adquirir os serviços de consultoria e impostos da Marcum por US$ 2,3 bilhões (R$ 12,51 milhões).
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Até agora, o private equity não conseguiu entrar nas “Big 4”, das maiores empresas do país. Em 2022, a Ernst & Young rejeitou uma proposta da TPG que envolveria a separação da empresa, com o investimento de PE indo apenas para o lado não relacionado à auditoria.
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