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A América do Sul está em chamas. Uma onda de incêndios que vai desde a floresta Amazônica, passando pelo pantanal e as florestas bolivianas varre o continente. Como consequência, quebrou o recorde do número de incêndios no ano até a última quarta-feira, dia 11 de setembro.
Dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registraram 346.112 focos de incêndio em 2024 até agora em todos os 13 países sul-americanos. O número ultrapassa a marca histórica anterior de 2007, de 345.322 casos. A série começa em 1998.
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Normalmente, setembro é o mês de pico de incêndios na América do Sul. Porém, ainda não é possível prever se os focos de incêndios chegaram ao fim.
Cerca de 9 milhões de quilômetros quadrados da América do Sul ficaram cobertos pela fumaça em alguns momentos, segundo o Inpe. A área representa mais da metade do continente.
De leste a oeste, de norte a sul
No centro da Amazônia brasileira, chamas gigantescas queimam a vegetação ao lado das estradas, escurecendo o horizonte e deixando árvores queimadas como palitos de fósforos. O desmatamento por meio de queimadas na Amazônia cria uma fumaça particularmente intensa por conta da vegetação sendo queimada.
A fumaça dos incêndios escureceu os céus de cidades como São Paulo, alimentando um corredor de fumaça que pode ser visto do espaço e que se estende em diagonal pelo continente da Colômbia até o Uruguai.
Os governos do Brasil e da Bolívia enviaram milhares de bombeiros para tentar controlar as chamas. Porém, de acordo com os pesquisadores, ainda que a maior parte dos incêndios tenha origem humana, as condições de seca e de alta temperatura geradas pela mudança climática ajudam os incêndios a se espalharem de maneira mais acelerada.
Vale lembrar que a América do Sul passou por diversas ondas de calor desde o ano passado. “Não tivemos inverno esse ano”, disse Karla Longo, pesquisadora do Inpe sobre qualidade do ar, ao comentar o clima em São Paulo nos últimos meses.
O maior número de focos de incêndio neste mês está no Brasil e na Bolívia. Em seguida, estão Peru, Argentina e Paraguai, segundo dados do Inpe. Incêndios de intensidade incomum também atingiram Venezuela e Guiana no início do ano, contribuindo para a marca recorde. Porém, em grande parte, já estão sob controle.
Inverno seco e quente
Ainda que seja inverno no Hemisfério Sul, as temperaturas em São Paulo se mantiveram acima de 32 graus Celsius desde sábado (7).
A seca que começou no ano passado é a pior já registrada no Brasil, de acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden).
“De uma maneira geral, a seca de 2023 e 2024 é a mais intensa, duradoura em algumas regiões e extensa da história recente”, diz Ana Paula Cunha, pesquisadora sobre secas no Cemaden. Ela cita dados desde pelo menos 1950.
São Paulo, a cidade mais populosa do hemisfério ocidental, teve no início da semana a pior qualidade do ar do mundo, segundo o site IQAir.com. La Paz também ficou coberta de fumaça.
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Ainda que a chuva esteja prevista para a próxima semana no centro sul do Brasil, região em que São Paulo está, as condições de seca devem continuar pelo mês de outubro na região da Amazônia, e no centro-oeste agrícola.
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