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A americana Jay Graber é a CEO da Bluesky, rede social criada por Jack Dorsey, cofundador do Twitter, e uma das principais alternativas ao X, suspenso no Brasil na última sexta-feira (30).
A plataforma com 7 milhões de usuários deu as boas vindas a mais de 1 milhão de novos perfis nos últimos dias. E o português superou o inglês entre as principais línguas usadas na rede social, com sede nos Estados Unidos. “Agora este é um aplicativo brasileiro”, brincou o perfil oficial da rede.
agora este é um aplicativo brasileiro
— Bluesky (@bsky.app) Aug 31, 2024 at 18:22
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O X (antigo Twitter) foi suspenso no Brasil por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). A rede social descumpriu a ordem judicial para nomear um representante legal no país. No entanto, a Bluesky também não possui representação no Brasil.
Como Jay Graber se tornou CEO da Bluesky
A mãe de Lantian “Jay” Graber cresceu na China durante a Revolução Cultural – uma época em que o Partido Comunista restringia fortemente os livros e programas que ela podia assistir. Sua mãe a chamou de Lantian, que significa céu azul em mandarim, “porque ela queria que eu tivesse liberdade ilimitada e as oportunidades que ela não teve”, diz Graber, de 33 anos.
Três décadas depois, tudo pareceu se conectar. No final de 2021, enquanto estava de férias no Havaí, seu telefone tocou. Era Parag Agrawal, prestes a se tornar CEO do Twitter, oferecendo um emprego para Graber liderar uma startup chamada Bluesky, criada pelo cofundador do Twitter, Jack Dorsey, para permitir que os usuários tivessem a liberdade de mover suas contas, mensagens e seguidores para redes sociais concorrentes.
A ideia era dar aos usuários o controle total de suas identidades online. Dorsey, ex-CEO do Twitter, havia prometido que sua rede social seria compatível com o Bluesky quando estivesse pronta.
Graber já estava trabalhando no projeto paralelo do Twitter por dois anos como parte de uma equipe de elite de desenvolvedores recrutados por Dorsey e Agrawal. Ela aceitou o papel principal com uma condição: a Bluesky seria legalmente independente do Twitter. “Você não pode construir um protocolo descentralizado se estiver dentro de um dos players existentes”, diz Graber.
Elon Musk à frente do Twitter
Sua insistência na independência da rede estava correta. Em outubro de 2022, Elon Musk, que na época tinha mais de 100 milhões de seguidores no Twitter, comprou o Twitter por US$ 44 bilhões. Embora a empresa de Dorsey já tivesse pago à Bluesky, com sede em Seattle, US$ 13 milhões como parte de um contrato de serviço de cinco anos, Musk prontamente encerrou o acordo, que incluía apoio financeiro futuro e a promessa de usar a nova tecnologia.
A mão pesada do novo dono teve outras repercussões. Ele demitiu mais de 6 mil pessoas, incluindo a equipe dedicada a abrir a rede para desenvolvedores externos. E renomeou o Twitter, agora chamado de X.
Começou, então, um êxodo em massa de usuários do Twitter insatisfeitos com as mudanças de Musk e dezenas de personalidades, incluindo o músico Elton John e o ator Chris Messina, anunciando suas saídas da rede.
Outros concorrentes
Além da Bluesky, outros concorrentes do X incluem o Mastodon, que iniciou suas operações em 2016 e viu seu número de membros subir de 300 mil para 6,5 milhões depois que Musk assumiu o Twitter. E um participante mais novo, Nostr, com o apoio de Dorsey e a capacidade de transferir bitcoin entre usuários, agora tem 12 milhões de adeptos.
Até agora, a Bluesky é a empresa mais bem financiada nesse novo setor, e Graber vê o novo status de “outsider” como um ativo.
O vencedor da competição cada vez mais acirrada para estabelecer um padrão para o movimento descentralizado de código aberto determinará o campo de jogo em que vai competir a próxima geração de empresas de mídia social.
“Os sistemas que podem garantir essas liberdades de longo prazo são os que provavelmente vencerão”, diz Graber. “Os usuários terão a capacidade de escolher, os criadores, de manter contato com seu público e os desenvolvedores, de construir.”
A trajetória de Graber
Graber nasceu em Tulsa, nos EUA, em 1991, filha de um pai professor de matemática e uma mãe acupunturista. Ela entrou na faculdade em 2009 e se formou em ciência, tecnologia e sociedade na Universidade da Pensilvânia.
