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A França realizou um movimento importante na história recente da inteligência artificial: criou uma pasta específica para lidar com a tecnologia. E para isso, convidou Clara Chappaz, de 35 anos, para liderá-la. A executiva assume como Secretária de Estado para IA e Digitalização.
Apesar de ter sido apelidada de “ministra da IA”, Clara não chega a ter esse status, no entanto, seu papel tem peso importante nas discussões éticas e estruturais da tecnologia. A França já publicou, no passado, uma carta de intenções que anunciava o investimento de 500 milhões de euros no desenvolvimento de IA.
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“Agradeço ao Presidente da República, Emmanuel Macron, e ao Primeiro-ministro, Michel Barnier, pela confiança. Após três anos dirigindo a La French Tech no Ministério da Economia, das Finanças e da Soberania Industrial e Digital, estou encantada em continuar meu compromisso a serviço da ação pública nestes temas importantes, que são o digital e a inteligência artificial”, escreveu Clara em seu LinkedIn. Ate então, ela liderava a La French Tech, outra iniciativa governamental focada em startups. Alem disso, no universo privado, havia passado por empresas de tecnologia e moda.
A nomeação ocorreu meses antes da Cúpula Internacional de IA, em fevereiro de 2025, e que terá a França como sede. Além disso, existe um esforço do presidente Macron em transformar Paris na “cidade da IA”. Diogo Cortiz, doutor em tecnologias da Inteligência pela PUC-SP e PhD Fellowship pela Universite Paris-Sorbonne, explica que esse movimento reforça a intenção da França em se fortalecer nessa área. “Dentro do bloco europeu, é o pais que mais investe em IA, que possui uma estratégia nacional e que, agora, vai organizar a próxima cúpula da IA, depois de Seul e Reino Unido, isso mostra que os franceses estão e estarão no centro das discussões sobre o tema.”
E o Brasil?
Ainda de acordo com Cortiz, outros países poderiam adotar e pensar em secretarias parecidas. “Naturalmente, não precisa ser em formato de ministério, como muitas pessoas acabaram associando essa nomeação, mas como secretaria é interessante e importante. É importante que as nações pensem em IA sob vários pilares. Aqui no Brasil, por exemplo, o ministério da Ciência e Tecnologia poderia ampliar as iniciativas que ja tem feito sobre o tema.”
Em julho deste ano, o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) anunciou o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA) 2024-2028, a pasta será um dos órgãos com mais iniciativas voltadas para o uso de Inteligência Artificial (IA) na melhoria dos serviços públicos. A previsão é de que sejam investidos, ao todo, R$ 1,76 bilhão.
De acordo com o plano, o objetivo é tornar o Brasil um modelo global de eficiência e inovação no uso de IA no setor público. Para isso, serão desenvolvidas soluções que melhorem significativamente a oferta e satisfação das pessoas com os serviços, com impacto no desenvolvimento e inclusão social.
“Esse tema da Inteligência Artificial requer que a gente desenvolva capacidades estatais para lidar com ele, tanto do ponto de vista de como usar a IA dentro do governo, como cuidar para que na sociedade brasileira o desenvolvimento da Inteligência Artificial esteja pautado pelos valores que nos guiam, que é de redução de desigualdades, de inclusão, de democratização e de atenção aos nossos desafios como humanidade, as mudanças climáticas, o próprio processo de transformação digital da sociedade”, destacou a ministra da Gestão em exercício, Cristina Mori.
Enquanto isso, na Arábia Saudita
Em setembro, a Arábia Saudita foi outro pais que deixou claro suas intenções em tornar-se potencia em IA. O pais criou um fundo de mais de US$40 bilhões e vem desenvolvendo iniciativas que ampliam sua influência no tema.
Algumas delas foram apresentadas durante o evento Global AI Summit (GAIN), em setembro, cúpula que acontece na capital Riad e reúne mais de 300 líderes globais da tecnologia. O GAIN é promovido pela Autoridade de Dados e IA da Arábia Saudita (SDAIA).
De acordo com o Dr. Abdulrahman Tariq, CEO da SDAIA, é imprescindível que os governos possam discutir com cada vez mais frequência o impacto dessa tecnologia. “Definir boas práticas, aplicações éticas, regulação e, sobretudo, a construção de um ecossistema saudável, será cada vez mais necessário, principalmente pelo alcance de uma tecnologia como a IA”, explica Tariq.
Durante o evento, a SDAIA lançou uma iniciativa para avançar na pesquisa e aplicações éticas de inteligência artificial em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
O programa promove o compartilhamento de conhecimento e melhores práticas para integrar padrões éticos no desenvolvimento da inteligência artificial. Também visa fornecer recursos para avaliar a maturidade ética dos sistemas de IA, facilitar a colaboração para avançar na pesquisa e aplicações éticas, e promover a IA responsável em escala global.
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