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Não deve ser em 2024 que o “jejum” da B3 em termos de ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) chegará ao fim. Apesar da grande expectativa de retomada, é outro mercado de capitais emergente que chamou a atenção neste ano: o da Índia.
O IPO da Bajaj Housing Finance atraiu cerca de US$ 40 bilhões (quase R$ 240 bilhões) em lances, mostrando o apetite insaciável dos investidores estrangeiros por ativos de maior risco. O montante representa mais de 1% do Produto Interno Bruto (PIB) indiano.
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Além disso, a demanda superou a oferta de papéis em mais de 60 vezes. Os lances chegaram a exceder a reserva de ações em até 200 vezes. Diante dessa euforia, a empresa indiana buscava captar 65,6 bilhões de rupias (US$ 781 milhões ou R$ 4,38 bilhões). Mesmo assim, foi o maior IPO da Índia em 2024.
Não é de hoje que especialistas internacionais consideram a Índia uma nova China. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a Índia deve ultrapassar o Japão em 2025 e tornar-se a quarta maior potência econômica mundial.
B3 sem IPO desde 2021
No pódio das três maiores economias globais, ficariam Alemanha, China e Estados Unidos, em ordem crescente. Com isso, a segunda maior economia da Ásia vem preenchendo o espaço da tese de crescimento acelerado entre os países emergentes, desbancando também o Brasil.
“Nos mercados emergentes, a Índia está se tornando um centro alternativo para o comércio global”, diz Lucas Klein, head de ações EMEA e Ásia-Pacífico na Janus Henderson. Segundo ele, as políticas nacionais de incentivo à produção em vários setores, em especial de componentes eletrônicos, deixam o país ainda mais atraente aos olhos externos.
“Tais medidas, combinadas com o baixo custo da mão de obra, os investimentos em infraestrutura e o ambiente favorável aos negócios, levam a um aumento no investimento estrangeiro e também doméstico na Índia”, diz o especialista da gestora de ativos. Para Klein, esse movimento está só começando.
Com isso, uma onda de IPOs agita o mercado acionário na Índia. Até agora neste ano, as listagens movimentaram US$ 7,75 bilhões (R$ 43,4 bilhões). O montante excede os IPOs em cada um dos últimos dois anos.
E vem mais por aí: a unidade indiana da Hyundai pretende levantar até US$ 3,5 bilhões (R$ 19,6 bilhões) com o IPO deve deve ocorrer nos próximos meses.
Daí porque após o sucesso no IPO da unidade de empréstimos imobiliários do maior credor paralelo da Índia, a bolsa brasileira deve prolongar o período de “seca”, que já dura pouco mais de três anos.
Na última janela de IPOs por aqui, entre 2020 e 2021, mais de 50 empresas chegaram à B3. Em agosto de 2021, ocorreram as últimas cerimônias de lançamento de ações estreantes, com a chegada de Raízen, Vittia e Oncoclínicas.
Ainda assim, não é nada que se compara ao período conhecido como o “boom dos IPOs” no Brasil, entre 2005 e 2008. De lá para cá, não faltaram previsões sobre o “retorno dos IPOs na B3”, ainda não concretizado.
Preparando o terreno
Dados da Anbima nesta quinta-feira (12) mostram que as debêntures continuam como o ativo de maior representatividade no mercado de capitais brasileiro. Em agosto, o volume de ofertas de títulos de dívida privada somou R$ 27,1 bilhões, correspondendo a 57,2% do total. No ano, o valor chegou a R$ 283,9 bilhões, equivalente a 58,6% das emissões no ano.
Para Sophia Annicchino, gerente institucional da Bloxs, há um “salto expressivo” no volume de captação via debêntures. “É interessante pela diversificação de fontes de financiamento, com o custo efetivo total é inferior ao de empréstimos bancários tradicionais”, diz.
Porém, o “dever de casa” que as empresas devem fazer envolve processos menos complexos do que os requisitos de uma companhia aberta. A começar pela transformação societária que envolve uma mudança de mindset na cultura corporativa.
Além disso, existe todo um aperfeiçoamento da prática de governança. Combinados, esses fatores podem ser obstáculos para muitas candidatas ao IPO.
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Ainda assim, Sophia avalia que a empresa que passa a se financiar via mercado de capitais entra num nível de maturidade maior.
“O fato da empresa captar via debêntures parece uma boa forma para gerar também um track record com o no mercado de capitais e com diversos pools de investidores, para futuramente, quem sabe, as que ainda são de capital fechado abrirem suas ações nas bolsa”, conclui a gerente institucional da Bloxs.
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