Dados de emprego nos EUA embaralham apostas para o Fed

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Brendan McDermid/Reuters

Dados de emprego nos EUA em agosto embaralham apostas para o Fed

A criação de vagas de trabalho nos Estados Unidos ficou abaixo do esperado em agosto. No entanto, a taxa de desemprego caiu para 4,2% no período. Combinados, os números sugerem que a desaceleração no mercado de trabalho continuou. No entanto, não justifica um corte maior na taxa de juros pelo Federal Reserve neste mês.

Segundo o Departamento do Trabalho dos EUA, a economia norte-americana criou 142 mil postos de trabalho no mês passado. Em julho, houve a abertura de 89 mil vagas, após revisão. Economistas consultados pela Reuters previam a criação de 160 mil vagas no mês passado, depois de 114 mil em julho, conforme divulgação original.

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Ainda assim, o resultado menor do que o esperado não sinaliza uma piora nas condições do mercado de trabalho nos EUA. Na véspera, a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse que a situação do emprego no país permanece “saudável”, embora o ritmo de geração de vagas tenha diminuído nos últimos meses.

No mercado futuro, investidores veem o Fed iniciando o ciclo de cortes de juros neste mês com uma redução de 0,50 ponto percentual (pp). Essa possibilidade ganhou força e está agora em 55% de chance, após os dados do relatório oficial de emprego nos EUA. Antes do relatório, havia 43% de chance, com apostas maiores de redução de 0,25 pp.

Agosto, mês do cachorro louco

No entanto, o dado de agosto tende a ser inicialmente mais fraco em relação à estimativa e à tendência recente, sendo posteriormente revisado para cima. Trata-se de um fator que é previsto pelo modelo que o governo usa de modo a eliminar as flutuações sazonais dos dados.

Isso acontece porque as contratações  no setor educacional aumentam. O início do novo ano letivo, entretanto, varia em todo o país, o que pode desequilibrar os chamados fatores sazonais. As contagens iniciais do relatório de agosto foram revisadas para cima em 10 dos últimos 13 anos. Já as demissões permanecem em níveis historicamente baixos.

Tanto que a taxa de desemprego caiu em agosto pela primeira vez depois de quatro aumentos mensais consecutivos. Em julho, a taxa estava perto de um recorde de três anos, a 4,3%.

Já a média da renda por hora aumentou 0,4% no mês passado, depois de cair 0,1% em julho. Os salários aumentaram 3,8% em relação ao ano anterior, depois de avançarem 3,6% em julho. Ou seja, o crescimento sólido dos salários ainda continua a sustentar a economia por meio dos gastos dos consumidores.

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“Então, temos um desemprego menor e um salário maior. Não é o cenário de uma economia em ‘pouso forçado’ (hard landing)”, diz Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos. Para ele, o ideal é uma primeira redução em 0,25 pp nos juros e reduzir em 0,50 pp pode ser um risco muito grande. “O Fed não deve fazer isso agora”, diz.

Na mesma linha, André Valério, economista sênior do Inter, observa que a tendência do mercado de trabalho nos EUA pode até preocupar o Fed. “Mas não a ponto de demandar um forte estímulo via política monetária”, pondera. Sendo assim, o Fed deve iniciar um ciclo de cortes a doses de 0,25 pp, prevê.

A próxima reunião do Fed acontece nos dias 17 e 18 de setembro. Outros dois encontros devem ocorrer ainda neste ano, em novembro e em dezembro.

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