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Segundo dados do Portal da Transparência do Centro de Registro Civil, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) causou 545.189 mil óbitos no Brasil nos últimos cinco anos. “A medicina enfrenta muitos desafios em relação ao primeiro atendimento da pessoa com derrame, e o tratamento depende do tempo de resposta, quanto mais cedo, maiores são as chances do paciente”, explica Guilherme Camargo, doutorando em ciência aplicada com um projeto de pesquisa sobre inteligência artificial na medicina.
O interesse do jovem pesquisador, que é co-tutorado pelos professores João Paulo Papa, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), e Dinesh Kumar, da Royal Melbourne Institute of Technology University (RMIT), começou a partir de um tópico de pesquisa: a análise de reconhecimento facial por meio de ferramentas de inteligência artificial e a implicação disso na área médica. “Existem doenças que afetam os músculos faciais do rosto, como o AVC, o Parkinson e a Esclerose, e a IA pode detectar essas alterações”, conta. A escolha pela aplicação em casos de Acidente Vascular Cerebral deve-se à “junção entre a ineficácia do diagnóstico e a urgência da intervenção médica”.
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De acordo com Guilherme, a proposta inicial é que o aplicativo seja utilizado por paramédicos e socorristas para realização de triagem, pois “há uma complexidade em discernir se o paciente teve ou não um derrame, a identificação pode ser mais rápida com o reconhecimento dos movimentos musculares sutis do rosto”.
Veja uma demonstração do aplicativo:
“80% das deficiências causadas por um AVC poderiam ser prevenidas se o caso fosse apresentado na hora certa”, relata Dinesh Kumar, professor da universidade australiana.
Apesar do método inovador, o brasileiro diz que existem obstáculos para a escalabilidade do aplicativo. “O rosto é um dado sensível e precisamos seguir os protocolos de segurança de cada país corretamente. Só que a IA é alimentada por dados, ou seja, quanto mais amostras tivermos, mais poderemos avançar, e aí também entra a questão do consentimento do indivíduo.”
Para encerrar, Guilherme ressalta a importância do financiamento para o desenvolvimento da pesquisa científica brasileira, “eu fui bolsista pela CAPES, pela FAPESP e estou na Austrália pela RMIT, isso foi fundamental”, e deixa um recado para os jovens entusiastas: “A área acadêmica é difícil, a gente falha mais do que acerta, mas não tem problema, no outro dia tentamos novamente.”
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