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Commodities são produtos padronizados, pouco industrializados, facilmente intercambiáveis e altamente demandados pela população. A carne bovina é classificada como uma commodity por atender a esses critérios.Por serem produtos básicos e por possuírem uma demanda que varia menos em relação a bens de consumo, como roupas e eletrodomésticos, por exemplo, tendem a se mover em ciclos produtivos que são altamente influenciados por choques de oferta.
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Esse é um dos princípios técnicos que regem as tendências de prazo longo para os preços pecuários que, por sua vez, interferem nos preços da carne ao consumidor, bate lá no varejo. A demanda, que é absolutamente complementar a formação de preços, se move de forma menos dinâmica do que a oferta, dado que a carne é produto frequente à mesa do consumidor.
Por esse motivo, a análise da oferta futura se torna muito eficiente para prever movimentos longos de preço, que acabam interferindo por períodos duradouros nos preços da carne ao varejo. A gente pode, portanto, afirmar que os preços pecuários se movimentam em ciclos que são divididos em fase de alta e fase de baixa da pecuária. O ciclo pecuário é um processo de retroalimentação produtiva, estimulada pelos preços.
Isso significa que preços em alta estimulam o investimento e a retenção de fêmeas para a produção de bezerros com o objetivo de vender mais daquilo que está subindo de preço, ou seja, o boi gordo. E a carne bate lá no varejo também como consequência.
No Brasil, o tempo médio entre a concepção e o abate de um animal terminado é de 42 meses da seguinte forma: 14 meses de intervalo médio entre partos e 33 meses de recria e terminação. Isso determina que a pecuária é uma atividade plurianual.
Os investimentos realizados hoje na atividade de cria vão mostrar efeitos em um par de anos pelo menos. Isso significa que os preços atuais estão caindo porque houve muitos investimentos e retenção de fêmeas realizados nos anos de 2020 e 2021, que foi quando registramos a última fase de alta de ciclo.
Os baixos preços atuais pioram a remuneração da atividade produtiva e geram uma onda de desinvestimento e liquidação de rebanho, incluindo aí as fêmeas, para que os custos possam ser cobertos às contas pagas.
Isso sugere que entre 2025 e 2026 haverá uma variação de preços acima dos custos de produção, juntamente com a retenção de fêmeas, o que deverá trazer de volta uma baixa oferta, altos preços para a proteína vermelha ao varejo e ao consumidor, como consequência.
*Lygia Pimentel é médica veterinária, economista e consultora para o mercado de commodities. Atualmente é CEO da AgriFatto. Desde 2007 atua no setor do agronegócio ocupando cargos como analista de mercado na Scot Consultoria, gerente de operação de commodities na XP Investimentos e chefe de análise de mercado de gado de corte na INTL FCStone.
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