Tomate San Marzano: como valorizar o agro por meio da Denominação de Origem

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H_Jacintho

O tomate italiano San Marzano, com selo de origem, agrega renda ao produtor

Esta é uma coluna diferente. Escrevo para vocês diretamente das ensolaradas e férteis colinas do Sul da Itália, onde é cultivado o famoso tomate italiano San Marzano. Estou a convite da União Europeia em uma imersão, onde tive a oportunidade de explorar a riqueza cultural e agrícola da região, conhecendo “in loco” como é realizada a produção, processamento e o trabalho de valorização do tomate San Marzano através do selo Denominação de Origem Protegida (DOP).

O tomate, para a região, não é um apenas um hortifruti, agricultores e processadores falam com orgulho e paixão, destacando as qualidades únicas, que através de um trabalho consistente, elevou o San Marzano ao mais alto patamar gastronômico mundial.

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E porque isto é importante para o agronegócio brasileiro? Imagine transformar nossos produtos em sinônimo de qualidade global, agregando valor, assim como foi feito com o famoso tomate italiano? A imersão leva a comparações cruciais nos sistemas de produção. Nos supermercados, os tomates italianos San Marzano, com selo DOP chegam a valores 200% acima dos tomates italianos que não possuem o selo.

O San Marzano não é apenas um tomate, ele se tornou um símbolo de qualidade e tradição. Cultivado nas encostas do Vesúvio, em solo vulcânico rico em minerais, ele se destaca por sua doçura natural, intensidade de sabor, baixa acidez, polpa grossa e textura firme. Estas características são garantidas e protegidos pelo selo DOP, que garante que apenas tomates cultivados naquela região e de acordo com métodos tradicionais, possam ser comercializados sob o nome San Marzano.

Na Europa, essa prática é utilizada para vinhos como o Champagne, além de queijos, azeites e inúmeros outros produtos. Esse sistema preserva a herança cultural e gastronômica, além de agregar valor, pois os produtos com o selo, frequentemente alcançam preços mais altos no mercado global.

A Denominação de Origem conecta o produto ao seu terroir, a sua história e as pessoas, é uma garantia para o consumidor da autenticidade, qualidade, além de servir como uma ferramenta de proteção contra a falsificação, como tem acontecido atualmente no mercado de azeites. Aos produtores, garante melhor rentabilidade, fator relevante em um mercado global cada vez mais competitivo.

O Brasil, com sua vasta diversidade de produtos agropecuários, está em uma posição privilegiada para adotar e se beneficiar da metodologia de Denominação de Origem. Imagine potencializar iniciativas que já existem, a valorização de produtos regionais como o café do Cerrado Mineiro, o queijo Canastra, as cachaças de Paraty, ,as frutas do Vale do São Francisco, os vinhos do Vale dos vinhedos, agregando valor não só regionalmente, mas também nacional e internacionalmente.

Assim como o tomate San Marzano, nossos produtos, também podem ser reconhecidos pela excelência, valorizando o que já fazemos bem feito, protegendo nossa biodiversidade, preservando tradições e conquistando o mercado internacional com o que temos de melhor.

A imersão no sul da Itália traz uma conexão forte com a riqueza gastronômica e cultural, O tomate ali produzido, a intensidade de sabor, os molhos densos e saborosos dos pratos tradicionais fazem jus ao trabalho e ao patamar que o San Marzano atingiu internacionalmente. Em cada canto, há uma lembrança especial, seja das tradições agrícolas que me encantam, dos campos de tomate, que são o coração da culinária regional, aos pratos típicos italianos do sul, como a autêntica pizza napolitana e o ragù, que carregam sabores únicos.

O contato com os produtores e processadores, foi uma revelação de como a tradição, o terroir e a inovação podem se unir para criar valor e proteger o patrimônio cultural e agrícola. Esta visita, após tantas experiências, foi a primeira de muitas explorações com um olhar ainda mais atento à riqueza do Sul da Itália. O Brasil, com sua riqueza de recursos naturais e diversidade de produtos, tem uma oportunidade única de seguir esse exemplo, podemos não apenas fortalecer o agronegócio, mas também garantir que nossos produtos ocupem um lugar de destaque nas mesas do mundo.

*Helen Jacintho é engenheira de alimentos por formação e trabalha há mais de 15 anos na Fazenda Continental, na Fazenda Regalito e no setor de seleção genética na Brahmânia Continental. Fez Business for Entrepreneurs na Universidade do Colorado e é juíza de morfologia pela ABCZ. Também estudou marketing e carreira no agronegócio.

Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.

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