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David Oien é um dos fundadores da Mad Markets, organização sem fins lucrativos que quer se tornar referência de ingredientes orgânicos regenerativosOs Estados Unidos possuem cerca de 1,9 milhão de propriedades rurais, que ocupam cerca de 847,4 milhões de hectares. Mas menos de 2% das terras agrícolas do país estão em sistemas orgânicos de produção. No entanto, as vendas de alimentos orgânicos estão crescendo constantemente. E mais: agora, o discurso não é apenas sobre orgânicos, mas sobre orgânicos regenerativos. Mas será que essas lavouras podem ajudar a renovar os solos, sequestrar carbono e também apoiar a biodiversidade?
Com cada vez mais recursos sendo destinados a essa pesquisa, uma organização se colocou no centro da agricultura orgânica regenerativa nos EUA: a Mad Agriculture, uma organização sem fins lucrativos que busca melhorar o ecossistema para os agricultores do país que desejam fazer a transição para a agricultura orgânica regenerativa.
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A Mad Markets, com sede em Minneapolis, uma divisão da Mad Agriculture — uma entidade com fins lucrativos registrada como uma organização de benefício público —, tem um objetivo ainda mais específico. Eles querem se tornar a “fonte de referência de ingredientes orgânicos regenerativos” para uma variedade de clientes, entre eles marcas de CPG (bens de consumo embalados), compradores no atacado e distribuidores. O objetivo é construir o “meio faltante” das cadeias de suprimento regenerativas, como as unidades de processamento e a infraestrutura que ligam os produtores e os compradores, explica Alex Heilman, CEO da Mad Markets.
“A Mad Markets, no final das contas, é uma plataforma de ingredientes e, na verdade, o que temos feito é utilizar capital privado para adquirir instalações de processamento orgânico certificadas a fim de permitir mudanças nos sistemas alimentares”, afirma Heilman. “E sei que isso parece bem pesado, mas para realmente impulsionar essa mudança e fazê-la por meio de mecanismos contratuais, é preciso possuir ambos os lados dessas relações.”
No final do mês de agosto, o executivo anunciou a aquisição da Timeless Seeds, uma empresa sediada em Montana, criada por quatro agricultores para processar e distribuir lentilhas, grãos e outras lavouras orgânicas no mercado. A Mad Markets espera que a Timeless sirva como um modelo para o que está por vir.
“A aquisição da Timeless é uma grande oportunidade para fortalecermos nosso trabalho conectando fazendas, marcas, processadores, distribuidores, varejistas e parceiros de fornecimento institucional. Nosso objetivo é quadruplicar as vendas da Timeless nos próximos anos”, diz Heilman.
David Oien, cofundador e ex-CEO da Timeless Seeds, fundou a empresa junto com outros três agricultores em 1987 para apoiar os agricultores locais, estabelecendo uma unidade de processamento para essas lavouras que melhoram o solo, segundo ele, desenvolvendo oportunidades de mercado.
Phil Taylor, fundador da Mad Agriculture, afirma que a Timeless é o exemplo ideal para começar a expansão. “Eles impulsionaram a ascensão do orgânico em lugares como Montana, no centro do país. São importantes faróis. Gosto de pensar neles assim, em comunidades rurais, não apenas economicamente para o bem-estar desses lugares, mas também como um sinal para os agricultores sobre para onde eles podem direcionar seus sistemas agrícolas”, diz Taylor.
“Quando começamos a construir essa tese sobre a possibilidade de comprar uma dessas instalações como ponto de partida para criar essa empresa maior, a Timeless estava no topo da lista. O que David e os fundadores construíram tem todas as características de uma empresa que adoraríamos conduzir para a próxima geração. Eles têm uma incrível rede de produtores com muita lealdade.”
O financiamento para este negócio vem de uma variedade de apoiadores, todos focados em impacto e agricultura regenerativa. As empresas incluem a Terra Regenerative Capital, uma companhia de investimento de benefício público, e a Builders Vision, uma plataforma de impacto que está ancorando o investimento na Timeless Seeds.
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Juntamente com a Blueberry Capital e outros 24 investidores alinhados com a missão, a Mad Markets planeja lançar uma estratégia de aquisição de infraestrutura por todo o país, começando com essa compra. Kristen Moree, associada sênior de investimentos da Builders Vision, reitera que “o acesso a mercados e infraestrutura são frequentemente gargalos que limitam o crescimento das cadeias de suprimento da agricultura regenerativa”. Assim, eles estavam ansiosos para trabalhar com a Mad Markets e a Timeless no lançamento dessa iniciativa.
No front climático, a Timeless se especializa em lentilhas, leguminosas e feijões, que são conhecidos não apenas por ajudar a renovar os solos, mas por terem uma pegada menor de produção em geral. Portanto, ajudar esses agricultores a aumentar sua produção e ampliar seu alcance tem implicações não apenas financeiras para as comunidades rurais, mas também pode realmente apoiar objetivos ambientais mais amplos do movimento regenerativo, diz Taylor.
Além disso, Heilman afirma que os compradores estão mais interessados em aprender sobre as origens dessas lavouras. Ao contrário da indústria de laticínios e carne, onde a história dos agricultores é celebrada e conhecida, a rastreabilidade para grão-de-bico ou lentilhas não tem sido a norma.
Mas agora, isso está mudando, e com empresas como a Timeless, a Mad Markets pode ajudar a contar as histórias desses agricultores também: “Há um interesse mais profundo em tanto entender quem é o agricultor quanto de onde o alimento realmente vem, sendo capaz de rastreá-lo, por um mecanismo de rastreamento de sustentabilidade, mas também entendendo as práticas trabalhistas e contratos equitativos.
A indústria, de modo geral, não tem sido estruturada para isso. Mas agora há um impulso para isso.” Para os agricultores que ainda não são certificados como orgânicos regenerativos, ou até mesmo orgânicos, a Timeless os ajuda a entrar nesse caminho, explica Taylor. “É uma transição longa e difícil sair de um manejo convencional para ser certificado como orgânico. E enquanto essa é nossa orientação, não vamos excluir as pessoas, caso elas queiram migrar de um sistema para outro.”
Além disso, com compradores garantidos e demanda crescente, os agricultores saberão que há um cliente esperando por seus produtos, o que deve ajudar a aliviar algumas preocupações sobre a transição. E o movimento regenerativo precisa que mais agricultores participem.
*Esha Chhabra é colaboradora da Forbes EUA. Também escreve sobre desenvolvimento, meio ambiente e negócios para The New York Times, Time, The Economist, The Guardian, Forbes, The Washington Post, Fast Company e Wired, entre outras.
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