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O cenário de juros altos no Brasil e nos Estados Unidos combinado com o risco fiscal esvaziou o interesse dos empresários em abrir capital na bolsa de valores. Em agosto completam-se três longos anos sem que nenhuma empresa tenha tocado a campainha na B3 em uma abertura de capital (Initial Public Offering, IPO).
Porém, se não se animam a listar suas ações em pregão, os empresários seguem ávidos por fazer crescer seus negócios. E um dos caminhos para isso é a chamada expansão inorgânica. Ou seja, a compra de outras empresas ou união com elas, nas operações conhecidas como fusões e aquisições (mergers and acquisitions, M&A).
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Uma pesquisa da casa especializada igc Partners realizada junto a 120 empresários brasileiros mostra que 92% deles desejam ou procuram costurar uma dessas operações. Cerca da metade desses (41%) espera realizar esse movimento em até dois anos. “Os principais objetivos para uma transação são a busca por parceiros estratégicos e captar recursos para acelerar o crescimento da empresa”, afirma Daniel Milanez, cofundador da igc Partners.
Essa venda pode ser parcial ou total (minoritária ou majoritária). Para 38% dos entrevistados, a venda total da empresa é buscada tendo questões de sucessão como principal motivador.
“O M&A garante a perenidade da empresa e preserva o patrimônio familiar nos casos em que os herdeiros não querem assumir o negócio da família”, diz Milanez.
Baixa nos IPOs, alta nas M&As
Há poucas alternativas para além das fusões e aquisições. As últimas ofertas iniciais de ações ocorreram em agosto de 2021, quando Raízen, Vittia e Oncoclínicas estrearam na B3. O mercado esperava uma retomada neste ano. O Bank of America estimava captações de até R$ 120 bilhões em 18 meses. Já o Itaú BBA previa a chegada de cinco empresas na bolsa brasileira.
No entanto, nenhuma dessas expectativas se confirmou.
Já o cenário para as M&As é diferente. A expectativa é de que 2024 seja melhor do que 2023, quando as transações globais somaram US$ 3,2 trilhões (R$ 17,6 trilhões), queda de 15% ante 2022, segundo a consultoria Bain & Company.
No Brasil, o interesse segue aquecido. O levantamento da empresa de pesquisas Ilumeo, encomendado pela igc Partners, ouviu empreendedores de setores como tecnologia, serviços financeiros, agronegócio e imobiliário.
Mais da metade dos empresários entrevistados (54%) não tem intenção de sair do negócio. Os outros 8% que não consideram M&As mostram uma maturidade sobre o tema. “São empresários que estão felizes com seus negócios. Em muitos casos, eles fizeram investimentos recentes nas companhias e preferem aguardar os resultados antes de considerar uma transação”, afirma o executivo da igc.
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Para a igc, esse perfil explica a maior procura dos empresários por casas especializadas em M&A (84%), em detrimento aos bancos (46%). “Essa preferência se explica porque, em geral, o empresário vai realizar apenas uma transação na vida; é um dos movimentos mais emblemáticos de sua carreira”, diz Milanez.
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