Durante seu segundo ano de faculdade, ela descobriu o bitcoin, que permitia que indivíduos enviassem dinheiro uns aos outros sem o intermédio dos bancos.
Em 2022, cofundou o Penn Time Bank, ganhando uma doação de US$ 1 mil para ajudar os alunos a negociar trabalhos, trocando blocos de uma hora de trabalho em tarefas combinadas.
Depois de se formar, em 2015, seus interesses a levaram a um emprego como engenheira de software na empresa de supply chain SkuChain. Depois, foi trabalhar em uma pequena cidade no leste de Washington chamada Moses Lake, soldando equipamentos de mineração de bitcoin em uma fábrica de munição reaproveitada.
Em 2016, o executivo americano Zooko Wilcox a contratou como desenvolvedora júnior para ajudar a construir sua criptomoeda zcash, que seria lançada em breve. Sua porta de entrada para as redes sociais foi em março de 2019, quando ela fundou a Happening Inc. para conectar usuários que se conheceram em eventos e permitir que eles postassem e comentassem as reações de outras pessoas. “Decidi criar um site de eventos para tentar tirar as pessoas do Facebook e, eventualmente, voltaria e construiria uma rede descentralizada em torno dele” – o que nunca aconteceu.
Antes do fim de 2019, Dorsey anunciou que planejava criar uma equipe para desenvolver o que ele chamou de “um padrão aberto e descentralizado para as redes sociais”. A Bluesky poderia reduzir a desinformação em plataformas centralizadas, dando a várias mídias diferentes a capacidade de competir em todos os tipos de coisas – incluindo padrões e técnicas de moderação. Também poderia minimizar o papel da mídia social como um recomendador de conteúdo controverso, dando aos usuários controle sobre os algoritmos que decidem o que eles veem.
Por trás do desenvolvimento da Bluesky
Nos bastidores esse tempo todo, Graber esteve entre a dúzia de desenvolvedores que Dorsey e Agrawal convidaram para um grupo privado trabalhando no conceito Bluesky.
Na pandemia, a Bluesky ficou em um limbo e Graber começou a duvidar se a ideia tomaria forma em algum momento. Determinada a ver a evolução do Twitter, ela assumiu o cargo de líder de cripto da rede social. Semanas depois, recebeu a proposta do novo cargo na Bluesky, e aceitou.
A Bluesky foi incorporada como uma corporação de utilidade pública em 2021, funcionando como uma organização com fins lucrativos, mas sem a exigência legal de colocar os interesses financeiros dos acionistas acima de todas as outras preocupações.
Embora se espere que a empresa opere como qualquer outra rede social, sua atenção inicial foi dividida entre a criação de seu próprio serviço e de um protocolo que transfere os recursos de rede social comumente usados para um software compartilhado que os rivais podem acessar, permitindo que os usuários movam suas identidades de uma rede social para outra.
Chamado de Authenticated Transfer Protocol, o software funciona de forma muito semelhante aos padrões de email que permitem que usuários de diferentes provedores enviem mensagens uns aos outros. Em vez de apenas enviar emails, contas online inteiras podem ser enviadas.
“Isso permite que você interaja com mais sistemas como um consumidor muito mais autônomo com sua identidade, carteira e compras, que viajam com você enquanto vai de loja em loja no ecossistema digital.”
Futuro das redes sociais
Graber contratou seu primeiro engenheiro com suas próprias economias e chamou advogados para ajudá-la a estabelecer o controle fora do Twitter com a promessa de que seriam pagos quando ela tivesse o dinheiro. No mês de abril seguinte, Dorsey investiu US$ 13 milhões do Twitter para garantir que a Bluesky tivesse “liberdade e independência” e Graber se juntou a Dorsey e Miller no conselho da rede. Embora ela diga que todos os funcionários neste momento têm ações, ela se recusou a revelar valores.
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O que está em jogo é muito mais do que apenas poder se conectar com amigos com menos interferência das big techs, de acordo com Graber. “Existem forças nos puxando em direções extremas como sociedade”, diz ela. Segundo a líder da Bluesky, há movimentos dos dois lados, para aumentar a centralização e também rumo à descentralização. E ambos estão acontecendo ao mesmo tempo. “E acho que qualquer um desses, levado ao extremo, pode ser ineficaz ou prejudicial. Portanto, teremos que equilibrar a boa governança com a soberania individual”.
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O post Quem é a CEO da Bluesky, alternativa ao X (Twitter) apareceu primeiro em Forbes Brasil.