“Nosso principal valor é gerar emoções”, diz CEO da iDTBWA sobre IA na publicidade

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Camila Costa, CEO da iDTBWA, se prepara para levar a agência para os EUA

Camila Costa, sócia e CEO da agência iDTBWA, construiu sua trajetória guiada pela inovação. “Meu tesão está em começar uma coisa que ainda não foi feita”, diz. Com redes sociais, inteligência artificial e novas tecnologias, ela está bem servida. “Nosso mercado está mudando completamente, e a característica mais importante para um líder hoje é a flexibilidade.”

No início da pandemia, a agência lançou a primeira live store no mercado brasileiro para a Claro, um projeto que inaugurou o laboratório de inovação da empresa, o iDx. “Capturamos todas as tendências e tecnologias novas para aplicar junto com os clientes.”

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Hoje, a inteligência artificial já é usada para automatizar diferentes processos na agência, desde o planejamento até insights para a criação. Camila não acredita no uso da IA para o produto final, apesar de a própria iDTBWA já ter feito posts e projetos com a tecnologia. “Nossa indústria não pode correr o risco de fomentar tanto a IA a ponto de que ela mesma não se justifique mais.”

A IA analisa padrões, mas não tem a capacidade de se conectar com a cultura local e entender o que faz sentido naquele momento e como é o consumidor. Isso faz com que os profissionais se desafiem a ser mais estratégicos. “Nosso principal valor é a criatividade e a capacidade de gerar emoções. Os criativos têm sempre uma sacada nova, uma coisa que nunca foi feita. E a gente sabe que as ferramentas de IA aprendem com coisas passadas.”

Levando marcas brasileiras para os EUA

Em busca do novo, a executiva não se acomoda na cadeira. Está sempre pensando no próximo passo. No caso da iDTBWA, é expandir a atuação da agência para os Estados Unidos, onde Camila está morando desde o ano passado para estudar esse mercado. “Entendi que existia uma oportunidade no mercado com muitas marcas brasileiras querendo exportar e levar seu negócio para os Estados Unidos”, diz ela, que se divide entre EUA e Brasil.

O primeiro ano foi principalmente de adaptação para toda a família – Camila foi para os EUA com o marido e os dois filhos. O segundo foi focado em estudar o mercado local e encontrar possíveis parceiros.

A ideia da nova operação é aproveitar as vantagens que a agência pode ter conectando marcas brasileiras em solo americano. “Se uma marca trabalha só no digital, tudo que não demanda conhecimento local eu consigo fazer no Brasil, e a gente tem um diferencial competitivo de preço”, diz. As empresas brasileiras não vão precisar contratar serviços em dólar nem lidar com agências americanas com atendimentos mais diretos e automatizados.

Nesse processo de expansão, a brasileira tem respaldo do Grupo Omnicom, sediado em Nova York, do qual a iDTBWA faz parte, e o apoio de um núcleo de inteligência de mercado da TBWA em Singapura.

Mas se as marcas brasileiras querem ir para lá, o caminho contrário também vem acontecendo. A iDTBWA tem ajudado marcas globais como Lipton e Mailchimp a entrar no mercado brasileiro.

Liderança feminina na publicidade

Camila lidera a iDTBWA há 10 anos. Quando assumiu, era uma das únicas nesse mercado, mas nos últimos anos, e especialmente agora, mulheres passaram a liderar algumas das maiores agências do país. “Para mim, 2024 foi o ano da liderança feminina nas agências.”

O mercado publicitário, historicamente masculino, resistiu à mudança por mais tempo do que outras indústrias, mas precisou se mexer. “Temos grandes líderes nas empresas hoje, e quando as mulheres estão em posição de decisão, elas fomentam e cobram que do outro lado da mesa também exista uma mulher.”

A proporção feminina nos cargos de CEO nas agências brasileiras ainda deixa a desejar: 15%, contra 57% no quadro geral, segundo levantamento da consultoria Gestão Kairós, de 2023. A partir da gerência, profissionais mulheres representam 49% dos líderes, mas dificilmente conseguem quebrar o teto de vidro e chegar à posição mais alta.

Camila fez isso com uma combinação de mérito e sorte – na sua própria visão. A publicitária de formação sempre gostou da parte mais analítica da profissão, o que também a destacou para subir na carreira. “Olhar o pragmatismo do negócio sempre foi uma característica minha. E hoje o marketing é cada vez mais cobrado por gerar resultado.”

Guiada pelo novo

Sem medo da mudança, no início da carreira Camila deixou um cargo de gerência para ser assistente em uma agência pioneira no digital. “Desde 2006, esse é o meu dia a dia”, diz a CEO da iDTBWA, que também se posicionou no business do digital.

Mais tarde, já como diretora, foi passar uma temporada estudando inglês nos Estados Unidos. Na volta, a agência foi vendida para um grande grupo internacional e ela foi a primeira a dizer que iria para Londres fazer a ponte entre os escritórios.

A mudança faz parte da sua vida e carreira desde cedo. Camila nasceu em São Paulo, mas se mudou para Salvador aos 10 anos com a família. Foi na capital baiana que começou sua carreira e incorporou referências que guiaram sua trajetória. “Tive contato com uma cultura e pessoas completamente diferentes, o que me abriu muitas oportunidades.”

A falta de oportunidade do mercado regional a levou a traçar um caminho comum no mercado publicitário. Recém-formada, com 22 anos, teve a oportunidade de voltar a São Paulo para criar uma filial da agência onde trabalhava. “Consegui fazer a agência crescer e contratar bastante gente.”

Nessa época, que marcou sua carreira, liderou uma ação para a Sempre Livre, da Johnson, com uma carreta que rodou cidades do Nordeste levando educação sobre higiene feminina para mulheres. “Muitas marcas estavam investindo em fazer o mercado do Nordeste crescer.”

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Pela frente

A executiva nunca imaginou ser CEO, até porque não via outras mulheres à frente de agências. “Tive uma primeira chefe mulher com seis ou sete anos de carreira”, lembra. Mas ela estava sempre pensando no seu próximo passo. E tudo isso a levou à cadeira que ocupa hoje. “Às vezes a oportunidade não está exatamente onde você está, e é preciso arriscar.”

Chegou na iDTBWA como co-CEO, liderando ao lado do cofundador da agência, Domenico Massareto, que em dois anos deixou o grupo. Quando assumiu, eram 70 funcionários. Hoje, são 180. E grandes clientes: Philips, Audi, Allianz, entre outros. “Não é só sobre os grandes cases premiados, é sobre ter orgulho de bater meta de venda do cliente toda semana.”

Além de estar à frente da agência no Brasil e desenhando a estratégia para a operação nos EUA, Camila tem um e-commerce de vinho que fundou com os amigos como hobby, é investidora-anjo, mentora e se prepara para atuar em conselhos. “Os pratinhos vão cair, mas você precisa conseguir ser fiel às suas prioridades.”

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