Sororitê lança fundo de venture capital de R$ 25 milhões para investir em mulheres

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Jaana Goeggel e Erica Fridman querem transformar o cenário atual do venture capital, em que as mulheres acessam apenas 3% dos investimentos e são menos de 5% dos gestores de fundos

A Sororitê nasceu como uma rede de investidoras-anjo, conectando mulheres que querem investir em startups com empreendedoras que precisam de apoio para fundar e escalar seus negócios. Hoje, o grupo reúne 140 executivas e empresárias, que já investiram mais de R$ 6 milhões em 16 startups.

Agora, Erica Fridman e Jaana Goeggel, cofundadoras da rede, dão um passo além para lançar o Sororitê Fund 1, um fundo de venture capital de R$ 25 milhões que vai investir em startups com ao menos uma mulher entre os fundadores. “Investimos em diversidade de gênero não só por uma questão de justiça social, mas porque diversidade é inovação e constrói organizações resilientes e com bons resultados”, diz Jaana, que nasceu na Suíça, trabalhou em grandes empresas como McKinsey e American Express e vive no Brasil há mais de 10 anos.

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Quando começaram a Sororitê, em 2021, as sócias eram as únicas mulheres nos grupos de investidores de que participavam. “Me deparei com um mundo novo. Também via poucas mulheres do outro lado da mesa, buscando investimento”, lembra Erica, que construiu sua carreira em multinacionais como Johnson & Johnson e P&G.

Desde o início, o objetivo – tanto da rede, que continua ativa, quanto do fundo – é chacoalhar e transformar o cenário atual do venture capital. Apenas 3% dos investimentos em todo o mundo chegam às mãos de empreendedoras, apesar de diferentes estudos mostrarem que negócios fundados e liderados por mulheres têm melhores resultados. Em se tratando de mulheres negras, maioria no Brasil, não há dados, o que prova que os desafios são ainda maiores.

Marília Ponte e Marina Ratton, da Feel, investida pela Sororitê

Negócios liderados por mulheres têm receitas mais altas, segundo uma pesquisa com mais de 350 startups conduzida pela aceleradora Mass Challenge e o Boston Consulting Group

Investir em mulheres é um bom negócio

Quando os VCs investem em mulheres, eles ganham mais dinheiro. O investimento com foco em gênero, que já é realidade em outros países, como os EUA, começa a ganhar espaço no mercado brasileiro. Erica e Jaana enxergaram essa oportunidade e querem liderar os investimentos em startups fundadas por mulheres no país. “Queremos encontrar a próxima Cristina Junqueira [cofundadora do Nubank] e Daniela e Juliana Binatti [cofundadoras da Pismo, vendida para a Visa por US$ 1 bilhão].”

As sócias têm agora o desafio de comunicar essa tese para o mercado, mas os números ajudam. “Como temos uma tese única no mercado, a aceitação é muito boa, tanto entre homens quanto entre mulheres”, afirma Erica.

Para compor o fundo, buscam atrair investidores pessoa física, family offices e empresas e fundos que também enxerguem esse potencial. “Uma grande oportunidade do Brasil é que o mercado é gigante, um dos poucos suficientemente grande para sustentar o crescimento de uma startup até o estágio de unicórnio”, afirma Jaana.

O fundo vai investir em startups em estágio inicial, com foco em tecnologia e modelo de negócio escalável – como fintechs, healthtechs, agtechs e retailtechs. “Avaliamos a dor que essa empresa resolve e a capacidade da equipe fundadora, que é o principal nesse estágio.”

Os primeiros aportes devem acontecer ainda em 2024, e os recursos serão alocados nos próximos cinco anos.

Onde estão as mulheres no mercado de venture capital?

Nos últimos 12 meses, Erica e Jaana se dedicaram a entender como fundar e gerir um fundo. As sócias se debruçaram sobre o FIP (Fundo de Investimento em Participações) e participaram do programa de uma aceleradora do Vale do Silício para desenhar toda a estratégia de captação.

A desigualdade desse mercado não é só sobre quem recebe os cheques, mas também sobre quem os assina. Menos de 5% dos gestores de fundos no Brasil são mulheres, mostra um levantamento da Quantum Finance, empresa de tecnologia financeira. “Existem poucas mulheres tomadoras de decisão no venture capital, e quem tem o dinheiro direciona como o mundo gira”, diz Erica.

Mudar esse cenário exige intencionalidade. “O movimento começa lá em cima, no gestor, no alocador, no family office, no herdeiro ou na herdeira”, explica. Nos EUA, por exemplo, alguns cotistas exigem que o fundo em que vão investir tenha pelo menos uma sócia mulher.

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A tendência é que elas continuem assumindo mais posições de decisão, à frente dos grandes fundos, das startups e de suas próprias carteiras de investimentos. E que os resultados falem por si só. “Ainda existem desafios, mas estamos em um momento de cada vez menos dúvida sobre o potencial das mulheres no venture capital e à frente das empresas.”

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